Torre Grenfell: uma história de sobrevivência e luto

O incêndio da Torre Grenfell ocorrido em 14 de junho de 2017 emocionou e chocou o mundo. Veja relatos de pessoas que estavam no prédio e surpreenda-se!

Redação | 14 de Fevereiro de 2019 às 19:00

@ GUILHEM BAKER/LONDON NEWS PICTURES/PRESSFRAME -

O primeiro telefonemada Torre Grenfell para o serviço de emergência ocorreu aos 54 minutos de 14 de junho de 2017. Uma geladeira com defeito pôs fogo na cozinha de um morador do quarto andar. Aos 56 minutos, dois caminhões de bombeiros do posto de North Kensington estavam a caminho com a sirene ligada.

Quando os caminhões pararam junto à torre, ainda não havia indícios de que um incêndio ardia lá dentro. Os homens tiraram dos caminhões os rolos de mangueira, ligaram-nos aos hidrantes e se prepararam para entrar no prédio.

Incêndios acidentais em prédios de concreto são eventos de rotina. Quando os prédios são construídos e mantidos com o devido temor e respeito ao fogo, os casos são fáceis de controlar. Os bombeiros respondem ao chamado, entram rapidamente, isolam o incêndio no andar e o apagam.

A ação dos bombeiros

Os bombeiros entraram na Torre Grenfell e subiram até o quarto andar, passando na escada por moradores que tinham sido acordados pela comoção e pela fumaça. Dois bombeiros com equipamento de respiração arrombaram a porta do apartamento atingido, apontaram as mangueiras para as chamas e encharcaram tudo que ardia.

Lá embaixo, no saguão, o bombeiro veterano David Badillo, de 44 anos, trazia equipamento extra dos caminhões. Ciclista e maratonista, ele servia ao distrito havia 17 anos. Antes de se tornar bombeiro, fora salva-vidas de uma piscina próxima, e conhecia pessoas que moravam na torre.

Badillo passava pelo saguão da Grenfell, a caminho de buscar mais equipamento nos caminhões, quando foi parado por uma moça perto da entrada. Ela era moradora, explicou, e a irmã de 12 anos estava no 20º andar. A moça estava angustiada com a ideia de que a irmã ficara sozinha. A mãe trabalhava à noite e o pai saíra para visitar um amigo.

Ele perguntou o nome – Jessica – e pegou a chave do apartamento. Não estava com equipamento de respiração, mas mesmo assim entrou no elevador e apertou o botão do 20º andar.

O que David encontrou na Torre

Enquanto subia pela torre, os moradores que saíam do prédio falavam de fogo no quinto e no sexto andares. Para um bombeiro urbano experiente, isso não fazia sentido. Um incêndio num prédio alto seria contido pelas paredes de concreto do apartamento em que ardia. Um incêndio no quarto andar permaneceria no quarto andar.

O elevador de Badillo chegou ao 14º ou ao 15º andar quando parou e as portas se abriram. Imediatamente, uma fumaça negra, cegante e silenciosa o cercou.

O fogo do quarto andar chegara à parede externa da torre e, de forma impensável, atingira o revestimento externo transparente. Grossas labaredas cor de âmbar lambiam a fachada nordeste da torre. O que, por dentro, parecia um incêndio controlável causado por um eletrodoméstico controlável estava se transformando numa catástrofe no lado de fora, uma grave ameaça aos londrinos que ali residiam.

Aquela torre era de concreto. O concreto não é inflamável. E os que estavam na Grenfell falavam de uma sensação desorientadora – “como um sonho” – enquanto observavam o fogo subir em volta da torre até engoli-la. Um dos primeiros policiais a chegar ao local diria, mais tarde, que “o prédio estava derretendo”.

O edifício havia sido reformado recentemente; as parabólicas aparafusadas nas paredes externas foram removidas e substituídas por quadrados alinhados de painel isolante, de modo que o núcleo de concreto marrom do prédio de 1970 – exposto durante 50 anos – ficou escondido atrás da prata azulada do novo revestimento. Foi esse revestimento que pegou fogo.

