Título de capitalização vale a pena? Entenda os riscos

Descubra qual é o verdadeiro objetivo do título de capitalização, como funciona e se é uma boa opção para o seu dinheiro.

Redação | 26 de Maio de 2019 às 21:00

AntonioGuillem/iStock -

Não é raro o gerente do banco oferecer produtos como seguros e títulos de capitalização. Mas, não se engane, nem sempre ele está preocupado em recomendar uma boa opção de investimento. Na verdade, ele precisa vender produtos e muitas vezes possui uma meta de desempenho. Conheça o verdadeiro objetivo do título de capitalização, como funciona e se é a melhor opção para você:

O que é título de capitalização?

Primeiramente, saiba que estes títulos não são investimentos, já que não possuem rentabilidade. Eles foram criados como forma de fazer poupança forçada numa época em que não existiam muitas opções de investimentos, como hoje.

Dessa forma, o objetivo do título de capitalização é exclusivamente apostar na sorte por meio de números sorteados pela Loteria Federal.

Por que é uma forma de poupança forçada?

Porque ao comprar um título você paga (mensalmente ou em cota única) um valor que não poderá resgatar durante o prazo de vigência sem um desconto muito alto. Ou seja, se você sacar o valor antes do vencimento, pode perder tudo o que pagou ou a maior parte. Esse desconto é regressivo (o percentual de desconto diminui com o passar dos meses), até chegar a 100% do valor pago. Assim, você não ganha nada.

Além disso, é importante saber que alguns títulos possuem prazo inicial de carência durante o qual não é pago nenhum valor pelo resgate antes do vencimento. Ou seja, você perde todo o dinheiro que pagou achando que estava investindo. Esse prazo varia de acordo com cada título e cada instituição. Podendo ser de alguns meses ou até mesmo de anos.

Todos os títulos possuem obrigatoriamente uma tabela de resgate antecipado, que deve indicar o percentual de desconto por período e o prazo de carência, se houver. O funcionamento dos títulos de capitalização é regulado e fiscalizado pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados).

Outros títulos de capitalização podem garantir um resgate acima de 100% do valor pago. Mas, em regra, esse benefício costuma ser muito baixo, por exemplo, 101% a 105% do valor pago. Isso significa que nesses títulos que asseguram esse benefício, você vai receber somente até 5% do valor que pagou. Até mesmo a tradicional Poupança remunera em média 7% do valor investido, dependendo da inflação do período fixada pela taxa SELIC.

Correção monetária não é rendimento

O gerente pode afirmar que você vai receber o valor pago com correção monetária, como se fosse um benefício. Mas, na verdade, isso não significa nenhum ganho, e sim apenas que o dinheiro não perdeu valor no tempo.

Mas até mesmo esta característica pode não ser uma segurança de que o dinheiro pago não perderá valor. Isso por conta do índice que for aplicado para esta correção. Se for aplicada uma taxa de correção que possua percentual menor do que a inflação (como a TR – Taxa Referencial), seu dinheiro terá desvalorizado. E, neste caso, você terá prejuízo.

Por que comprar um título de capitalização?

Somente para apostar na sorte e acreditar que você vai receber um prêmio alto se for sorteado. Esse é objetivo deste título, concorrer a prêmios.

Existe alguma outra vantagem?

Existe uma hipótese na qual este título tem outro objetivo. Existe uma modalidade de título de capitalização que funciona como uma garantia de aluguel.

Ao alugar um imóvel residencial, o locatário precisa dar ao dono do imóvel uma garantia de pagamento. Ela pode ser um seguro, um fiador, ou o depósito de três meses do aluguel. E é aí que entra essa modalidade de título de capitalização. Ao invés de fazer um depósito numa conta bancária, o locatário compra um título, no qual o locador é o beneficiário.

Neste caso, se o locatário não pagar o aluguel, o locador poderá resgatar o valor pago, e ainda concorrerá aos prêmios dos sorteios previstos no título. As condições deste título (vigência, carência, forma de pagamento, etc.) devem ser verificadas no ato da compra.

Por Samasse Leal