Inspiração literária: o que motivou grandes escritores?

Conhecer um pouco sobre grandes escritores, muito mais do que uma curiosidade, pode ser uma ótima forma de canalizar inspiração literária.

Redação | 13 de Outubro de 2022 às 16:00

Avosb/ Istock -

Você deve saber que a inspiração que motiva os escritores e poetas é tão variável quanto os assuntos que escolhem. Contudo, a verdade é que nem todos os grandes escritores se preocupam em criar o que se considerariam “obras de arte”. Portanto, neste 13 de outubro, Dia Mundial do Escritor, entenda um pouco sobre o processo criativo e o que motivou grandes escritores da literatura.

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Anthony Trollope

Para Trollope, romancista inglês da era vitoriana, ser escritor era um ofício. “Como ser sapateiro”, ele dizia. “Meu objetivo primordial é viver.” Anthony Trollope declarou certa vez que queria privilegiar a quantidade e não a qualidade literária de seus escritos. Por isso, habitualmente, escrevia 3.000 palavras antes mesmo do café da manhã. 

Entre 1860 e 1870, esta tarefa lhe rendeu mais de 230.000 dólares por ano – uma pequena fortuna –, mas isso não o impedia de fustigar a família e seus editores com cartas repletas de mesquinhos problemas financeiros. 

Harold Robbins

Robbins sempre teve jeito para ganhar dinheiro. Portanto, em 1936, aos 20 anos, enriqueceu na indústria de alimentos, mas perdeu tudo três anos depois. Todavia, seu primeiro romance foi publicado em 1948.

Até 1997, ano de sua morte, ganhava pelo menos meio milhão de dólares por ano com uma produção que a crítica considera “um lixo”, e até mesmo “repugnante”. O que não o impede de vender 30.000 exemplares por dia em todo o mundo. Assim sendo, tal sucesso comercial leva Harold Robbins a considerar-se o “melhor romancista do mundo”, mesmo nunca tendo ganhado algum prêmio literário.

Thomas Wolfe

Certos escritores inspiram-se neles próprios. Thomas Wolfe escreveu um romance autobiográfico de 500.000 palavras que chamou de “apenas um esboço de livro” e, quando seu editor pediu que ele encurtasse para ser mais facilmente vendido, Wolfe adicionou mais páginas. 

Apesar da insistência do editor (Max Perkins, um santo!), Wolfe recusou-se a diminuir a obra, e argumentou desdenhosamente que qualquer idiota perceberia que o livro não foi escrito por dinheiro. Conheça um pouco de sua história no filme “O Mestre dos Gênios”:

Trailer do filme “O mestre dos gênios”, que retrata a relação de Thomas Wolfe com seu editor

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John Keats

Excelente exemplo de escritor movido pela inspiração criativa é John Keats. Pois escrevia seus versos em ilegíveis garranchos e em pequenos pedaços de papel e, depois, escondia-os. Todavia, um amigo notou seu estranho comportamento e conseguiu recuperar vários dos seus melhores poemas, incluindo Ode a Um Rouxinol. 

Keats, contudo, ansiava ser reconhecido e ficou profundamente ferido com a hostilidade dos críticos. Portanto, em 1821, com 25 anos, Keats estava condenado pela tuberculose. Pediu que gravassem na sepultura o seguinte epitáfio: “Aqui jaz um homem cujo nome foi escrito na água.”

Virginia Woolf

Virginia Woolf é considerada uma das principais escritoras do século XX, além de uma das mais influentes da literatura mundial. Sendo assim, com uma sólida carreira literária e quase 40 livros publicados, Virginia foi revolucionária ao defender os direitos das mulheres em seus livros.

Algumas de suas obras mais marcantes são “Mrs. Dalloway” (1925), “Ao Farol” (1927), “Orlando” (1928), “Um Teto Todo Seu” (1929) e “As Ondas” (1931). Através de sua escrita, a autora explorou a busca pela identidade dos personagens em um mergulho sensível e profundo.

Isso se deu através do fluxo de consciência, ou seja, uma técnica que descreve o pensamento ininterrupto e não-linear de um personagem. Ademais, outra curiosidade é que ela se inspirou na mulher com quem mantinha um caso de paixão intensa para escrever “Orlando”.

O romance foi escrito como uma carta de amor à poetisa Vita Sackville-West, e também foi dedicado a ela.

Trailer do filme “As Horas”, um drama biográfico baseado no romance de Michael Cunningham que narra a vida da autora mesclada com as histórias de uma leitora de “Mrs. Dalloway” nos anos 50 e a protagonista do livro personificada como uma mulher do século XXI.

“Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que “baixa” no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente”. (Moacyr Scliar)