Testador de toboágua: isso lá é trabalho?

Por acaso “trabalho” significa sempre ficar das 8 às 17 horas num escritório? Seb Smith e seu emprego incomum de testador de toboágua mostra que não.

Redação | 25 de Abril de 2018 às 13:00

Yobro10/iStock -

Sob o inclemente sol do Egito e o olhar atento de juízes impiedosos, três rapazes e duas moças se juntaram numa batalha que poderá mudar o seu destino. Mais de 2 mil pessoas sonharam em estar aqui, num lugar chamado Hurghada, no litoral egípcio do Mar Vermelho, mas só esses cinco foram escolhidos.

Nos próximos dois dias eles passarão por vários desafios, que vão exigir o máximo deles. Terão de se manter calmos, alegres e com as ideias claras, sabendo que somente um sairá vitorioso.

Apenas um será escolhido para o cargo anunciado como “o melhor emprego do mundo”: testador de toboágua da empresa de turismo First Choice, que deve visitar os seus 20 parques SplashWorld na Europa e no norte da África, e relatar a situação.

O executivo Luke Gaskins encabeça o júri de cinco pessoas que tomará a decisão final. “Procuro alguém que tenha entusiasmo e empolgação, mas que também saiba se comunicar”, diz ele. “Levamos gente de todo tipo para passar férias, e o vencedor terá de ser capaz de relacionar-se com todo mundo.”

Melhor ainda se a roupa de banho cair bem no vencedor. Afinal, o felizardo aparecerá regularmente em blogs, tweets e vídeos nos sites da First Choice.

“De certa forma, o vencedor será a pessoa mais famosa do nosso negócio. ”, diz Gaskins.

Assim, na véspera do início da competição, Gaskins diz aos concorrentes o que está em jogo. Além de enfrentarem uma desgastante entrevista de 45 minutos e escrever um texto engraçado de 400 palavras para o blog, cada um deles terá de compor uma música sobre as maravilhas do toboágua e cantá-la descendo por ele, com uma minicâmera de vídeo na cabeça.

E isso não é tudo. Os resolutos membros do quinteto percorrerão a piscina a nado o máximo de vezes que conseguirem em três minutos. Competirão lado a lado num toboágua com várias pistas. Vestirão roupas formais sobre a roupa de banho e subirão juntos numa imensa boia de borracha; em seguida, descerão um toboágua comprido e cheio de curvas enquanto tentam despir toda a roupa extra antes. E o tempo todo, por mais estressante que seja a situação, terão de se manter alegres e sorridentes. Pois não é que eles conseguem?

“Nós cinco nos demos muito bem. ”, diz o vencedor, Seb Smith, de 22 anos, estudante britânico no último ano do curso de Tecnologia de Projetos da Universidade de Leeds. “Estava com medo do comportamento dos outros, mas todos foram muito amistosos. ”

A prova mais difícil, segundo ele, foi simplesmente nadar de um lado para outro na piscina. “Estava gelado! Todos morremos de frio. Quando saímos da piscina, os juízes pensaram: ‘Ah, não, matamos os concorrentes!’ ” Então, por que ele ganhou? “Acho que sou bastante sociável, e criativo também”, diz ele.

Agora Smith pode contar com um contrato de seis meses pelo qual receberá vinte mil libras mais férias com tudo pago. É compreensível que esteja contente. Mas será que futuros patrões o levarão a sério se souberem qual foi seu emprego anterior?

“Não estou nem um pouquinho preocupado”, afirma ele. “Ter esse trabalho no currículo vai me dar destaque. Venci mais de 2 mil pessoas para obter a vaga, devo ter algo de bom.” Então, Seb Smith sorri como um verdadeiro vencedor. “Acho que vai dar tudo certo.”

Por David Thomas