Pelo direito de não ser a minha melhor versão

Gostaria de gritar aos sete cantos do mundo: Eu não quero ser a minha melhor versão. Eu já tentei, dá muito trabalho. Tem que ter terapia em dia, Contas

Marina Estevão | 14 de Agosto de 2021 às 10:00

ajr_images/iStock -

Gostaria de gritar aos sete cantos do mundo:

Eu não quero ser a minha melhor versão.

Eu já tentei, dá muito trabalho.

Tem que ter terapia em dia,

Contas pagas,

Saúde física,

Batom da moda e calça cintura alta.

A melhor versão não é para pessoas mundanas.

Que gostam de tomar uma cervejinha numa quarta-feira,

Pular um dia de academia ou até mesmo fingir uma gripe pra não ir pra aula.

Pessoas que são suas melhores versões não se permitem errar.

Devem ser umas chatas comedoras de alface americana.

E banana de garfo e faca.

Eu quero mesmo é chutar o pau da barraca,

O balde,

E tudo que eu ver na minha frente.

E não ter que ir catar depois, humilhada.

Canalhas.

Nos venderam que ser a nossa melhor versão vai nos fazer ter paz de espírito,

Contato com Deus e as fadas,

Namastê.

A melhor versão trabalha a gratidão,

O desapego,

Faz pagar quem te fez mal.

Malditos.

Pura mentira!

Quem me fez mal tá comprando o carro do ano agora.

E em suas piores versões.

Porque eu, pelo menos, trabalho e empatia e tenho um cachorro adotado.

Na fila do Paraíso, eu devo estar em terceiro lugar.

Quarto no máximo.

Mas vou lutar pra estar no fim da fila.

Vou me alimentar de coxinha, Coca e Bis.

Está decidido.

Vou voltar quase pra adolescência.

Pintar o cabelo, rebelde.

Ser minha pior versão.

Voltar de ré do Paraíso.

Espero que me aceitem do outro lado.

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