Coronavírus: saiba tudo sobre o covid-19

A Dra. Débora Otero tira algumas dúvidas sobre transmissão, prevenção e tratamento do coronavírus que já contaminou mais de 100 pessoas no Brasil.

Elen Ribera | 12 de Março de 2020 às 21:00

jarun011/iStock -

A pandemia de coronavírus chegou no Brasil e várias medidas estão sendo tomadas para conter a transmissão do vírus que causa a doença covid-19. Saiba mais abaixo e veja a entrevista com a infectologista Dra. Débora Otero.

Novo coronavírus permanece íntegro no ambiente por dias

Com a pandemia, uma das questões que carecia de resposta é sobre a estabilidade do novo coronavírus. Ou seja, quanto tempo ele consegue manter sua capacidade de infecção no ambiente.

A depender do material avaliado, o Sars-CoV-2 permanece íntegro por horas e até dias, aponta novo estudo, publicado na forma de pré-print (sem revisão por outros cientistas) na plataforma medRxiv no último dia 9.

Na forma de aerossol, ou seja, dentro de microgotículas no ar, a meia-vida do vírus, ou seja, tempo necessário para sua quantidade cair pela metade, é de 2,74 horas. Isso equivale a dizer que a quantidade de vírus chegaria a 1% da inicial em 18 horas. 

Sobre superfícies

Sobre superfícies como papelão, aço e plástico a quantidade de partículas virais demoraria 2,3, 3,6 e 4,4 dias para chegar a um centésimo da inicial, respectivamente.

Em comparação ao Sars-CoV-1, parente do novo coronavírus causador da síndrome respiratória aguda grave, que assustou o mundo entre 2002 e 2004; houve mais semelhanças do que diferenças. Só a sobrevida no papelão do novo patógeno é maior do que a do predecessor.

“Nossos resultadas indicam que tanto a transmissão tanto por meio de aerossol quanto por objetos são plausíveis, já que o vírus permanece viável em aerossóis por horas e em superfícies por dias”, concluem os pesquisadores.

Participaram do trabalho pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, da Universidade de Princeton, da Califórnia (em Los Angeles) e dos Centros de Controles de Doenças do país. (SÃO PAULO, SP – FOLHAPRESS – GABRIEL ALVES)

Os estudos estão apenas começando

Ainda se sabe muito pouco sobre o novo coronavírus. Com a disseminação do vírus por mais de cem países, em todos os continentes, e a recente declaração pela OMS (Organização Mundial da Saúde) de que há uma pandemia, as autoridades de saúde pedem cuidados redobrados de prevenção. Mas esclarecem que não há necessidade de pânico.

Para a maioria da população, o risco de pegar o vírus é baixo, segundo a OMS. O risco depende de onde você está e se há um surto de covid-19 nesse lugar, o que não é o caso do Brasil.

No entanto, em alguns países e cidades nos quais a doença está se espalhando rapidamente (Itália e Irã, por exemplo). E os riscos para moradores e turistas são maiores.

A Dra. Débora Otero, médica infectologista e membro da diretoria da ABIH (Associação dos Profissionais em Controle de Infecções e Epidemiologia Hospitalar), esclarece dúvidas acerca do vírus no vídeo abaixo.

Transmissão e contágio

Segundo a médica, o vírus é respiratório e é transmitido através de gotículas no ar. Por isso, é importante se prevenir sempre fazendo a higiene das mãos com sabão ou álcool em gel. Principalmente após cumprimentar uma pessoa ou tocar em celulares e outros objetos com risco de contaminação.

Para impedir o contágio e a transmissão, é necessário não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres. Evitar aglomerações e o contato com pessoas que estiverem doentes. E, se você estiver doente, fique em casa!

Como surgiu

O coronavírus teve início em pessoas que tiveram contato com uma feira de animais vivos, na província de Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Justamente por ser um vírus transmitido pelo ar, depois dos primeiros casos, a doença começou a ser propagada de pessoa para pessoa.

Chamado temporariamente de 2019-nCoV no começo da epidemia, o novo coronavírus foi recentemente batizado de Sars-CoV-2; o nome da doença respiratória que ele causa é covid-19.

Grupos de risco

Como visto anteriormente em outros vírus respiratórios, gestantes, portadores de doenças crônicas, populações imunossuprimidas e pessoas de extremos de idade (crianças e idosos) têm mais chance de desenvolver um quadro grave da doença.

O coronavírus é uma doença nova, portanto ainda requer estudos específicos acerca de tratamentos e grupos de risco, mas segundo a Dra. Débora, ainda não há vacinas e remédios que combatam o vírus.

Sintomas e tratamento

A recomendação para pessoas com quadros leves (pouca tosse, febre baixa, nariz escorrendo) é ficar em casa com ​remédios para os sintomas, hidratação e repouso.

Já em casos de falta de ar progressiva, tosse intensa, catarro com pus, febre alta com calafrios e pontas dos dedos e lábios arroxeados é preciso ir a um hospital.

No caso de confirmação da doença, o que os médicos estão fazendo é tratar os sintomas. Caso o paciente tenha dor e febre, é oferecido um remédio específico. O mesmo acontece para pacientes com falta de ar, que podem ser entubados ou receber uma nebulização.