Como os bebês reconhecem o mundo à sua volta?

A experiência do "precipício visual" de Eleanor Gibson mostrou que os bebês desenvolvem a noção de profundidade quando começam a engatinhar.

Julia Monsores | 7 de Setembro de 2019 às 17:00

Rawpixel/iStock -

Estava um dia lindo, e Eleanor Gibson, pesquisadora da Universidade de Cornell, passeava com seu bebê junto ao Grand Canyon. Enquanto observava a criança engatinhar, teve um pensamento assustador: e se o bebê avançasse até muito perto da beira do abismo? Uma criança de colo seria capaz de avaliar profundidades e reconhecer o perigo de cair?

A importância de criar crianças otimistas

As preocupações de Eleanor Gilbson deram-lhe uma ideia. Faria uma experiência para descobrir se os bebês podem ou não se dar conta da altura. Para tanto, criaria a miniatura de um Grand Canyon seguro no laboratório da universidade. 

Esta famosa experiência é conhecida como “precipício xadrez”. Uma tábua estreita foi colocada sobre um grande painel de vidro resistente situado 30cm acima do chão. À direita da tábua, um lençol de tecido xadrez foi colocado encostado à face inferior do vidro. Deste lado parecia uma superfície sólida, como uma toalha de mesa, mas, à esquerda da tábua, o lençol estava esticado no chão debaixo do vidro – criando assim a impressão da escarpa de um rochedo. Um bebê era posto em cima da tábua, entre os dois lados. A pergunta era: passaria ou não por cima do “precipício visual”?

A mãe chama

Na experiência, a mãe incitava seu bebê a passar sobre o precipício. Dentre 36 bebês, dos 6 aos 14 meses, só três não se recusaram a fazê-lo. A maioria percebeu claramente que o lado esquerdo era perigoso. Mas os 36 engatinharam alegremente até o outro lado da tábua. 

Repetidas experiências usando o precipício mostraram que os bebês (e animais jovens) podem distinguir a profundidade logo que começam a engatinhar, usando este atributo para distinguir um desnível de altura perigoso de evitá-lo. 

Nota: Eleanor Gibson tentou provar sua teoria em condições seguras e no laboratório de uma universidade. Os pais interessados na teoria “precipício visual” não devem repetir a experiência em casa ou ao ar livre. 

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