Piloto de helicóptero enfrenta enchente e realiza resgates impressionantes

O piloto de helicóptero Joel Boyers e sua noiva, Melody Among, realizaram resgates e salvaram várias vidas na enchente de Waverly, Tennessee.

Douglas Ferreira | 13 de Dezembro de 2021 às 14:00

Fotografia de David McClister -

Quando Joel Boyers e a noiva, Melody Among, voltavam do aeroporto de Nashville, depois que ela tirou sua licença de piloto de helicóptero, ele recebeu um chamado frenético de uma desconhecida da Pensilvânia. Ela disse a Joel que as duas sobrinhas e seu irmão estavam presos no telhado da casa em Waverly, a 95 quilômetros de Nashville. Estavam cercados pela enchente causada pelas chuvas de agosto e achavam que não sobreviveriam. 

Desesperada, a moça procurou no Google “helicópteros em Nashville”, e a empresa de Joel, Helistar Aviation, foi a primeira a aparecer. Ela implorou a ele que salvasse sua família.

Leia também: Histórias que vão te encher de esperança

Joel, 41 anos, olhou para oeste, na direção de Waverly, e viu as nuvens de tempestade. “Senhora”, disse ele, “ninguém voaria com esse tempo, por boas razões.”

Mas, mesmo antes de terminar a frase, ele soube que voltaria a decolar. “Também tenho uma filha”, disse Joel. “Disse à mulher que veria o que podia fazer.” Ele pôs o endereço do irmão no celular e, com Melody, 30 anos, voltou ao aeroporto. Logo, estavam no ar, despreparados para o que veriam em Waverly.

Um cenário de destruição e morte

“Assim que cruzei o morro, só havia água escura e revolta lá embaixo”, diz ele. “Duas casas estavam em chamas. Carros nas árvores. Detritos presos de todo jeito possível. Ninguém conseguiria nadar naquilo.” Em vez disso, as pessoas se agarravam a tudo o que não se mexesse – telhados, árvores, postes. 

A enchente, que tiraria 20 vidas e destruiria mais de 270 residências, também acabou com o sinal de celular, ou seja, Joel não poderia usar o telefone para identificar a casa que procurava. De qualquer modo, ele continuou voando. Talvez tivesse sorte.

Enquanto Joel pilotava, Melody começou a procurar pessoas presas em telhados ou pontes, qualquer lugar onde Joel pudesse pousar o helicóptero e embarcá-las. Um homem resgatado apontou uma adolescente que vira agarrada a uma árvore. A mocinha, encharcada e exausta, mal se mantinha fora d’água. Uma das mãos segurava um galho da árvore, a outra um cachorro que ela salvara antes, quando ambos tinham sido arrastados pela corrente.

Resgates impressionantes

Como não havia lugar para pousar, Joel baixou o aparelho até ficar pouco acima da água. O homem resgatado pulou e vadeou até a árvore para ajudar a adolescente e o cachorro a embarcarem no helicóptero.

“Ela estava muito abalada”, disse Joel sobre a adolescente. Com o homem em terra para cuidar de uma idosa que sabia que estava por perto, Joel decolou com cuidado. Manobrou entre a árvore e os fios elétricos e deixou a adolescente e o cachorro num trecho de terra seca no outro lado da rua. Então, ele e Melody subiram de novo.

Em certo momento, eles avistaram quatro pessoas no telhado de uma loja de suprimentos agrícolas. Estavam lá havia duas horas, disse Jeani Rice-Cranford, que mora perto, à Associated Press. Ela e os outros, em terra seca, observaram o helicóptero de Joel sobrevoar as vítimas. Como o telhado inclinado não permitia o pouso, ele tentou um ato arriscado de equilíbrio, pousando apenas um dos patins enquanto rezava para o rotor não bater no telhado.

De repente, “veio uma lufada de vento, e o helicóptero balançou”, diz Jeani. “Todos prendemos a respiração.” Joel recuperou o controle do aparelho. Como a capacidade do helicóptero era de apenas quatro pessoas, ele levou as vítimas, uma de cada vez, até os trilhos da ferrovia próxima.

A missão de Joel e Melody terminou em 90 minutos, quando os helicópteros de resgate profissionais chegaram. Foi bem na hora; Joel e Melody estavam quase sem combustível, depois de resgatar 17 pessoas. Quanto à mulher que entrou em contato com Joel, ela ligou de novo para dizer que o irmão e as sobrinhas também tinham sido salvos.

Embora a experiência fosse aflitiva, Joel fez a seguinte confissão à AP: “Não quero mentir. Foi quase divertido.”

Por Brad Schmitt do The Nashville Tennessean

NASHVILLE TENNESSEAN (28 DE AGOSTO DE 2021), © 2021 EUA TODAY NETWORK