Cerca de 350 pessoas moravam na torre, em apartamentos de um e dois quartos empilhados em 24 andares. Havia pelo menos 320 pessoas lá dentro.

Parede de fumaça

Como Oluwaseun Talabi, de 30 anos, a maioria dos moradores dormia. Ele morava com a companheira, Rosemary, e a filha de 4 anos num apartamento no 14º andar.

Talabi acordou à 1h30, perturbado por gritos vindos de baixo. Achou que fosse uma festa. A filha de 4 anos viera para a cama dos pais enquanto eles dormiam, e Talabi se recostou a seu lado e tentou adormecer.

Talabi acordou uma segunda vez, e agora conseguiu entender o que gritavam na base da torre: “Fogo! Fogo!”

Não havia alarme de incêndio comunitário audível na Torre Grenfell. O prédio não tinha sprinklers. (A lei da Inglaterra que exige sprinklers em edificações com mais de 30 metros de altura só se aplica a prédios novos.) Um boletim do setor da construção civil descreveu a política de emergência em caso de fogo:

“Nossa antiga política do ‘fique onde está’ continua em vigor”, aconselhava o boletim. “Afinal, a Torre Grenfell foi projetada de acordo com rigorosos padrões de proteção contra incêndios.”

Como conselho, “fique onde está” faz algum sentido lógico, pelo menos num prédio de concreto. A ideia endossada pelo corpo de bombeiros é que, se ficarem onde estão enquanto não puderem avistar o fogo, os moradores não fugirão de uma área de relativa segurança para outra de ameaça. É claro que essa ideia nada significa quando o fogo é capaz de se espalhar pela lateral de um prédio, longe do núcleo de concreto.

Ele acordou Rosemary e pegou as roupas enquanto ela vestia um roupão. Ele não ia ficar parado. Pegou a filha no colo, deu a mão a Rosemary e correu com elas até a porta da frente. Eles a abriram e foram recebidos por uma parede de fumaça densa e fedorenta. Tinha cheiro de produtos químicos, e Talabi achou que não sobreviveriam a algumas respiradas. Então, puxou todo mundo para dentro outra vez.

Reféns do fogo na própria casa

Eles enfiaram toalhas molhadas pelas bordas da porta da frente. Em seguida Talabi reuniu todos os lençóis que encontrou. Olhou pela janela do quarto.

Talabi correu até a cozinha para tentar ver o fogo. Faixas de labaredas envolviam a Torre Grenfell como um pano torcido. Ele viu coisas inexplicáveis e contraditórias. Fumaça vinda de baixo. Fogo vindo de cima. Fogo caindo, fazendo um som quando grandes fatias reluzentes de alguma coisa se soltavam dos andares superiores e passavam em queda livre pela janela da cozinha.

O casal voltou para o quarto. Eles andaram de um lado para o outro, ligaram para o serviço de emergência e tentaram pensar. Alguns vizinhos foram para o apartamento deles, expulsos de seu lar pela fumaça. Dois eram irmãos sírios, de 20 e poucos anos. Um deles notou que Talabi estava amarrando lençóis.

O fogo se aproximou de seu canto do prédio. Talabi prendeu a ponta dos lençóis amarrados dentro do quarto, jogou o resto pela janela aberta e depois saiu por ela. Pendurado no lado de fora da Torre Grenfell, os dedos agarrados à moldura da janela do quarto, ele pediu a Rosemary que lhe passasse a filha. Mas a menina, chorando e se debatendo, não permitiu que a pusessem para fora da janela. Ela se afastou da moldura, e nesse momento Talabi viu que seu plano – descer agarrado aos lençóis com uma das mãos, a filha na outra – não daria certo.

A crença no plano falhou, suas forças também falharam. Ele percebeu que não conseguia voltar para dentro do quarto. Tentou firmar os pés em algum ponto, mas o revestimento do prédio era escorregadio demais, e os pés não se prendiam. Ele parou de chutar e se agarrou à moldura da janela.

