A arte de domar um cavalo como por encanto

O estábulo foi trancado e todos fugiram, com medo de um cavalo enfurecido. Então chegou o velho fazendeiro e, sem dar ouvidos aos que o alertavam para o

Redação | 28 de Julho de 2019 às 11:00

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O estábulo foi trancado e todos fugiram, com medo de um cavalo enfurecido. Então chegou o velho fazendeiro e, sem dar ouvidos aos que o alertavam para o perigo, abriu a porteira e atirou o chapéu para dentro da arena, pronunciando baixinho “Sic iubeo“, que em latim significa “assim ordeno”. Logo o cavalo veio até a porta e deixou que o fazendeiro lhe colocasse as rédeas. Há muitos relatos de cenas como esta em várias regiões da Grã-Bretanha, pelo menos desde o século VI d.C. Estes homens com poder sobre os cavalos eram chamados “encantadores”, membros de uma irmandade secreta, cujos dons foram muito apregoados, mas não explicados.

Hoje pensa-se que tal poder residia em “cheiros”, que tiravam partido do olfato apurado dos equinos. O chapéu do fazendeiro devia estar impregnado de um desses concentrados aromáticos e por isso “dominou o espírito” do animal.

Um quê especial

Enquanto algumas substâncias odoríferas atraíam um cavalo, outras podiam afastá-lo. A melhor substância para atraí-lo era o milt – um tecido esponjoso encontrado na boca dos potros quando nascem. Impregnado de óleos aromáticos de plantas como o alecrim e a canela, nenhum cavalo resistia ao milt. Para domá-los, também eram necessários feitiços igualmente misteriosos feitiços igualmente misteriosos, tais como lançar ossos de rã num riacho à meia-noite, em noite de lua cheia; o osso que flutuasse seria o talismã. O encantador levava-o numa bolsa de couro, com um pedaço de carne crua. Se não se conseguisse arranjar um osso, alguns fígados de arminho ou de coelho e urina de cavalo serviam. Ao que parece, com estes feitiços um encantador conseguia fazer um cavalo empacar de repente.

O receio de serem acusados de feitiçaria foi uma das razões de os encantadores terem mantido seus métodos em segredo, inventando um aperto de mão especial e uma senha. Mas a principal razão era preservar os truques do negócio, e isso eles conseguiram – talvez não existia hoje quem de fato compreenda a arte dos antigos encantadores de cavalos.