São Paulo tem surto de meningite; conheça os sintomas da doença

A prefeitura de São Paulo confirmou morte por meningite na Zona Leste, além de outros quatro casos. Conheça os sintomas da doença.

Redação | 28 de Setembro de 2022 às 13:54

(Imagem: Mohammed Haneefa Nizamudeen/iStock) -

Nesta terça-feira (27) a prefeitura de São Paulo confirmou a morte de uma moradora da Zona Leste por meningite. A mulher de 42 anos vivia no bairro da Vila Formosa, que já apresentou cinco casos confirmados em seus arredores, como o bairro de Aricanduva.

Os casos de meningite meningocócica do tipo C foram confirmados nos últimos dois meses, o que, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, já configura situação de surto. Os outros infectados possuem idades variadas, são um bebê de 2 meses e adultos de 20, 21 e 61 anos.

De acordo com a prefeitura, logo após a identificação dos casos, a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) se prestou a fornecer medicamentos preventivos para os potenciais infectados pelas vítimas, como pessoas que moram na mesma casa ou parentes.

Além disso, aumentaram o ritmo de vacinação na região. Mas segundo a Secretaria, cerca de 7 mil pessoas já foram vacinadas na região nas últimas duas semanas. Confira algumas perguntas respondidas sobre essa doença letal.

O que é meningite?

A meningite é a inflamação das três membranas protetoras que envolvem o encéfalo (as meninges). Na maioria das vezes a meningite é causada por infecção viral ou bacteriana. Porém, os sinais e sintomas são semelhantes, qualquer que seja a causa da meningite, mas a intensidade da doença e a gravidade das complicações dependem do microrganismo infeccioso.

A infecção viral ocorre em pequenas epidemias, mas no geral não tem consequências graves. Por outro lado, a meningite bacteriana, embora rara, é extremamente grave. Dessa forma, ela é fatal em 10% dos casos, e 1 em cada 7 sobreviventes permanece com incapacidade grave, como lesão cerebral ou surdez.

Uma complicação da meningite bacteriana é a falência de múltiplos órgãos causada pela septicemia hematogênica. Contudo, como as bactérias infecciosas podem ser disseminadas por gotículas que atravessam curtas distâncias, pode haver vários casos em locais onde as condições sociais levam ao contato próximo, como residências universitárias, acampamentos militares, prisões e creches.

Alguns distúrbios que enfraquecem o sistema imune predispõem a pessoa à meningite. Esses incluem HIV/AIDS, terapia imunossupressora, tuberculose e disfunção dos sistemas de defesa – afetando, por exemplo, pessoas que não têm baço e que sofrem de doença falciforme. Além desses, outros distúrbios predisponentes são alcoolismo e diabetes melito.

Meningite viral

Anualmente registram-se centenas de casos de meningite viral, mas a incidência real provavelmente é maior porque seus sintomas leves, semelhantes ao de uma gripe, fazem com que a doença nem sempre seja identificada corretamente, podendo ser confundida com um resfriado ou outra infecção viral leve.

Não é necessário tratamento e geralmente são recomendados analgésicos e repouso no leito. Já em alguns casos podem ser usadas drogas antivirais, como aciclovir.

A meningite viral, que costuma ocorrer no verão, pode ser uma consequência da caxumba ou do sarampo. Porém, os programas de vacinação infantil contra essas doenças conseguiram reduzir consideravelmente a incidência desse tipo de meningite.

Meningite bacteriana

Três microrganismos são responsáveis por 80% das meningites bacterianas. Esses são encontrados naturalmente na parte posterior do nariz e na garganta, ou no trato respiratório superior. Pessoas de qualquer idade podem ser portadoras das bactérias durante dias, semanas ou meses antes de adoecerem. O microrganismo mais frequente é a Neisseria meningitidis, causadora da meningite meningocócica e da septicemia.

O Haemophilus influenzae B (HIB) afeta crianças com menos de 5 anos. Já o Streptococcus pneumoniae, causador da meningite pneumocócica, afeta com maior frequência pessoas muitos jovens e muito idosas.

As bactérias podem ser transmitidas de uma pessoa para outra por contato íntimo prolongado ou por espirro, tosse ou beijo. Elas não conseguem viver por muito tempo fora do corpo, e o período de incubação é de dois a 10 dias.

No Brasil, a ocorrência da doença tornou-se menos comum após programas de vacinação. Além disso, o maior conhecimento público permitiu que as pessoas buscassem ajuda mais cedo. Mesmo assim, em 2017 o número de casos aumentou em relação a 2016, em alguns estados.

Quais são os sintomas da meningite?

Na meningite bacteriana e septicemia, os sintomas abaixo podem surgir rapidamente, algumas vezes no período de poucas horas. Nos estágios avançados da doença, pode haver crises convulsivas, confusão e inconsciência.

Em mais de 50% dos casos de doença meningocócica, há septicemia e uma erupção cutânea puntiforme vermelha ou marrom. Se a erupção não desaparecer quando pressionada com um copo de vidro, deve-se procurar o médico imediatamente.

Os principais sinais e sintomas de meningite e septicemia são:

Além disso, em bebês e crianças pequenas pode haver febre, vômito, recusa alimentar e choro agudo.

Como é o tratamento da doença?

Se houver suspeita de meningite bacteriana, o médico administrará um antibiótico injetável e providenciará hospitalização imediata. No hospital, os médicos realizarão exames de sangue e algumas vezes punção lombar, quando é introduzida uma agulha fina na medula espinal para retirar parte do líquido cefalorraquidiano.

A análise do líquido geralmente fornece um diagnóstico definitivo e identifica a bactéria responsável pela doença. Desse modo, se a causa da meningite for confirmada como bacteriana, deve ser mantida a administração de altas doses de antibióticos.

Os antibióticos usados incluem penicilina e cefalosporinas. Porém, a escolha precisa depende do tipo de bactéria envolvida e da idade do indivíduo afetado. Já outros tratamentos podem incluir esteroides, para reduzir a inflamação, e líquidos intravenosos, se necessário.

Prevenção

(Imagem: Inside Creative House/iStock)

No caso da meningite viral, não se faz necessário um tratamento específico, pois após algumas semanas, a doença normalmente desaparece sozinha. Portanto, são utilizados nesses casos, medicamentos para o controle de dor e febre, além de acompanhamento médico.

Enquanto isso, para a meningite fúngica, o tratamento é feito com medicamentos antifúngicos receitados pelo médico. 

Além disso, para a meningite bacteriana, o tratamento geralmente é feito com o auxílio de antibiótico intravenoso que deve ser iniciado com rapidez. Já que a doença pode deixar algumas sequelas e comprometimentos cerebrais, como surdez ou dificuldades cognitivas.

Também deve-se destacar que, a vacina está introduzida desde 1999 na rotina do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para crianças de 2 a 23 meses, reduzindo muito a incidência da doença.

Texto escrito originalmente por Julia Monsores e atualizado por Laura Oliveira.