Decisões sem vitória

No 22º andar, uma mãe de três filhos fazia orações. No 17º, uma família recitava du’as do Corão. Havia pessoas de todas as religiões na torre, de todas as profissões, um grande número de crianças e idosos. A Grenfell tinha cabeleireira, cozinheiro, faxineira, guarda de segurança. Uma aposentada do 16º andar pintava, um homem do 21º criava sites na internet.

Havia um aluno de pós-graduação em arquitetura que alugava a cobertura; um jovem professor de criminologia que morava com a tia. Os irmãos do andar de Talabi eram refugiados recentes da guerra da Síria. Um homem do 23º andar viera para Londres décadas antes, fugindo do conflito no Afeganistão. Um sudanês fora visitar a mãe naquela noite. Mais tarde, seu corpo foi encontrado no chão, perto da torre. Ele pulara. O homem do Afeganistão também pulou e foi encontrado no chão. A artista do 16º andar foi identificada pela ficha do dentista, o cozinheiro pelo DNA.

Morreu gente na escada, perto do elevador, em casa. Falavam no celular com os serviços de emergência ou com parentes e amigos, em várias línguas, até a ligação cair ou apenas silenciar. Parentes da mãe de três filhos do 22º andar diriam depois que as últimas palavras que ela lhes dirigiu foram sobre perdão. “Parecia que ela sabia que o céu a esperava”, disseram.

Os bombeiros guiaram, carregaram e arrastaram moradores para longe do fogo naquela noite. E deixaram moradores para trás. Tomaram centenas de decisões sem vitória.

A saga de Badillo

A menina do 20º andar nunca foi encontrada por David Badillo. Quando o elevador onde Badillo estava abriu a porta no meio da torre, ele teve de tatear seu caminho às cegas até a escada. Desceu correndo até o andar térreo, onde pegou o equipamento de respiração e encontrou outro bombeiro disposto a acompanhá-lo de volta até lá em cima. Eles subiram 20 andares até o apartamento da garota. A essa altura, naqueles andares superiores, a fumaça estava tão concentrada que os socorristas tinham de encostar a máscara na porta para ler o número dos apartamentos. Quando Badillo e seu parceiro acharam a porta certa, ela estava escancarada, como se a menina – Jessica – já tivesse fugido.

Ainda assim, os dois bombeiros revistaram o interior, tateando pelas paredes, gritando, gritando, até se convencerem de que não havia ninguém lá dentro e o tanque de ar do parceiro de Badillo começar a apitar, avisando que o ar estava acabando. Eles tiveram de desistir da menina de 12 anos, senão morreriam.

Badillo e seu parceiro abandonaram o apartamento do 20º andar e voltaram à escada. Estavam com estresse térmico, à beira de um desmaio, quando chegaram ao térreo.

As difíceis escolhas

Os bombeiros fizeram centenas de escolhas naquela noite: se ajudavam os que corriam perigo na escada ou se continuavam subindo e tentavam chegar aos que estavam mais acima. A entrega do equipamento de respiração de um bombeiro a civis (sempre uma tentação perigosa) é proibida pelo Corpo de Bombeiros de Londres – mas aconteceu, e depois foi perdoada, como parte da anistia a toda a brigada naqueles procedimentos cotidianos ignorados por bombeiros nessa evacuação frenética, suja e impossível.

No lado de fora, os bombeiros tiveram de usar as mangueiras num de seus próprios caminhões, incendiado pelo revestimento que caía. Para muitos moradores retirados, a parte mais aterrorizante da fuga aconteceu depois que estavam fora do prédio, correndo em busca de um lugar seguro, sob uma chuva de pedaços de metal em queda. Os bombeiros corriam de um lado para outro, levando moradores sob escudos.

De madrugada, horas depois da chegada dos primeiros bombeiros, ainda havia moradores presos. Ainda acenando e gritando “Socorro!”. Às cinco da manhã, praticamente não se via mais ninguém nas janelas da Grenfell. Os bombeiros no chão punham a mão na cabeça, ofegavam e eram de uma franqueza deprimente uns com os outros: “Não vamos conseguir tirar todo mundo.” Quando, mais cedo naquela madrugada, eles viram um homem no 14º andar pendurado numa janela, com uma corda de lençóis se agitando atrás dele, o máximo que puderam fazer foi gritar para que voltasse para dentro.

