Inclusão social: Pelo direito de brincar juntos

Todos os brinquedos foram concebidos para buscar o desenvolvimento lúdico e motor e incentivar a inclusão de todas as crianças nos parques.

Redação | 11 de Dezembro de 2018 às 13:00

jarenwicklund/iStock -

Segundo dados do mais recente Censo Demográfico Brasileiro, de 2010, 23,9% dos cidadãos (ou seja, mais de 45 milhões de pessoas) declararam ter alguma deficiência, seja ela motora ou intelectual. Desse total, 29 milhões são crianças de até 9 anos, de acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse imenso universo de pequenos portadores de necessidades especiais enfrenta desafios diários. Que vão desde a adaptação escolar até o atendimento especializado que, muitas vezes, não é oferecido pela rede pública de saúde.

Brincar

Mas, mesmo quando o assunto é mais ameno, como brincar, as dificuldades continuam. Em 2012, uma infeliz coincidência do destino levaria o analista financeiro Rudi Fischer a encarar a questão. Nesse ano, Rudi perdeu a filha Anna Laura, de 3 anos, num acidente de carro. Após o ocorrido, ele e a esposa decidiram manter uma viagem marcada anteriormente para Israel para um evento de família. E foi em Jaffa, cidade a 50 km de Jerusalém, que Rudi conheceu um escorregador adaptado: em vez de escada para subir, uma rampa o tornava acessível para crianças deficientes.

Num Parque da Mooca, em São Paulo,
crianças com deficiência ultrapassam
suas limitações graças a brinquedos adaptados.

Rudi viu nessa ideia uma oportunidade de ajudar crianças, como uma homenagem à filha. Decidiu, então, criar o Anna Laura Parques para Todos, o Alpapato, que funciona gratuitamente dentro da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) do Parque da Mooca, em São Paulo. E conta com 15 brinquedos acessíveis para crianças com e sem deficiência. Aliás, todos foram concebidos para buscar o desenvolvimento lúdico e motor. Mas sem descaracterizar suportes convencionais como escorregador (com rampa de acesso para cadeirantes), trepa-trepa (em alturas reduzidas), cama elástica e balanços (adaptados para cadeirantes).

Parques

Desde 2012, já são seis parques Alpapato inaugurados. Em Araraquara e na capital – o Parque Cordeiro (SP), em Recife (PE), em Cascavel (PR), em Natal (RN).

Estão em construção, outros parques. No Rio Grande do Sul, o parque será construído no Campus Visconde da Graça. Av. Engenheiro Ildefonso Simões Lopes, n° 2.791, Três Vendas, Pelotas. E outro no Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar, Rua Irmã Pia, n° 78, JaPaguaré, em São Paulo – SP. Em Santa Catrina, na Rua Lauro Müller, n° 3.171, Passagem, Tubarão, que foi inaugurado no dia 7 de dezembro, conforme convite na home.

Esses parques contarão com a ajuda, não necessariamente financeira, de parceiros do setor público e privado. O investimento de R$ 120 mil para a construção da unidade na Mooca, contudo, foi bancado pelo analista. “Queremos transformar os parques em polos de atividades culturais e esportivas para pessoas com deficiência”, explica Rudi. Que completa: “Tudo isso é obra de Anna Laura, mesmo que ela tenha partido. Não há o que pague a emoção de ver o sorriso de crianças que nunca tiveram a oportunidade de brincar num parquinho antes.” Mais informações no site annalaura.org.br.