Quais são os bons modos à mesa pelo mundo

Descubra quais são os bons modos para comer fora no mundo inteiro.

Redação | 14 de Janeiro de 2019 às 21:00

ILUSTRADO POR JAN BAZING -

Não importa se são negócios ou prazer, se você está num hotel ou num acampamento. Mais cedo ou mais tarde, quem viaja para o exterior vai se ver num restaurante local. Os bons modos para comer fora pode ser tão confuso e diversificado quanto as opções do cardápio. Nossos colegas editores do Reader’s Digest do mundo inteiro revelam aos visitantes o que fazer e o que não fazer em seus países:

Europa

Alemanha:

Não espere para se sentar! Em muitos países, seria grosseria, mas em grande parte dos restaurantes da Alemanha é perfeitamente aceitável que você entre e escolha sua mesa. “Principalmente no almoço, em restaurantes não muito elegantes, escolher qualquer lugar ainda é amplamente praticado em meu país”, diz Doris Kochanek, editora executiva do Reader’s Digest na Alemanha. As mesas reservadas com antecedência têm uma plaquinha anunciando: “Reserviert”. Fique longe delas, além das tradicionais “Stammtisch”, isto é, se a mesa dos fregueses regulares encontrada em muitas estalagens rurais. É lá que os moradores, principalmente homens, se sentam para tomar a famosa cerveja alemã e jogar cartas.

“Outro costume local que faz muitos colegas internacionais balançar a cabeça é a divisão da conta”, diz Doris. “Depois de pedir para pagar, a maioria dos garçons vai perguntar se você quer contas separadas ou uma conta só.” Quando almoçar com colegas de trabalho ou jantar com amigos, as contas separadas são ótimas, a não ser que os fregueses sejam claramente uma família ou um casal romântico.

Áustria:

“Só um cafezinho” não existe! Viena é a capital mundial extraoficial dos cafés. O primeiro foi fundado em 1685 por um mercador armênio de Istambul chamado Johannes Diodato.

Hoje, a multiplicidade de tipos de café oferecidos na Áustria pode ser assustadora para o visitante. “Nunca peça apenas ‘um café’; o garçom espera que você seja mais específico”, diz Gerd Grabul, de nossa sucursal em Viena. Escolha um kleiner Brauner (expresso com um pouco de leite), um großer Schwarzer (expresso duplo), um Fiaker (expresso com creme batido e uma dose de rum), um Einspänner (expresso com muito creme batido), um Verlängerter (partes iguais de expresso e água quente) ou um Kapuziner (com uma dose de creme de leite líquido).

E se você também se servir de um pedaço de Strudel de maçã ou de Sachertorte, logo entenderá por que as pessoas adoram ir aos cafés vienenses mas relutam tanto em sair!

Finlândia:

Não é o lugar mais barato para comer fora. O Nanny State Index de 2017, iniciativa do Centro de Informações Políticas Europeias, classifica a Finlândia como o pior país para “comer, beber e fumar”. Mas isso tem mais a ver com o preço elevado do que com a qualidade da comida. “A Finlândia tem os impostos sobre bebidas mais altos da Europa”, afirma Ilkka Virtanen, editor-chefe de nossa revista finlandesa. “O fato de os funcionários receberem mais pelas horas extras e pelo trabalho nos fins de semana também aumenta o preço dos restaurantes.”

Em consequência, na Finlândia normalmente não se espera que você dê gorjeta ao garçom; se quiser mostrar sua apreciação, arredonde a conta para cima. Hanna Immonen, editora executiva de nossa sucursal em Helsinque, dá uma dica aos donos de animais e aos alérgicos a pelo de cachorro: “Geralmente, há uma placa na porta informando se a entrada de cães é permitida no restaurante.”

ILUSTRADO POR JAN BAZING

França:

Como madame quiser! Na terra dos guias Michelin e Gault & Millau, além de insistir na excelente comida e nos bons vinhos, as pessoas também prezam a etiqueta, com maneiras impecáveis à mesa, pelo menos nos restaurantes mais caros. “Nunca ponha os cotovelos na mesa. E é o garfo que vai à boca, não a boca que vai ao garfo”, diz Stéphane Calmeyn, editor-chefe de nossa revista na França.

Os franceses também são bastante antiquados na hora de pagar a conta: “Em geral, é o homem que paga”, revela Stéphane. “Em restaurantes caros, costumam entregar à mulher um cardápio sem preços. Se ela quiser um aperitivo ou uma entrada, o homem também pedirá, mesmo que na verdade não queira.”

Itália:

Como comer espaguete, com ou sem colher? Só há um modo correto: “Os adultos, pelo menos, só deveriam usar o garfo. Você enrola direitinho o espaguete nele, apoiado na lateral do prato”, diz nosso tradutor italiano Mario Giacchetta. “É preciso um pouco de prática, mas você logo pega o jeito.” A única coisa pior do que usar a colher é usar a faca: “Cortar o espaguete é praticamente um crime”, conclui nosso especialista italiano.