Alguns saíram, outros não

Um estudante do oitavo andar saiu, junto com a tia com quem morava e todos os vizinhos de seu andar, porque ele estava acordado e pôde despertar todo mundo quando o incêndio começou. Um homem do 16º andar recebeu o telefonema de um vizinho. Ele enrolou uma toalha no rosto e correu.

Mais de 600 ligações de emergência vindas da Torre Grenfell foram registradas em 14 de junho. Nos telefonemas feitos antes das 2h47 da madrugada, os moradores foram aconselhados a permanecer em seus apartamentos, segundo a política de emergência. Depois daquela hora, “Fique onde está” foi abandonado, e o conselho aos moradores foi fugir, se possível.

Os bombeiros comuns são proibidos de dar entrevistas à imprensa antes do término das investigações. A irmã de Badillo contou que, quando foram liberados, seu irmão e os outros bombeiros foram tomar uma xícara de chá, instruídos a não falar e mandados para casa. De volta ao lado da esposa e da filha pequena, Badillo tentou dormir, mas não conseguiu. Acabou lendo sobre a Grenfell no celular e, enquanto rolava o mural no Facebook, viu mensagens de dois irmãos chamados Carlos e Manfred Ruiz, amigos com quem trabalhara como salva-vidas.

Os irmãos Ruiz procuravam a sobrinha de 12 anos, que não era vista desde o início do incêndio. Badillo falou com eles pelo telefone, e eles disseram que a garota morava no 20º andar. E se chamava Jessica.

Um nó se apertou na boca do estômago de Badillo e lá ficou durante semanas.

Até então ele admitia uma culpa frouxa e surda pela promessa feita à mulher no saguão – culpa por frustrar desconhecidos. Agora ele sentia que frustrara alguém que conhecia.

Muitas vítimas do incêndio, principalmente as que estavam nos andares mais altos, tinham subido para tentar escapar.

O resultado da tragédia

O mais próximo possível do cordão policial, um anel de homenagens cresceu em torno da torre. Amarradas a cercas de jardins, empilhadas contra a parede das igrejas, presas a barricadas de aço, havia fotos e mensagens. A menina que morava no 20º andar (Jessica Urbano Ramirez) estava entre as vítimas cuja identificação levou muitas semanas. Logo depois do incêndio, na ausência de certeza, cartazes dela foram distribuídos com tanta insistência pelo bairro que o rosto de Jessica se tornou um símbolo angustiante do que aquela noite lhes custara.

Só em novembro os investigadores puderam dar a contagem de mortos: 71 pessoas (depois corrigida para 72). Ou talvez mais.

A fumaça sobe do prédio no dia seguinte, depois que o fogo engoliu a torre de 24 andares. ©VICTORIA JONES/PA ARCHIVE

Os últimos restos humanos visíveis foram removidos da torre no início de julho, e depois disso o trabalho continuou com a ponta dos dedos, com peneiras, com arqueólogos. O incêndio da Torre Grenfell, em seu ponto máximo, atingiu 980 graus. O que restou para os trabalhadores do rescaldo foram toneladas de cinzas.

Havia a possibilidade de que nem todos os que moravam na torre em 14 de junho fossem inquilinos documentados. Principalmente nos andares mais altos, visitantes não documentados podem ter morrido sem que ninguém soubesse onde estavam.

Um trabalhador do rescaldo disse que, depois do incêndio, os apartamentos não tinham “portas da frente, janelas, toda a massa corrida caíra, até a estrutura das paredes internas sumira. Era possível identificar um colchão, mas só pelas molas. Alguma louça, como um vaso sanitário, sobreviveu. Não havia mais nada, só as paredes de concreto. Dava para saber que alguns mortos ainda estavam naqueles apartamentos por causa dos padrões sob os escombros.

