O poder da multidão

O trabalho conjunto de voluntários do mundo inteiro está causando imenso impacto na comunidade científica! O poder da multidão contribue com descobertas.

Redação | 18 de Fevereiro de 2019 às 08:00

patpitchaya/iStock -

O trabalho conjunto de voluntários do mundo inteiro está causando imenso impacto! Inspire-se com estas histórias e descubra que o mundo é para todos.

Kevin Schawinski, de 24 anos, aluno de pós-graduação em astronomia da Universidade de Oxford, começou a examinar um milhão de fotos de galáxias como parte de sua pesquisa sobre formação de estrelas. Ao fim de uma semana, trabalhando quase até a exaustão, classificara apenas 50.000 imagens. Tinha de haver um jeito melhor. Ele e o colega astrônomo Chris Lintott projetaram um site na Internet chamado Galaxy Zoo, postaram as fotos e deram instruções para classificar pelo formato três tipos de galáxia. No dia seguinte, o site recebia 70.000 classificações por hora. No fim do primeiro ano, 150.000 voluntários tinham feito 50 milhões de classificações. Era julho de 2007, e Schawinski e Lintott não sabiam que estavam na vanguarda da chamada nova era da ciência cidadã, na qual voluntários pela Internet contribuem de forma significativa para descobertas em campos que vão da astronomia à arqueologia.

Outros exemplos da ciência cidadã

Um jovem sul-africano, de 18 anos, sempre adorou o Kruger National Park, a poucas horas de carro de seu lar em Johannesburg, na África do Sul. Com dois milhões de hectares, é uma das maiores reservas de vida selvagem da África. Às vezes, a tentativa de encontrar animais selvagens como leões, guepardos e leopardos pode ser desapontadora. Pensando nisso, o rapaz criou um site chamado Latest Sightings no qual pede aos internautas que indiquem o animal avistado e o local onde foi visto. Hoje, o site contém fotos e vídeos feitos por visitantes, oferece um passeio virtual pelo parque e permite à entidade de proteção Endangered Wildlife Trust realizar projetos para acompanhar águias, leopardos e cães selvagens.

Em março de 2013, um engenheiro britânico de 33 anos leu por acaso, no jornal The Guardian, uma notícia sobre um novo site médico chamado FindZebra. O novo banco de dados interativo com 31.000 artigos de fontes especializadas que abordam 7.000 doenças raras. De fato, vinha obtendo um ótimo resultado na identificação de doenças e problemas médicos até então misteriosos.

Desde a infância, o engenheiro fora diagnosticado como asmático. Mas os medicamentos para asma pouco adiantavam para aliviar o ciclo interminável de infecções pulmonares, sinusite e fadiga. Com vinte e poucos anos, novos exames mostraram que não tinha asma, mas ninguém sabia qual era o problema. Digitou seus sintomas no FindZebra. O site revelou vinte diagnósticos possíveis. O 19º era mastocitose, um excesso de mastócitos, células que produzem histamina. Ele mostrou o resultado a seu médico, que lhe receitou um regime de anti-histamínicos. O resultado foi a cura completa.

“Estive doente desde que nasci. Agora, pela primeira vez na vida, me sinto bem”, diz ele.

Bem-vindo ao poder da multidão

Hoje, das empresas online aos pesquisadores científicos, todos descobriram um recurso da Internet que antes não era aproveitado: pessoas-tempo. Se considerarmos que uma estimativa de 1,23 milhão de indivíduos se conectam ao Facebook ou que há 100 bilhões de buscas no Google, veremos que há muita atenção para ser canalizada. Em inglês, isso tem nome: crowdsourcing. É o processo de cumprir uma tarefa grande decompondo-a em pedaços manejáveis que possam ser realizados principalmente pela Internet.

Para os cientistas, a multidão tem sido um aliado muito importante para tratar o excesso de informações. Chris Lintott, o astrônomo de Oxford, resume:

“Nós, cientistas, nos tornamos muito bons para coletar informações, mas não somos em número suficiente para processá-las.”

É por isso que ele e Kevin Schawinski ficaram tão empolgados com o Galaxy Zoo. O que começou como uma única experiência na Internet evoluiu hoje para um conjunto de vinte projetos científicos chamados, em conjunto, de Zooniverse , com uma multidão online de quase um milhão de cientistas-cidadãos voluntários.

Uma variação bem conhecida do crowdsourcing é o crowdfunding (financiamento pela multidão), palavra da moda que significa “vaquinha” e costuma ser usada para descrever sites como Indiegogo e Kickstarter , onde pessoas pedem pela Internet dinheiro para todo tipo de negócio e ajuda social.

Portanto, a mensagem é clara: Juntos somos mais fortes! Que a força da multidão esteja com você.