O ganso que voltou para casa

Quem já viu a majestade de um bando de gansos-do-canadá voando rumo às nuvens sabe que essas aves nobres são uma força a ser respeitada. Cada

Redação | 1 de Novembro de 2020 às 01:02

Cortesia de Steven Lynn -

Quem já viu a majestade de um bando de gansos-do-canadá voando rumo às nuvens sabe que essas aves nobres são uma força a ser respeitada. Cada grupo é composto de casais que se unem para a vida inteira, com os filhotes e amigos. Juntos, formam uma grande família. Separados, são indivíduos com personalidade e esquisitices, exatamente como nós. Ninguém sabe disso melhor do que minha família, que criou um gansinho bobo que chamamos de Peeper depois que foi abandonado ainda bebê.

Em 2000, no fim de uma tarde de primavera, quando eu tinha uns 7 anos, meus pais, minha irmã, meu irmão e eu voltamos de um jogo de T-ball. Era nossa aventura de sempre no subúrbio de Pearl River, em Nova York, a uns 40 quilômetros da grande cidade. Mas dessa vez, ao voltarmos, não encontramos Peeper. Todo mundo ficou muito triste. Estava escuro, ficamos preocupados. Passamos dias procurando, chamando seu nome, mas ele não voltou. Torcemos para que tivesse encontrado um bando e partido em sua vida natural.

Peeper, de recém-chegado em casa a adulto (nas três

Mais uma vez, os dias se transformaram em semanas, as semanas em meses… depois em anos. Eu tinha saudade de meu amiguinho e o chamava toda vez que via uma for- mação em V de gansos-do-canadá voando. Vinte anos se passaram, e Peeper se tornou uma lembrança querida na família.

Um amigo leal

Os gansos vivem até uns 25 anos e são muito leais. Nunca esquecem o primeiro lar. Mesmo assim, ano passado foi um choque quando um ganso adulto já idoso voltou à casa da minha família. Os gansos adoram casas com grandes gramados verdes; o terreno plano facilita ver predadores. Assim, a princípio, supus que era apenas outro ganso. Mas algo naquele macho solitário me parecia estranhamente familiar.

Duas semanas depois de ele aparecer várias vezes, ficou claro que não era um ganso aleatório. Ele fazia coisas típicas do modo de agir de Peeper, como tentar entrar pela porta da frente e dormir na área fechada da piscina. Esse ganso também respondia ao nome Peeper; virava a cabeça e se aproximava de nós. Para meu espanto, meu velho e melhor amigo tinha voltado 20 anos depois.

Por que Peeper teria voltado? Talvez sua companheira tenha morrido, deixando-o só. Também é possível que esteja se aproximando do fim da vida e tenha se sentido saudoso do antigo lar. Esse é um comportamento típico dos gansos. Seja qual for a razão, Peeper continua a morar comigo. Foi bom eu ter ficado na casa da minha infância.

Ele não volta todas as noites, como fazia quando bebê. Algumas noites deve buscar o conforto de sua espécie no lago próximo. Em ambiente selvagem, os gansos dormem na água. Mas ele vem muito aqui, torna sua presença conhecida e me dá alegria.

Para mim, essa experiência tem sido tão importante quanto tudo na vida. Espero que meus filhos tenham a oportunidade de se ligar da mesma maneira à natureza e a um ser selvagem. As pessoas anseiam por conexão com o mundo natural. Por meio de Peeper, aprendi muito sobre mim e sobre o amor que vive em toda a natureza.

POR STEVEN LYNN, contado a COREY WHELAN