Como surgiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa?

Entenda a importância do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e o motivo da criação dessa data no Brasil. A conscientização pode trazer mudanças

Redação | 21 de Janeiro de 2019 às 16:46

mpafoto/iStock -

Respeitar a fé do outro e o direito à celebração de seus ritos é a base de uma convivência humana harmoniosa. Porém, muitas pessoas não conseguem conviver com essa pluralidade. Há alguns anos, na Bahia, a iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum, foi vítima de intolerância por ser praticante de religião de matriz africana. Além disso, foi acusada de charlatanismo e teve sua casa atacada por praticantes de outras religiões. Em 21 de janeiro de 2000, Mãe Gilda não resistiu a um infarto – causado por esses ataques – e faleceu. Para recordar esse fato triste e evitar que outros casos como esse aconteçam, foi criado por lei, em 2007, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

Essa data, além de relembrar o ocorrido em Salvador, busca promover os preceitos do Dia Mundial da Religião; que também é celebrado hoje. São eles: promover o diálogo e o respeito entre todas as religiões do mundo que pregam a bondade e o amor ao próximo. O Dia Mundial da Religião, por sua vez, foi instituído em dezembro de 1949, durante a Assembleia Religiosa Nacional dos Baha’is, na Pérsia. Desde então, o trabalho de conscientização permanece.

Casos de intolerância religiosa

Infelizmente, mesmo com a existência dessa data, ainda é preciso muito esforço para que haja mais entendimento. Somente no Rio de Janeiro, os casos de intolerância religiosa cresceram 56%; comparando os quatro primeiros meses de 2017 com os mesmos meses de 2018. Os dados são da Secretaria de Direitos Humanos, que contabilizou 112 denúncias entre janeiro de 2017 e abril de 2018. Portanto, fica claro a necessidade de um trabalho de educação básica quanto aos direitos e deveres de cada cidadão. Além disso, a divulgação de que atos como esse são considerados crime.

As religiões de matrizes africanas são as que mais sofrem ataques desse tipo. Inclusive, o busto em homenagem à Mãe Gilda, localizado em Salvador, já foi alvo de vandalismo em 2016. Mas, em novembro do mesmo ano foi reinaugurado para que os praticantes da mesma fé possam lembrar da importância do trabalho e da vida dela. Os espaços sagrados precisam ser respeitados, a diferentes crenças precisam ser compreendidas, e os intolerantes precisam ser repreendidos. Só assim o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa terá cumprido o seu objetivo.

Para aprofundar um pouco mais sobre a importância dessa data, assista o pedido que o Papa Francisco faz para todas as pessoas. O diálogo inter-religioso pode mudar o mundo.

Vale lembrar que atos de violência, preconceito e intolerância religiosa são considerados crimes. Portanto, podem ser denunciados pelo Disque Direitos Humanos – Disque 100.

Por Thaís Garcez