Mulher de 40 anos: conheça a verdade nua e crua!

Aqui você vai tem uma história divertida de uma mulher de 40 anos que não é mais balzaquiana, e, sim, uma pós-balzaquiana.

Thaís Garcez | 7 de Novembro de 2019 às 20:10

Elwood Smith/Rir é o melhor remédio -

Quem é a mulher de 40 anos? Balzaquiana é umadjetivo que qualifica a mulher de 30 anos. Aquela que se assemelha às personagens de Balzac ou possui alguns de seus traços. A expressão “mulher balzaquiana” teve origem no romance “A Mulher de Trinta Anos”, de 1831-32, do escritor francês Honoré de Balzac. E a de 40? É pós-balzaquiana!


Quando se chega aos 40 anos, é hora de pensar duas vezes antes de usar uma minissaia.

O mesmo vale para os biquínis tipo fio dental, para os tops que deixam a barriga de fora ou para os jeans de cintura baixa, descoloridos e rasgados nas coxas; como se quem os usasse tivesse sido amarrado de bruços ao para choque de um carro e arrastado algumas vezes pelo quarteirão. Essas roupas são para gente jovem.

Ai de mim! É isso que as lojas estão vendendo. As lojas de roupas hoje se voltam exclusivamente para as adolescentes, que, é de se esperar, trocam de gosto a cada mês, assim que o mais novo exemplar das revistas de moda chega às bancas. Mas clientes como eu não podem comprar roupa nova mais do que uma vez a cada década, por causa do aperto financeiro a que se submetem para arcar com a rápida mudança da moda nas roupas das filhas adolescentes. Portanto, ninguém se preocupa em fabricar roupas para nós.

Esta é uma situação de risco. Exponha uma mulher de meia-idade a nada mais do que minissaias e tops minúsculos durante algum tempo, e ela vai acabar cedendo à pressão. Um dia, quando sua autoestima estiver perigosamente alta e a luz do provador perigosamente fraca, ela vai experimentar uma peça desenhada para a filha. Então, vai se perguntar: “Ah, por que não?” Se acontecer de estar fazendo compras com os filhos, a resposta lhe será dada. Porém, os maridos de meia-idade não vão lhes dizer o que precisam ouvir. Eles vivem num mundo encantado de negação da realidade e de um restinho de carnalidade. Além disso, ainda dão força, graças a Deus, às mulheres, na esperança de ver um pedacinho de carne.

As revelações de um biquíni

Há alguns dias meu marido me fez experimentar um biquíni. Um biquíni não é mais uma mera peça de roupa, mas um lembrete de que as partes do seu corpo vêm migrando nos últimos anos. Minha cintura, percebi aquele dia no provador, desapareceu debaixo das costelas, que, no momento, apoiam-se nos meus quadris. Estou exibindo o fenômeno da separação dos continentes, só que em sentido inverso.

O bumbum também ultrapassou suas fronteiras, invadindo um território que de direito pertence às coxas. Eu as tenho encorajado a fazer algo a respeito – dar ordem de retirada, colocar um cão de guarda. Elas, porém, não obedecem. As coxas quase nunca estão do nosso lado.

– Ficou ótimo! – diz Ed com um ar demente. – Vire-se.

– Vire-se você primeiro.

Ed não entende o que é óbvio para todas as mulheres da minha idade. O bumbum maduro de uma senhora não quer aparecer e ser reverenciado. Os estilistas da moda praia para senhoras sabem disso. Eles adicionaram cortininhas aos seus modelos, permitindo que os bumbuns caídos fiquem escondidos e/ou só recebam votos na intimidade. Que Deus tenha pena de mim! Entrei na era do biquíni com sainha! Esta era vem logo depois da fase dos óculos para leitura e poucos anos antes da fase em que não se sabe mais o nome de quem está cantando no rádio.

Até mesmo os joelhos são desleais. Há pouco tempo vi num jornal uma fotografia em que havia um círculo vermelho em volta dos joelhos da Demi Moore, 50 e poucos anos, chamando a atenção para o fato de eles estarem desaparecendo de baixo do excesso de pele flácida das coxas. Rá rá, disse a mim mesma, esse é o castigo por ter rosto e peitos bonitos. Em seguida, olhei para os meus joelhos, o que pretendo nunca mais fazer.

Nem tudo está perdido

O pé é a parte do corpo que o tempo deixa em paz, isto é, sem dúvida, aos 70 anos, você pode usar o tipo de sapato que quiser. Posicionados, como de fato estão, na “base da pilha”, a força da gravidade não constitui problema para os pés. Pelo menos era o que eu achava. Pouco tempo depois do fiasco do biquíni, experimentei um escarpim preto de saltinho baixo e bico fino do mesmo tipo que as atrizes da série Sex and the City usaram por 30 dias durante a primavera.

– Como ficaram os sapatos? – perguntou a vendedora.

Respondi, não muito satisfeita, que eles estavam me apertando e que não me deixavam exatamente parecida com as protagonistas de Sex and the City.

– Sabe o que é? – disse a garota. – Os pés achatam com a idade.

Fui procurar Ed e lhe contei sobre meus pés chatos. Ele sorriu e me abraçou. Pelo menos essa medida, a dos braços dele, ainda me serve e, por isso, sou feliz.

Por Anne Roumanoff