Covid-19: o que os especialistas dizem sobre a 3ª dose da vacina

Saiba mais sobre a necessidade ou não da aplicação da 3ª dose da vacina como reforço contra a covid-19. Entenda todos os detalhes.

Thaís Garcez | 14 de Julho de 2021 às 17:00

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A pandemia continua sendo uma das maiores preocupações no nosso dia a dia. Se por um lado a vacinação está avançando e nos dando esperança, por outro o surgimento de novas variantes mantém o sinal de alerta ligado. Por isso, uma das soluções sugeridas para esse problema seria a aplicação de uma 3ª dose da vacina. Mas o que os especialistas dizem sobre isso?

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Recentemente, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a variante Delta da Covid-19 será predominante no mundo “em breve”. São 104 países que já registraram casos dessa variante, que é mais transmissível.

Com essa preocupação, estudos estão sendo realizados para procurar uma solução. As pesquisas feitas vão desde a criação de uma nova vacina, especialmente para essa variante, até a aplicação de uma 3ª dose das vacinas que já existem, para reforçar a proteção. 

O que seria a terceira dose

A segunda dose da vacina é imprescindível para garantir a proteção contra a gravidade da doença. (Imagem: Inside Creative House/iStock)

Já se sabe que, mesmo após tomar a segunda dose de uma vacina, a imunização pode diminuir um pouco com o tempo. É o caso do imunizante da farmacêutica Pfizer com a empresa BioNTech, que, após 6 meses, sua eficácia pode diminuir, como anunciaram. Portanto, a terceira dose seria um reforço com o objetivo de continuar protegendo a população, tendo em vista as novas variantes, como a Delta. 

As vacinas que combatem o vírus da Covid-19 foram criadas tendo como base a primeira cepa conhecida. Porém, as variantes que surgiram posteriormente podem apresentar diferenças em sua composição genética; sendo mais capazes de driblar a ação do sistema imunológico. Por isso a importância do reforço.

Estudos da Pfizer e da BioNTech

A resposta das empresas Pfizer e BioNTech engloba as duas ideias. Elas anunciaram, no dia 8 de julho, que iniciarão, em agosto, testes clínicos para um novo imunizante que tem como foco a variante Delta. Além disso, revelaram que foram obtidos resultados promissores em estudos com a aplicação de uma 3ª dose da vacina.

Estudos apontam que ainda não há a necessidade de uma campanha de vacinação para a terceira dose. (Imagem: Ridofranz/iStock)

Porém, segundo especialistas, não há nada que indique a necessidade de uma terceira dose no momento atual: “Não há realmente nenhuma indicação para um terceiro reforço ou terceira dose de uma vacina de mRNA, levando em conta as variantes que temos circulando no momento. Na verdade, muitos de nós questionamos se algum dia as pessoas precisarão de doses de reforço”, afirmou Céline Gounder, especialista em doenças infecciosas do Centro Hospitalar Bellevue, em Nova York, ao jornal The New York Times.

A agência reguladora de medicamentos dos EUA, a FDA, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) também descartam a necessidade da terceira dose para os americanos no momento atual. “Estamos preparados para doses de reforço se e quando a ciência demonstrar que são necessárias”, afirmaram. 

3ª dose da vacina no Brasil

No Brasil, a aplicação da 3ª dose da vacina ainda está em análise. A Anvisa autorizou que a empresa Pfizer começasse a realizar estudos sobre a eficácia de uma terceira dose em pacientes brasileiros. O prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou recentemente que há uma proposta de se aplicar a terceira dose no município. 

No momento, o reforço da segunda dose é o mais importante. (Imagem: Ridofranz/iStock)

Porém, em entrevista à CNN Brasil, a médica epidemiologista e vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, Denise Garret, considera precipitada qualquer decisão em relação a uma terceira dose no país. A especialista considera que ainda não apresentamos situações que justificariam essa demanda.

“Uma delas é se a imunidade for diminuindo, dado que não temos ainda, mas sabemos que a imunidade dura um longo tempo, provavelmente anos. A outra é se as novas variantes estivessem escapando à imunidade vacinal, o que também não é o caso, especialmente para quem tomou as duas doses. E o outro caso seria em grupos específicos, como os idosos, se a vacina não estivesse funcionando bem, e pra isso ainda não temos dados concretos da CoronaVac, pois são resultados preliminares. No caso da Pfizer e da AstraZeneca, sabemos que está funcionando bem”, afirmou. 

A ciência segue estudando as variantes e as melhores formas de se proteger contra a Covid-19. Nosso papel nesse momento é continuar com os devidos cuidados e tomar a primeira e a segunda doses das vacinas que estão disponíveis.