Descubra como as orquídeas foram parar nas marginais Tietê e Pinheiros

Será que as margens de dois dos rios mais poluídos de São Paulo podem abrigar flores delicadas como as orquídeas? Esse casal aposta que sim.

Redação | 26 de Fevereiro de 2019 às 13:00

mspoli/iStock -

Será que as margens de dois dos rios mais poluídos de São Paulo podem abrigar flores delicadas como as orquídeas?

Não dá para esconder: quem passa pela marginal Tietê ou pela marginal Pinheiros, em São Paulo, vê muito lixo. Sofás e colchões boiam e vão com a correnteza (uma ou outra garça às vezes flutua em cima da “embarcação”). Sacolas plásticas, garrafas e todo tipo de detritos se acumulam… Talvez os olhos não percebam à primeira vista, mas também há orquídeas. Isso mesmo: muitas delas pontilhando a mata ciliar de ambos os rios. Enraizadas, exuberantes e… com plaquinhas!

É claro que as orquídeas e suas plaquinhas não brotaram espontaneamente. Elas são parte do projeto de Alessandro Marconi, engenheiro e filho de orquidófilo que há mais de dez anos abandonou a carreira para se dedicar exclusivamente às orquídeas. E sua esposa, Carolina Sciotti, formada em comunicação social e responsável pela consolidação e divulgação do Mil Orquídeas Marginais.

As orquídeas

Iniciado em 2014 por meio de uma campanha de financiamento coletivo, quando foram mais de 700 exemplares de Cattleya loddigesii inseridas pelos idealizadores. Eles costumam escalar as árvores e plantar as mudas bem no alto para evitar seu furto. A partir daí, a natureza age sozinha no processo de enraizamento e floração.

“O objetivo é que todas as plantas se reproduzam sozinhas, fortalecendo a flora.”

Alessandro explica que essa espécie, que corre grande risco de extinção, foi escolhida por ser natural – ou seja, endêmica – do rio Pinheiros e sua ideia era fazer um repovoamento da flora original dessa região. Com isso, o orquidófilo garante que a inserção das flores não é um gesto meramente decorativo. “O objetivo é que todas as plantas se reproduzam sozinhas, fortalecendo a flora e, principalmente, sensibilizar as autoridades e a população para a questão ambiental.”

Apesar de enfrentar o constante desafio de arrecadação financeira, futuramente o casal quer espalhar outras espécies nativas pelas margens do rio. Também quer levar a ideia para outras cidades, contemplando as plantas nativas de cada região. “Isso sem falar nos outros desafios, que são conscientizar as pessoas de que é importante preservar todas as espécies; de que a coleta de orquídeas da natureza é extremamente danosa para a preservação da flora”, acrescenta Alessandro.

Enquanto o Mil Orquídeas não chega à sua cidade, você pode ajudar financiando o plantio de uma Cattleya – e ter uma plaquinha com seu nome junto a ela!

Para isso, acesse a página da ONG no FaceBook.

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