Rimbaud: o traficante de armas que era um grande poeta

O escritor Arthur Rimbaud se tornou um dos maiores escritores da França do século XIX, mas você sabia que ele já foi traficante?

Redação | 17 de Julho de 2019 às 19:00

Tommy Johansen/Freeimages -

Em março de 1891, um traficante de 37 anos, com uma perna cancerosa, era transportado através do deserto da Arábia com destino a Áden. Fazendo um esforço sobre-humano, Arthur Rimbaud regressava à França, após ter passado dez anos na Arábia e na África, onde trabalhara como comerciante, participara de expedições para obter marfim e fornecera armamentos a obscuras guerras. Negociante relativamente bem-sucedido, conseguira juntar cerca de 30.000 francos – uma quantia apreciável.

Ninguém – e muito menos ele próprio – suspeitaria de que esse aventureiro seria considerado em breve um dos grandes poetas franceses. Desde 1874 não escrevia uma linha e, na França, julgavam-no morto.

Criatividade precoce

Rimbaud escreveu poemas entre os 15 e os 20 anos. Depois de sair de sua cidade natal – Charleville – rumo a Paris, travou amizade com o poeta Paul Verlaine. Juntos, escandalizaram o mundo literário, bebendo absinto, fumando haxixe e ridicularizando acadêmicos ilustres. Ambos ganharam fama, mas a poesia de Rimbaud foi ignorada.

Em 1873, durante uma discussão, Verlaine feriu Rimbaud com um tiro e foi preso. Os outros escritores culparam Rimbaud e afastaram-se dele. Foi então que o poeta compôs Uma Temporada no Inferno e, em seguida, renunciou à poesia.

Conforme ele mesmo diz nesse poema, tentou reinventar a língua, dar “cor às vogais e novo sentido às palavras”. Mas, sentindo que sua obra falhara, certa noite, deprimido, queimou todos os manuscritos. Depois, abandonou a França para vagar pela Europa e pela África.

Graças em grande parte a Verlaine, a obra de Rimbaud começou a ser publicada no final da década de 1880, mas ele nunca soube desse sucesso tardio. Quando finalmente chegou à pátria, em maio de 1891, teve sua perna direita amputada, mas o câncer já se havia propagado. Três meses depois, Arthur Rimbaud morria.