A sonhadora adolescente que criou Frankenstein

O sonho de Mary Shelley com Frankenstein aconteceu após o anfitrião, Lord Byron, sugerir que cada hóspede escrevesse uma história de terror.

Redação | 6 de Abril de 2019 às 09:30

PatriciaPix/iStock -

O monstro Frankenstein talvez pareça produto de um pesadelo, mas, de fato, o personagem veio ao seu criador (no caso, criadora) em sonho, tornando-se muito lucrativo. Entretanto, Mary Shelley tinha apenas 19 anos quando escreveu a história após sonhá-la.

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A jovem e seu sonho

Mary Wollstonecraft Godwin, como se chamava na época, estava visitando o poeta Lord Byron, com o namorado Percy Shelley. Por causa do mau tempo, o grupo foi forçado a permanecer dentro da mansão de Byron, ao lado do lago Genebra, tentando encontrar meios de se entreter. Parte desse entretenimento incluía a leitura de histórias de fantasmas. Byron sugeriu que cada um tentasse escrever uma nova história. Mary descreve muito bem o momento da sua inspiração:


Depois de repousar a cabeça no travesseiro, não dormi, nem se poderia dizer que eu estivesse pensando[…] Eu vi – de olhos fechados, mas com uma visão mental precisa –, eu vi o pálido estudante das artes profanas de joelhos ao lado da coisa que havia montado. Vi o odioso espectro de um homem estendido, que então, sob influência de algum motor poderoso, deu sinais de vida e agitou-se com movimentos canhestros, dotados de uma espécie de semivida. Terrível. Mas extremamente assustador seria o efeito de qualquer esforço humano na simulação do estupendo mecanismo de Criador do mundo.

[…] abri os olhos aterrorizada.

A ideia se apoderara da minha mente com tal força que um arrepio de medo percorreu todo o meu corpo, e desejei mudar a imagem medonha da minha fantasia para a realidade ao redor. […] não conseguia me livrar tão facilmente do fantasma hediondo; ele ainda  me perseguia. Devo ter tentado pensar em alguma outra coisa. Recorri à minha história de fantasmas – minha história de fantasmas cansativa e infeliz! Oh! Se ao menos eu pudesse inventar uma que amedrontasse o meu leitor tanto quanto eu tinha ficado amedrontada naquela noite!

Veloz como a luz e incitante – assim foi a ideia que veio à minha mente. “Encontrei-o! O que me aterrorizava irá aterrorizar os outros; e preciso apenas descrever o espectro que tinha me assombrado no travesseiro durante metade da noite.” No dia seguinte, anunciei que tinha pensado em uma história. Comecei aquele dia com as palavras “Foi em uma lúgubre noite de novembro”, fazendo somente uma transcrição dos terrores sombrios do meu sonho desperto […].


O resto, como se diz, é história. Até mesmo hoje a palavra Frankenstein é sinônimo de qualquer monstruosidade feita pelo homem, horrível e incontrolável. E, a propósito, Mary Wollstonecraft Godwin acabou se casando com Shelley. O que começou como uma história curta se tornou um romance, e a primeira edição do livro foi em 1818.

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