A vigília do dia 16 de junho

Na noite de 16 de junho, dois dias depois do incêndio, houve uma vigília ao lado da torre. Pessoas acenderam velas e formaram círculos em torno dos enlutados. David Badillo foi até lá, convidado por seus amigos, os irmãos Ruiz. Ele encontraria pela primeira vez o resto da família de Jessica. Badillo não sabia como a família da garota reagiria a ele. Sabia que tentara ao máximo salvá-la. Mas, como explicou outro bombeiro, “a gente sabe que os bombeiros fizeram o possível. No entanto, mesmo assim tivemos de deixar gente naquele prédio. Você é um dos que tiveram de sair”.

Na vigília, a família de Jessica abraçou Badillo com força, quase sem largá-lo. Ele chorou e lhes disse que sentia muito.

A vida depois da tragédia

Com a passagem dos dias e das semanas, os sobreviventes que tiveram alta do hospital foram morar em hotéis. Inquilinos de programas de habitação social receberam, do Conselho de Kensington e Chelsea, a promessa de novos lares, embora houvesse temores de onde e como seriam esses novos lares. Eles passaram por choque, pesar, raiva. Agora essa comunidade, mais do que tudo, estava exausta.

Em 19 de julho, os sobreviventes da Torre Grenfell compareceram a uma assembleia na sede do Conselho de Kensington e Chelsea. Alguns foram convidados a subir à câmara principal do conselho para falar, mas a maioria ficou numa galeria mais acima. Um grupo de sobreviventes exasperados provocou confusão, tentando descer até a câmara. Finalmente, também tiveram permissão de falar sobre sua experiência.

Na assembleia, David Badillo estava na galeria, novamente convidado pela família de Jessica. Mais tarde ele circulou pelo lado de fora da câmara e conversou com os sobreviventes. Notou alguém cujo rosto reconheceu – alguém cuja fuga improvável da torre fora muito comentada pelos bombeiros. Badillo se apresentou a Oluwaseun Talabi e apertou sua mão com vigor.

Talabi estava num hotel com a família desde que tinham saído do hospital, onde se trataram da inalação de fumaça. Fora visto pela última vez pelos bombeiros agarrado à janela do quarto, os pés se debatendo, exausto. Depois disso, contou Talabi, os dois irmãos sírios dentro do apartamento conseguiram pegá-lo e arrastá-lo de volta pela janela. Um desses irmãos agora estava morto. Não conseguiu sair. Havia mais três vizinhos abrigados no apartamento naquela noite. Também estavam mortos.

Abraço apertado

Dois meses depois da noite do incêndio, cerca de cem pessoas da comunidade se reuniram para homenagear os mortos e lembrar um marco pequeno, mas não insignificante, de sua recuperação. No meio delas estava David Badillo, com a filha pequena no colo. Ele procurou o amigo Carlos Ruiz, tio de Jessica, e os dois se abraçaram. Às sete da noite, o grupo partiu numa marcha planejada.

Caminhavam em silêncio por uma parte de Londres sempre barulhenta e com muito trânsito. Em resposta, a cidade se calou. As conversas se interromperam. Os passos se contiveram, e os ônibus pararam no meio da rua. Em todo o país, conselhos e proprietários abalados reexaminaram as medidas contra incêndio de seus prédios. Quilômetros quadrados de revestimento foram arrancados de outros arranha-céus. Em North Kensington há planos em andamento para cobrir a arruinada Torre Grenfell com uma lona até que esse mausoléu vazio possa ser inteiramente demolido.

A marcha seguiu uma rota que se afastava da torre e depois dava meia-volta. Quando chegaram de novo à Grenfell, David Badillo e a filha se separaram do grupo maior. O bombeiro ficou de lado para deixar os manifestantes passarem, como se tivesse dúvidas de que seu lugar fosse entre eles. No fim, ele continuou andando, passando pela torre a caminho do corpo de bombeiros, segurando a filha junto ao peito enquanto andava.


POR TOM LAMONT DA REVISTA GQ

DA REVISTA GQ (DEZEMBRO DE 2017), © 2017 DE CONDÉ NAST, CONDENAST.COM