O que é racismo e como ser antirracista

Dia 03 de julho é o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial. Entenda o que é racismo e como ser um aliado na luta antirracista.

Thaynara Firmiano | 1 de Agosto de 2022 às 10:00

(Imagem: jacoblund/iStock) -

O movimento Black Lives Matter, em tradução livre Vidas Negras Importam, levantou uma onda de debates sobre o que é racismo e como combatê-lo. Nos debates, se tornou mais comum o uso do termo “antirracista”, já usado em literaturas negras e dentro de movimentos. Mas, afinal, o que é o racismo e como ser antirracista? Em uma viagem a Portugal, a atriz Giovanna Ewbank, ao defender seus filhos de um ataque racista deu um ótimo exemplo de como pessoas brancas podem atuar na luta antirracista. Continue lendo para entender melhor o que é racismo e como ser antirracista.

Leia também: Entenda o que é racismo estrutural.

O que é racismo?

Racismo é o preconceito e discriminação de um raça ou etnia em detrimento de outra. Ele se dá estruturado em uma sociedade que priva de direitos e explora outras etnias, como feito em diversos países colonizados e colonizadores com a escravidão dos povos negros. 

No Brasil, é considerado crime previsto na Lei nº 7.716/1989, para crime de racismo e no artigo 140, §3º do Código Penal, para crime de injúria Racial. 

A diferença entre racismo e injúria é que o primeiro, caracteriza-se pelo comportamento discriminatório  e preconceituoso destinado à pessoas de alguma raça, etnia, religião ou nacionalidade. Já a injúria racial se caracteriza pela ofensa a alguém por sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. Para saber mais veja a nossa matéria que se aprofunda nas diferenças legais entre racismo e injúria racial.

Apenas não ser racista não é suficiente. É necessário ser antirracista. (Imagem: Alessandro Biascioli/iStock)

Por que não ser racista não é o suficiente?

O racismo, além de ser crime, gera efeitos muito negativos para a população negra. Apesar de ser maioria no Brasil (54%), é essa parcela a que mais sofre com falta de acesso à educação, saúde, alimentação e condições mínimas de saneamento básico.

Você pode estar lendo essa matéria agora e pensando: “Mas eu não sou racista, então isso não é culpa minha”. Lamento informar, mas este pensamento está equivocado. Apenas não ser racista não é suficiente. É necessário ser antirracista. 

Em uma sociedade que já é racista, não ser já não é mais suficiente. É preciso lutar contra esse racismo. Ser aliado da causa e atuar no combatê-lo. É preciso ser antirracista. Quando não se faz parte da luta, não se alia, não se posiciona corretamente contra o racismo, há uma aceitação do problema. E aproveitando os privilégios que vem disso. 

(Imagem: Pâmela Paixão/ Instagram @PretaIlustre)

Como ser antirracista

Leia também: Saúde mental do povo negro e os efeitos do racismo

O primeiro passo para se tornar antirracista é simples: estude o racismo. Entenda o que é e como ele atua. Aprenda a identificar o racismo nas suas formas mais simples. Assista palestras, vídeos no YouTube, leia livros. Até mesmo converse com pessoas negras sobre o assunto.

Entender o que é racismo e como ser antirracista, consiste também em aceitar que nenhum negro é obrigado a te explicar o que é racismo. Então, procure apenas pessoas que estejam dispostas a falar sobre o assunto. 

Se uma pessoa negra disser que você foi racista não debata e diga que não foi racista. Pode até não ter sido sua intenção, mas se você foi alertado ouça e entenda o motivo da sua fala ou atitude ser considerada racista. 

No entanto, não é necessário esperar que alguém diga que você foi racista para fazer uma autocrítica. Reflita sobre suas atitudes e encontre o que há de ser melhorado para que se torne alguém antirracista. 

Reconheça as pautas das pessoas negras. Não invalide suas vivências. Entenda que, quando o assunto é racismo, se tem uma pessoa negra no ambiente é ela quem tem que falar. É ela quem tem lugar de fala. Nunca tome a frente de uma pessoa negra, não silencie.

Aprenda a respeitar a dor do outro. Para muitas pessoas negras, ver situações de racismo são muito dolorosas. Não envie vídeos, fotos, textos com racismo esperando que as pessoas negras se posicionem. Não cobre o posicionamento de pessoas negras. Seja você a pessoa quem vai se posicionar contra o racismo cometido pelo seu amigo branco. 

Pessoas brancas são privilegiadas. Aceite, entenda e use o privilégio branco para melhorar as coisas. Para combater o racismo. Só viver do privilégio e não fazer nada com relação a isso, não te torna antirracista. 

Use dos seus privilégios para mudar as pessoas ao seu redor. Converse sobre racismo com seus amigos brancos. Proponha a pauta em seu trabalho e procure pessoas negras – que estejam dispostas – para falar sobre o assunto, propor mudanças. 

Não seja o “branco salvador”. Aquela pessoa branca que dá um almoço, um lanche, um trocado para uma pessoa negra na rua e sai postando foto mostrando o quanto é bonzinho com os negros. 

O racismo estrutural é um problema muito sério na sociedade. Não existe “O que fulano cometeu foi racismo estrutural”. O racismo estrutural é o todo. São práticas culturais, institucionais, históricas na sociedade que fazem com que pessoas negras não ocupem certos lugares na sociedade.

Racismo estrutural é, por exemplo, haverem negros e negras nos clubes de futebol como atletas, massagistas, mas a comissão técnica e a direção serem totalmente brancas. 

Seja voluntário de algum coletivo que tenha como objetivo diminuir o efeito do racismo na sociedade. Apoie financeiramente alguma iniciativa antirracista. Seja defensor das propostas que visam levar a equidade racial. 

Defenda as cotas em todos os setores. Defenda uma melhor distribuição de renda, saúde e educação pública e de qualidade para todos. Identifique problemas e como você pode ajudar a solucionar.

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