Vamos discutir a relação?

Buscamos o relacionamento perfeito, com alguém que nos compreenda. Mas no primeiro obstáculo, desistimos, impacientes, sem sequer discutir a relação.

Raquel Zampil | 1 de Setembro de 2019 às 10:00

LittleBee80/iStock -

Por que é tão difícil?  Por que os relacionamentos são tão frágeis hoje? Por que falhamos tanto na arte de amar? E queremos acertar tanto que continuamos tentando, mesmo com o coração machucado, num fio de esperança que dessa vez vai dar certo.

Será que estamos preparados pra segurar uma coisa que a gente idealiza, mas que nunca vem pronta, do jeito que a gente quer? E será que sabemos o que queremos num mundo de tantas tentações, acontecimentos, dúvidas, deslizes? De tantas projeções, do que nos condicionam, nos ensinam, nos impõem como felicidade a dois?

Porque existem sacrifícios, compromissos, necessidade de diálogo, inseguranças, incertezas, mal-entendidos. Existem todas as ciladas em que vamos cair, mesmo sem querer. Existe um enorme investimento emocional, tempo dedicado, tentativas de compreender um lance que não tem nenhuma regra, nenhuma bula, nenhum folheto de instruções. E a gente vai, de tentativa e erro, achando caminhos que façam o relacionamento funcionar.

E é preciso saber que queremos tudo fácil, mas tudo é complicado. E, como ninguém é tão paciente assim, mais simples é desistir. Basta um único obstáculo para fazer tudo desmoronar.

Não dá tempo de o amor crescer, nós jogamos tudo fora antes do tempo.

Porque a gente quer a emoção e a paixão, aquela festa contínua. E quando a vida bate de frente, assusta. Será que existe esse alguém que nos entenda, que nos descubra, nos observe e saiba lidar, mesmo com o nosso pior? 
Nos silêncios mais profundos, nas dores que vieram conosco, aquelas que mal compreendemos. Alguém que queira dividir projetos, compartilhar histórias e memórias. Que traga encanto mesmo quando a vida anda sem encantamento. Que esteja do lado pro que der e vier, qualquer tempo, qualquer assunto, qualquer problema. Não é só a emoção do instante, mas é depois, quando a excitação da aventura passa, a festa termina, é em casa, a gripe, a tosse, pijama, febre, quando qualquer ilusão desaparece. Quando as coisas não funcionam, o projeto não deu certo, no choro da derrota.  No fim do jogo da conquista e início do amor incondicional. 

Por alguma razão misteriosa às vezes a gente consegue superar toda a forte rebentação e nadar pra um lugar sereno e seguro. Temporais voltam, estamos sempre sujeitos a novas tempestades, mudanças, crises.

E o amor precisa de construção sólida para nos tornar parceiros de vida.

Não sou de imaginar coisas definitivas e acredito que a mudança é a única certeza. Não sabemos o que vai acontecer nessa inconstância toda, e a única coisa que podemos fazer é mudar a nós mesmos. Relacionamentos podem ir e vir, podem ser breves, dar certo por um momento, desaparecer, podem durar muito mais e nos surpreender.

O amor pode tudo. Mas a gente só vai estar preparada pra tudo se construir uma sólida raiz, nosso chão. Não uma raiz que se apoia em alguma coisa de fora pra sobreviver. A pessoa que somos e aquilo que fazemos é a nossa força e nosso poder. Pra gente amar melhor e ser mais amada, o amor começa dentro de nós.

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