S de Superação e Salto Alto

Poucas coisas eu odeio nessa vida, mas uma delas é definitivamente usar salto alto.

E comer tomate puro.

Eu odeio tanto usar salto que quando o evento exige salto,

Eu repenso.

A minha vida.

Qual o sentido de se equilibrar em algo pra ficar mais alta?

E ainda ter que fingir que tá tudo bem?

Pegar o buquê de casamento em cima de um sapato que parece uma Torre Eiffel.

Dançar YMCA com a sua tia-avó no fim da festa.

Eu não quero ficar mais alta.

Já quis, um dia.

Quando tinha que fazer fila por altura pra cantar o Hino Nacional na escola.

E eu era sempre a primeira da fila.

Nunca fez sentido pra mim.

Salto agulha, então, é coisa de maluco.

Mas, recentemente, fiz uma coisa mais de maluco ainda.

Comecei a dançar no pole de salto.

E não é igual esses saltinhos de festa de 15 anos.

É um salto – muito! ­– alto de 17cm, plataforma grossa de acrílico.

Parece um aquário.

Da Ariel.

Se arremessa no quengo de um, vai pro CTI.

Eu enlouqueci mesmo.

E hoje eu penso

Claro que eu posso dançar descalça

Mas de salto é muito mais chique.

Vai ver que é isso que quem inventou o salto, pensou.

Hoje em dia eu gosto de usar salto pra dançar.

Fico com quase 1,80cm, me sinto a própria Gisele com sobrepeso.

Hoje eu superei um pouco o meu medo de cair e quebrar o pé.

Até porque eu já cai várias vezes de tênis mesmo.

Não, eu sigo não gostando de usar salto alto.

Sempre vou preferir All Star.

E, bom, quanto ao tomate…

Se botar na pizza eu até como.

Fora isso, é inegociável.

Prefiro não superar.