Países Baixos:

Esqueça a comida local! O conselho sincero dado por Paul Robert, editor-chefe de nossa revista holandesa, talvez não seja bem aceito por seus conterrâneos: “Não peça comida holandesa típica”, avisa ele aos visitantes estrangeiros, “a não ser para provar nossos fantásticos stroopwafens recheados de mel e a enguia defumada, uma verdadeira iguaria.”

De qualquer modo, só um punhado de restaurantes serve a culinária holandesa tradicional. “Nos últimos trinta anos, surgiu uma cultura culinária fantástica que combina influências do mundo inteiro”, acrescenta Paul. “Mas, se quiser mesmo provar um guisado holandês de endívia com linguiça defumada e mostarda, arranje quem o convide para comer em casa.”

Noruega:

Ter braços compridos ajuda! Em alguns países, estender o braço sobre a mesa e os pratos é malvisto, mas na Noruega é perfeitamente aceitável inclinar-se sobre alguém para pegar o sal, a pimenta ou a manteiga. “É o que chamamos de ‘braço norueguês’”, explica Carina Mælen, que trabalha em nossa edição norueguesa. O costume significa que não é preciso importunar constantemente os outros para lhe passarem isso ou aquilo.

Outra coisa que você pode fazer é brindar com o copo vazio. Não porque as bebidas sejam muito caras na Noruega, mas “porque o brinde é considerado uma ação simbólica, e não há necessidade de esperar sempre que todos encham o copo”, diz Carina.

Polônia:

Há algumas regras tácitas para quem frequenta os restaurantes poloneses. “Como o maior lucro vem das bebidas, há uma certa pressão para você pedir um refrigerante com a refeição e um café ou chá para terminar”, explica Piotr Wierzbowski, editor-chefe de nossas publicações polonesas.

“É ok dividir a conta, mas, se possível, avise ao garçom quando fizer o pedido. No entanto, se você for homem e jantar fora com uma mulher, espera-se que pague a conta sozinho.”

Portugal:

Nunca palite os dentes à mesa! Os portugueses são um povo tranquilo e muito tolerante com os modos dos visitantes estrangeiros. Mas essa tolerância evapora de repente se você começar a palitar os dentes à mesa. Hanna Immonen, editora executiva de nossa revista finlandesa, lembra-se com nitidez da ocasião em que pediu palitos ao garçom num restaurante em Lisboa: “Nossos amigos portugueses ficaram muito chocados.”

Mário Costa, editor-chefe de nossa revista em Portugal, aconselha: “Nunca use palitos à mesa em Portugal, nem mesmo se os esconder atrás da mão.”

Espanha:

A hora e o lugar de dividir a conta! Há décadas os espanhóis recebem estrangeiros em seus bares e restaurantes. Ao entrar, geralmente o garçom lhe indicará uma mesa; portanto, não passe direto nem se sente onde quiser. Em nenhuma circunstância pergunte a outros fregueses se pode se sentar à mesa deles. “Há um ou outro bar especial onde se pode fazer isso, mas não é nada comum”, diz Natalia Alonso, editora-chefe de nossa revista espanhola.

Na hora de pagar, as diversas regiões têm tradições diferentes. “Normalmente, a conta só é dividida nas refeições entre amigos e em famílias grandes”, afirma Natalia, que mora em Madri. “Na Catalunha, as pessoas geralmente dividem a conta, mas na Andaluzia é mais comum alguém pagar a primeira vez e, depois, outra pessoa pagar a seguinte.”

Suíça:

Fondue é para o inverno! Chocolate e queijo são dois alimentos que tornam a Suíça conhecida no mundo inteiro. “Mas o famoso fondue de queijo da Suíça só se come no inverno”, diz Alexander Vitolic, editor executivo da Reader’s Digest suíça. Ele é servido com pão branco e batata cozida, acompanhado de chá ou vinho branco – nunca vinho tinto. Se você for fã de queijo derretido, peça uma raclette nas épocas mais quentes do ano.

Reino Unido:

Alex Finer, editor-chefe de nossa sucursal europeia em Londres, tem uma dica útil para reservar uma mesa num restaurante britânico: “Anuncie seu nome ao telefone, como se fosse um freguês regular, e peça uma boa mesa. Se mesmo assim lhe derem uma mesa junto ao banheiro, peça para ser transferido para outra à sua escolha. Ou, simplesmente, vá embora do restaurante.”

Esse tipo de atitude proativa é útil quando um restaurante acrescenta à conta a “taxa opcional de serviço” de 10% a 12%. “É preciso ousadia para removê-la antes de pagar, mesmo que você tenha recebido um serviço indiferente”, diz Finer. Se você vai pagar com cartão de crédito e quer ter certeza de que seu garçom receberá a gorjeta, pergunte se a taxa de serviço vai diretamente para o garçom. “Se não for, pague a conta com o cartão sem a taxa de serviço e deixe em dinheiro a gorjeta que considerar adequada.”

