Adultos também podem desenvolver Síndrome Inflamatória Multissistêmica ligada à Covid-19

Estudo relatou casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica associados à Covid-19 em adultos. Saiba mais e entenda o caso.

Louise Cyrillo | 22 de Outubro de 2020 às 15:00

Adj/Rawpixel -

Um estudo publicado recentemente relatou casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica associados à Covid-19 em adultos, condição antes registrada somente em crianças e adolescentes. A publicação foi feita pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, analisando o caso de 27 pacientes americanos e ingleses que testaram positivo para covid.

A Síndrome Inflamatória Multissistêmica se manifesta por sintomas similares ao da forma mais grave da covid – inflamação e complicações em partes além do sistema respiratório –, mas sem o quadro de sintomas respiratórios.

Leia também: Persistência de sintomas de Covid-19 alerta para possíveis sequelas da doença

Nos pacientes da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), os sintomas começam por febre alta, vômito, conjuntivite e surgimento de erupções e inflamações na pele. O quadro é agravado quando há comprometimento cardíaco, sanguíneo e no sistema nervoso. 

Créditos: CDC/Pexels

Os pacientes que foram diagnosticados com a Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Adultos (SIM-A) tinham em comum a ausência de sintomas como problemas respiratórios mínimos. Só oito tiveram os sintomas documentados antes da SIM-A. 

A patologia da doença ainda é um mistério: 30% dos adultos e 40% das crianças receberam resultados negativos nos exames PCR feitos, mas obtiveram positivo no exame laboratorial para anticorpos: a doença surgiu após processo de infecção da covid. Esse é o fator que intriga médicos e cientistas nessa nova síndrome: a dificuldade de identificar corretamente se os sintomas são de infecção persistente da Covid-19 ou se enquadram como SIM-A, um fenômeno de outra natureza.

Créditos: CDC/Pexels

Entre os pacientes da síndrome que relataram sintomas típicos de Covid-19, como a falta de ar, o segundo quadro demorou entre duas a cinco semanas para se manifestar. Porém, entre os pacientes que não tiveram os sintomas típicos ocorreu maior dificuldade de saber precisamente quando a infecção inicial aconteceu. 

Sintomas da SIM-P e SIM-A

A Síndrome Inflamatória Multissistêmica é caracterizada também pelos problemas cardíacos, sintomas gastrointestinais e erupções na pele. Os pacientes do estudo tiveram febre por mais de 24 horas, dores no peito, palpitações e alterações nos eletrocardiogramas como arritmias. Foi registrado também um nível elevado de troponina, que são relacionadas à lesões no miocárdio como infartos. 

Apesar de não estarem apresentando os sintomas respiratórios, os exames de imagem dos pulmões de 60% de um grupo retornaram com manchas associadas a complicações da Covid-19. Outros exames laboratoriais também indicaram níveis elevados de inflamação e coagulopatia. 

Créditos: roungroat/Rawpixel

O tratamento para esses pacientes foi feito utilizando imunoglobina intravenosa, e também corticosteroides. O bloqueador de receptores de interleucina 6, o Tocilizumabe, um remédio para artrite reumática que está sendo utilizado como tratamento para a covid, também foi administrado.

Leia também: Covid-19: Saiba como o coronavírus pode afetar o seu coração

Entretanto, um estudo do New England Journal of Medicine concluiu que o medicamento não possui eficácia para prevenir entubações ou evitar mortes no caso de pacientes com sintomas moderados. 

Dos 27 pacientes iniciais com suspeita de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Adulta, 24 sobreviveram. Segundo o estudo, assim como nos casos infantis a taxa de recuperação é boa caso recebam tratamento intensivo adequado. Metade dos pacientes acompanhados possuam fator de risco para a Covid-19, como obesidade.

Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica

Alguns dos primeiros relatos de uma forma mais grave da Covid-19 em crianças foram divulgados em janeiro, como o artigo publicado pelo departamento de pediatria do Hospital das Forças Armadas King Fahad, na Arábia Saudita. Até o começo de outubro, foram registrados 375 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica no Brasil.

Créditos: CDC/Pexels

As crianças e adolescentes apresentam febre alta e persistente, sintomas gastrointestinais fortes, conjuntivite e manchas avermelhadas na pele. Caso o quadro piore, pode também causar infartos nos jovens. O tratamento da SIM-P também é feito com a imunoglobina e os corticóides, mantendo a criança internada.

Leia também: O que é sindemia? Nova classificação é proposta para a Covid-19

Doença de Kawasaki

Em abril, foi publicado o primeiro relato relacionando a Síndrome de Kawasaki e a Covid-19. Após esse relato, foram publicados outros casos similares nos Estados Unidos, mas também na Europa e na América Latina.

Créditos: CDC/Pexels

Apesar da semelhança inicial com a Doença de Kawasaki, observou-se as diferenças com a nova síndrome que surgia, como maiores taxas de problemas cardíacos. A síndrome de Kawasaki é descrita como uma vasculite, uma inflamação dos vasos sanguíneos e que pode causar problemas em vários órgãos.

Essa doença tem como alguns dos sintomas possíveis: febre que dura ao menos cinco dias, fissuras ou sangramentos labiais, conjuntivite e edemas no dorso dos pés e das mãos. Erupções cutâneas também podem surgir a partir do quinto dia de febre.

Como a Síndrome Inflamatória Multissistêmica, ela atinge crianças e adultos, não provoca sintomas respiratórios. Também não se sabe a causa da Síndrome de Kawasaki e, caso não seja devidamente tratada, pode levar ao desenvolvimento de complicações cardíacas como a pericardite.


Atenção:
Para ter o diagnóstico correto dos seus sintomas e fazer um tratamento eficaz e seguro, procure orientações de um médico.