Mulheres guerreiras: conheça as amazonas da vida real

Saiba mais sobre a verdadeira história por trás da lenda das amazonas que inspirou personagens como Mulher Maravilha e Xena, a princesa guerreira.

Redação | 24 de Junho de 2019 às 11:00

SergeyKlopotov/iStock -

Não há registro de alguém ter visto uma amazona, mas elas provocavam o medo entre os antigos gregos. A simples menção do nome inspirava terror: significava “sem seio” – uma referência à lenda de que as guerreiras de uma assustadora horda extirpavam um dos seios a fim de atirar lanças e envergar o arco com maior eficácia.

Sempre fora de alcance

Mais mito do que realidade, estas audazes combatentes foram referidas por Homero – a rainha tomara o partido de Tróia e ajudara a destruir Aquiles, o grande herói grego –, mas permaneceram invisíveis. À medida que os gregos exploravam os territórios à sua volta, a suposta terra das amazonas ia recuando para além do mundo conhecido.

Arqueólogos e historiadores estão agora convencidos de que os sármatas, que viveram na atual fronteira entre Rússia e o Cazaquistão, podem ter inspirado histórias de intrépidas mulheres-soldados, pois foram encontradas num sítio da região ossadas de mulheres enterradas com suas armas.

O exército de Daomé

Um grupo de verdadeiras amazonas era o exército feminino do Daomé (atual Benin), na África Ocidental. Em meados do século XIX, Gezo, rei do Daomé, ordenou que a uma certa idade (supõe-se que 18 anos) todas as jovens do reino comparecessem para uma possível incorporação militar.

As que possuíam os necessários requisitos físicos eram submetidas a treinamento intensivo, que culminava com a travessia de uma barreira de 5m de espinhos e um fosso de lenha em brasa – e nuas! Gezo formou esta força especial de mulheres por um motivo que devia escandalizar os conceitos atuais: como nunca tinham conhecido independência, obedeceriam sempre às ordens. Elas eram também – pelo menos para protegê-las das atenções de outros – oficialmente incluídas entre as esposas do rei. Mas havia outro aspecto: o Daomé sempre tivera mulheres-soldados, e Gezo vira que elas lutavam melhor do que os homens de seu exército.

Sua maior batalha foi também a última. Em 1851, Gezo atacou os egbas, tribo rival, em Abeokutá. A certa altura, uma divisão de poucas centenas de mulheres pôs em debandada 3.000 guerreiros egbas, e depois, com a desvantagem de 15 para um, atacou outra força de defensores. Estes tiveram de escalar as pilhas formadas por seus mortos antes de vencerem finalmente a temível infantaria de fêmeas.

O conflito final

Quase 5.000 “amazonas” morreram no assalto sangrento. Embora as perdas do inimigo fossem cinco vezes superiores, o batalhão feminino ficou drasticamente enfraquecido e a sua importância foi se desvanecendo – um desaparecimento acelerado pelo crescente ressentimento dos homens do Daomé, proibidos de casar com as mulheres mais cativantes do país antes de elas deixarem o exército, aos 35 anos.