Américas

Argentina:

A privacidade é sagrada! Você não verá ninguém dividindo a mesa com desconhecidos num restaurante argentino. “Isso iria completamente contra a privacidade que se espera quando as pessoas vão comer juntas”, diz Daniel Weigandt, editor-chefe de nossa revista argentina. “A regra se aplica até às cadeias de lanchonetes!”

A gorjeta é obrigatória na Argentina, embora o valor dependa de sua satisfação com o serviço. “Se tiver de esperar mais de meia hora pelo pedido, isso é considerado um sinal de que o cozinheiro não pode ser muito bom”, acrescenta Daniel. “Pelo mesmo padrão, se a comida chegar à mesa em menos de quinze minutos, os fregueses vão desconfiar que não foi feita na hora.”

Daniel também dá uma dica caso você receba um convite para jantar na casa de alguém: “Faça o que fizer, não chegue cedo nem seja pontual. O ideal é estar lá com dez ou quinze minutos de atraso. E não se esqueça de levar um presente para o anfitrião!”

EUA:

Não esqueça a gorjeta! Dar gorjetas sempre foi uma questão complicada para quem vai aos Estados Unidos. Diz a tradição que os funcionários da maioria dos restaurantes locais precisam tanto das gorjetas para completar seu salário que ela só é opcional teoricamente.

“Faz tempo que o padrão nos EUA é acrescentar 15% a 20% ao total da conta como gorjeta”, conta Thomas Dobrowolski, gerente de direitos globais de nossa empresa americana. “Mas, em certos locais turísticos, como Miami Beach, a gorjeta agora é sempre acrescentada à conta pelo restaurante, geralmente 18%.” Confira a conta para não dar gorjeta duas vezes sem querer!

Oceania

Austrália:

“Uma das maiores tradições dos restaurantes australianos é a possibilidade de levar a sua bebida”, diz Greg Barton, editor de humor do Reader’s Digest Austrália. “Os fregueses podem levar bebidas alcoólicas para o restaurante, embora em geral isso se limite ao vinho.”

Os restaurantes ainda conseguem ganhar dinheiro cobrando a “rolha”, em geral entre quatro e oito dólares australianos por pessoa. “Fica a cargo de cada restaurante determinar o preço da rolha”, explica Greg. “Embora alguns não cobrem nada, os lugares mais famosos e elegantes chegam a cobrar trinta a cinquenta dólares por garrafa. Isso acaba com a razão de levar o seu…”

O melhor é perguntar com antecedência, para que o vinho barato que você pegou em sua adega caseira de repente não lhe custe uma fortuna.

Ásia

Índia:

Cuidado com a vasilha! No fim de uma refeição deliciosa em um restaurante de comida indiana tradicional, o garçom pode pôr vasilhas com água morna e uma fatia de limão junto de cada comensal. Isso não é algum tipo de bebida aiurvédica digestiva! “São lavandas, pois muitos fregueses locais preferem usar as mãos para comer pratos indianos”, explica Gagan Dhillon, editor colaborador de nossa revista indiana em Noida, perto de Nova Délhi.

“Na hora de pagar a conta, prepare-se para uma batalha ou, pelo menos, uma rápida rixa, principalmente se você tiver sido convidado”, diz a subeditora Chitra Subramanyam. “Se o anfitrião insistir em pagar, e insistirá, é melhor agradecer com educação. Se quiser dividir a conta, combine isso com antecedência.”

Taiwan:

Não bata no copo! “Para os chineses, sentar-se à mesa para comer com os outros é fortalecer laços e relacionamentos”, diz Raycine Chang, editora executiva da edição chinesa de Taiwan. “Gostamos que as refeições sejam bastante felizes e informais.” Raramente se fazem anúncios sérios à mesa. No entanto, se sentir necessidade de fazer um brinde na China, faça. Mas evite bater no copo para chamar a atenção dos outros.

Na China, esse seria um comportamento muito inadequado, porque, bem antigamente, os mendigos passavam nas ruas batendo no prato para pedir comida. “Se quiser exprimir sua gratidão pelo anfitrião, por exemplo, converse um pouco com ele e, depois, erga o copo e diga: ‘A você’”, explica Raycine.

Tailândia:

No exterior, é sempre uma gentileza saber (e usar) pelo menos algumas palavras e expressões no idioma local. Na Tailândia, isso pode ser essencial na hora de comer fora. As palavras que você precisa saber são Mai pet kah para as senhoras e Mai pet krap para os cavalheiros. Provavelmente você já adivinhou; significam “sem pimenta, por favor”. Se quiser cuspir um pouco de fogo depois de comer, talvez você queira experimentar Ped nid noi kah/krap.

“Com ou sem pimenta, mostre sua gratidão pela boa comida que lhe serviram”, aconselha o famoso ilustrador Ingo Fast, que mora na Tailândia com a família há mais de seis anos. “Faça algum barulho mastigando e estale os lábios.” Tem vergonha de agir assim? Bom, então eis outra expressão que você precisa conhecer: “Aroi mak mak – realmente delicioso!”

ILUSTRADO POR JAN BAZING

Por MICHAEL KALLINGER