Um olhar por dentro da arquitetura de São Paulo

"Um Guia de Arquitetura de São Paulo", de Fabio Valentim, reúne projetos arquitetônicos construídos na cidade a partir da década de 1930. Confira!

Julia Monsores | 6 de Janeiro de 2020 às 12:30

SescSP/Divulgação -

São Paulo não costuma ser associada à arquitetura de qualidade ou a modelos exitosos de urbanismo. Nas representações da metrópole, se repetem narrativas sobre uma selva de pedra cinza e desigual que cresceu sem planejamento, na esteira do mercado imobiliário e da indústria automobilística.

O livro “Um Guia de Arquitetura de São Paulo: Doze Percursos e Cento e Vinte e Quatro Projetos“, no entanto, oferece uma perspectiva menos pessimista da urbanização paulistana. Organizada por Fabio Valentim, arquiteto urbanista e professor da Escola da Cidade, a obra reúne projetos arquitetônicos de relevo construídos na cidade a partir da década de 1930.
Predominam no guia edifícios do período moderno, mas o livro também apresenta projetos recentes, desenhados por arquitetos herdeiros dos traços que marcaram o modernismo paulista. Artacho Jurado, Franz Heep, Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha são autores que têm destaque no guia.

Os projetos não são apresentados em ordem cronológica – a obra privilegia, em seu lugar, a proximidade espacial dos edifícios, com o objetivo de incentivar leitores a percorrer a cidade para conhecer prédios com linguagens e usos diversos. Há casas, prédios residenciais, torres comerciais, parques, escolas e clubes entre as 124 obras.

Desvendando São Paulo 

Para isso, o livro se estrutura em 12 roteiros, que abarcam do centro histórico a áreas periféricas, como o extremo sul de São Paulo e Guarulhos.
“A intenção é reforçar o vínculo entre geografia e arquitetura, enfatizando os aspectos urbanos de inserção das obras. Quem fizer esses roteiros vai conhecer não só as obras elencadas, mas uma cidade de quase 20 milhões de habitantes, com toda a sua complexidade urbana exposta”, disse Valentim em debate de lançamento do livro no dia 19 de novembro, no auditório da livraria Martins Fontes.

O arquiteto defendeu que, para compreender a arquitetura, é preciso voltar a vivenciar concretamente a cidade. “Nesse mundo de hoje, em que temos um bombardeio de imagens e informações digitais, a experiência da obra é muito relevante.”

Para Lorenzo Mammi, o livro desempenha uma dupla função. De um lado, é um documento útil para arquitetos e interessados pelo tema, por oferecer acesso a informações sistematizadas sobre edifícios relevantes da cidade. 
Além disso, o livro é uma tentativa de afirmação histórica de uma escola arquitetônica, em sua opinião. Isso faz com que a obra se diferencie de guias tradicionais, baseados em listas de prédios classificados como patrimônio histórico.

“O livro tem que estabelecer, de alguma maneira, um cânone. Mesmo que se diga que ele tem apenas uma amostra, ele tem um partido. É um guia da arquitetura modernista”, disse.

Para o crítico, é possível encontrar na obra “uma definição estética, que é o perfil de uma geração de arquitetos que reconhece mestres como Paulo Mendes da Rocha e Vilanova Artigas”.

Veja 5 projetos do arquiteto Paulo Mendes da Rocha presentes no livro: