Uma forma simples de fazer um mundo melhor

Quando tinha 7 anos, Calixto Felipe Hueb, hoje com 71, ganhou da professora uma muda de mangueira no Dia da Árvore. O menino cresceu, estudou medicina, se

Redação | 1 de Maio de 2020 às 01:01

lovelyday12/iStock -

Quando tinha 7 anos, Calixto Felipe Hueb, hoje com 71, ganhou da professora uma muda de mangueira no Dia da Árvore. O menino cresceu, estudou medicina, se casou e se especializou na área de ginecologia e obstetrícia. Mas nunca se esqueceu da sementinha que sua professora plantou em sua mente tantos anos antes.

Até que, em 2001, o Dr. Calixto encontrou a oportunidade de repetir o gesto da professora e impactar da mesma forma a vida das pessoas. Ele começou a comprar mudas de árvores para presentear as mães, suas pacientes, quando davam à luz. Assim, na pequena cidade de Maca-tuba (SP), com pouco mais de 16 mil habitantes, cada criança vinda ao mundo pelas mãos do Dr. Calixto cresceria junto com a sua própria árvore. “Eu queria valorizar esse momento tão importante na vida de uma família. A mulher sai do hospital e rompe o vínculo com a gente”, diz o Dr. Calixto. “Com a ideia das mudas, o vínculo não se perde.”

Projeto Plantar

Foi esse o início do Projeto Plantar. O Dr. Calixto conta que no começo ele comprava as mudas, depois passou a plantá-las. Como fazia o parto de 40 a 50 bebês por mês na Santa Casa de Macatuba, precisava do mesmo número de mudas.

Em 2014, o Plantar virou projeto de lei, e a prefeitura da cidade passou a custear as mudas e a entregá-las no hospital. “Quando a pessoa vai plantar em casa, em geral damos uma muda de árvore frutífera. Quando vai plantar em uma praça ou em um local público, entregamos uma muda não frutífera”, explica o médico.

Na clínica que o Dr. Calixto mantém em Lençóis Paulista, cidade próxima a Macatuba, ele também dá mudas às pacientes quando elas vão tirar os pontos.

Pai de três filhos, todos médicos, e avô de sete netos, o Dr. Calixto enxerga o projeto como sua forma de tornar o mundo um lugar melhor. Ao todo, ele estima que cerca de 5 mil árvores tenham sido plantadas ao longo desses anos. “Quero deixar o meu legado.”

Durante todo esse tempo, a família sempre o apoiou. “Temos um grande orgulho desse projeto, pois era um sonho do meu pai”, conta um dos filhos, o Dr. Luís Fernando Hueb, 44 anos, oftalmologista e pai também de três filhos. “Vibramos com as árvores e com as crianças que crescem junto com elas. Nem preciso dizer que cada neto tem a sua árvore!”

O impacto do Plantar

A família da professora Helena Santa Roza da Costa Franco, 49 anos, participa do projeto há 16 anos. “É extremamente gratificante ver a criança crescendo junto com a árvore”, conta a professora, mãe de três filhos. Leonardo e João Gabriel têm suas árvores plantadas na praça em frente à casa do pai de Helena, Salvador Santa Roza. A filha mais velha, Ana Carolina, só não tem a sua árvore porque nasceu antes da criação do projeto. Mas a filha dela, Mariana, tem sua mudinha plantada. “João Gabriel tem um abacateiro, então, de vez em quando alguém pede: ‘Pega lá um abacate do João.’ Chega a ser engraçado.”

O contato do Dr. Calixto com as mães e seus filhos prossegue depois do parto, seja pessoalmente, seja pelas redes sociais. “As pessoas continuam ligadas a mim e isso é muito interessante.”

E quando perguntam ao Dr. Calixto sobre aposentadoria, ele prontamente responde: “Médico só para de trabalhar quando morre.”

Por Renata Divan