Roberto Carlos Ramos: de causa perdida a grande inspiração

Confira a história inspiradora de Roberto Carlos Ramos, uma criança que era dada como uma causa perdida e se tornou uma grande inspiração!

Julia Monsores | 28 de Janeiro de 2020 às 17:00

ChristinLola/iStock -

Roberto Carlos Ramos era o último dos dez filhos de um faxineiro e de uma dona de casa que moravam num barraco na favela Pedreira Prado Lopes (MG). Quando completou seis anos, em 1971, seus pais o enviaram para a Febem, na tentativa de aliviar a situação de miséria em que vivia a família. E por acreditarem que a Febem era uma instituição que garantiria uma vida melhor ao livro. Mas não foi isso que aconteceu. Na realidade, foi o início de uma temporada no inferno, de onde ele só sairia muitos anos depois, pelas mãos de um anjo que entrou em sua vida.

A alegria do menino durou apenas até chegar ao novo local

Como quase todas as crianças, Roberto Carlos tinha um sonho: queria ser famoso e rico. Aos nove anos, desejava também ser astronauta. Ao comentar seu desejo com um instrutor, ouviu uma sonora gargalhada. Meses depois, ele lhe disse: “Você será transferido para outra unidade, uma escola da Febem para astronautas.” A alegria do menino durou apenas até chegar ao novo local, onde centenas de crianças eram obrigadas a assistir, de pé, à aula de moral e cívica que durava de 8h às 12h. No outro turno, em vez de aprender a viajar para a Lua, Roberto Carlos descobriu que iria aprender a capinar. 

“Ganhei dois tapas na cara e uma previsão de que nunca seria nada mais que um marginal.”

As técnicas agrícolas eram ensinadas num imenso laranjal. “Havia tantas laranjas que eu não podia imaginar que teria problema se chupasse uma”, conta Roberto. Ele não sabia que também a surra que levaria do diretor pela infração era apenas uma das centenas de outras que receberia ao longo de sua vida. A única maneira de escapar da violência, pensava ele, era fugir. 

Aos 13 anos, já havia feito 132 tentativas. Na última vez, foi mandado para uma cela de dois metros quadrados, sem água e sem comida, onde ficaria três dias. Como estava muito machucado, o instrutor decidiu aliviar a pena. “No segundo dia, ele me tirou dali. Ganhei dois tapas na cara e uma previsão de que nunca seria nada mais que um marginal.”

Mas Marguerite recusou-se a acreditar que não haveria futuro para uma criança de 13 anos.

Dois dias depois, ao pular o muro da Febem em nova tentativa de fuga, fez a si mesmo um juramento: não voltaria para lá nunca mais. A promessa durou pouco. Ele seria capturado horas depois. Enquanto aguardava na recepção da unidade pela nova pena, viu passar Marguerite Duvas, uma pedagoga francesa que estava no Brasil atraída pela propaganda do governo de que a Febem era a melhor escola para crianças carentes. 

O menino maltratado chamou sua atenção. Ela quis saber quem ele era. “Este é um exemplo de casso irrecuperável, não há mais nada a se fazer por ele.”

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Mas Marguerite recusou-se a acreditar que não haveria futuro para uma criança de 13 anos. Assim, Roberto Carlos foi adotado. Aprendeu a ler e a escrever e viajou para a França. Formou-se em Pedagogia, especializou-se em Literatura Infantil e hoje é considerado um dos maiores contadores de história do país. Recebeu, também, em Seattle, Estados Unidos, o prêmio The Best, como um dos dez melhores contadores de história da atualidade.

A história de vida de Roberto Carlos Ramos inspirou o diretor Luiz Villaça em seu filme “O Contador de Histórias”. Confira o trailer abaixo!

Superando as próprias barreiras – uma história emocionante!