Um funeral de 80 milhões de dólares

Em 24 de fevereiro de 1989, Hirohito, o imperador do Japão, foi sepultado. Este funeral foi o mais caro de todos os tempos. Confira!

Julia Monsores | 7 de Janeiro de 2020 às 21:00

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Em 24 de fevereiro de 1989, Hirohito, o imperador do Japão, foi sepultado perante dignatários de 163 países em um túmulo próximo ao de seu pai, nos Jardins Imperiais de Shinjuku Gyoen, em Tóquio. Este funeral nacional foi o mais caro de todos os tempos e calcula-se que custou 80 milhões de dólares. Foi também o ato final de um período longo e traumático da história do Japão e do mundo. 

Acreditava-se que os imperadores japoneses tinham origem divina

Quando ascendeu ao Trono do Crisântemo em 1926, a divindade de Hirohito foi inteiramente reconhecida pelo povo japonês. Dizia-se que era descendente do primeiro imperador mitológico Jimmu Tenno. Este reinou em 660 a.C e, segundo a lenda, descendia da deusa do Sol, Amaterasu Omikami. Todos os imperadores do Japão eram, portanto, de origem divina. Por isso, quando os japoneses redigiram a primeira Constituição, em 1889, o princípio inicial declarava que “o imperador é sagrado e inviolável”.

Exatamente 100 anos mais tarde, porém, ele era um simples mortal sepultado nos Jardins Imperiais. A Constituição de 1947 – imposta pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial – acabou com a divindade do imperador e o tornou o “símbolo do Estado e da unidade do povo”. 

Os norte-americanos quiseram estabelecer uma separação clara entre religião e Estado, a fim de enfraquecer a antiga influência militarista do culto xintoísta de adoração do imperador.

Mas não conseguiram ser inteiramente bem-sucedidos. Muitos japoneses ainda seguem os velhos costumes. Duas cerimônias diferentes foram realizadas no funeral de Hirohito: uma secular e estatal e a outra tradicional e xintoísta. E como reação à morte de Hirohito, pelo menos dois velhos soldados se suicidaram para mostrar sua devoção pelo antigo imperador-deus. 

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