De onde vem a energia para o treino

Prestar atenção na alimentação é fundamental para ter energia para os treinos. Leia aqui nossa coluna e entenda mais

André Messias | 26 de Novembro de 2020 às 11:30

Karl Solano/Pexels -

“André, estou super fora de forma, engordei e ainda perdi massa muscular.” Foi o que Fernanda, minha antiga aluna, me disse ao comentar que precisava voltar a treinar. Ela sempre foi uma boa aluna, feliz e orgulhosa da saúde e do corpo. No entanto, Fernanda foi transferida, passou a trabalhar em outro estado e teve de interromper as aulas. Dois anos depois ela voltou para o Rio e voltamos a treinar.

Como ela tinha histórico de fazer exercícios, acreditei que as respostas em seu corpo não iriam demorar com alguns bons treinos.  Entretanto, não foi bem assim.

Durante as aulas, percebia que Fernanda estava fraca, sem energia e o treino não rendia. Eu precisava diminuir as cargas, trocar exercícios que haviam sido planejados para ela, terminar a aula um pouco antes, etc. Algo estava acontecendo com Fernanda.

Sempre perguntava se ela estava bem, como estava o sono, a rotina de trabalho e alimentação e ela respondia: cansada André, me sentindo fraca. Preciso que você diminua a carga. Eu ajustava todos os dias de treino. As semanas foram passando e Fernanda não rendia. Por mais que eu insistisse, ela sempre respondia que “era apenas cansaço do trabalho’’.

Até que um dia, abordei Fernanda com firmeza: “Fê, você é minha aluna há muitos anos, somos amigos. Você sempre treinou bem. O que está acontecendo?” Fernanda se abriu comigo: “André, engordei muito e preciso voltar ao corpo que tinha. Estou fazendo jejum intermitente e fico muitas horas sem comer nada. Quando chego para nosso treino, mal me aguento em pé.” Chamei Fernanda para tomar um suco e conversar. Expliquei a ela que o caminho que ela estava seguindo estava errado, que bastava analisar como estava treinando: não havia rendimento.

Dei as explicações e Fernanda sabia que minha fala não representava uma opinião pessoal mas sim eram conceitos baseados em estudos. A conversa foi produtiva. Fernanda parou de fazer o jejum intermitente, seguiu algumas dicas e voltou a treinar como sempre. Em três meses seu corpo já estava bem diferente e seguimos em frente para recuperar o tempo perdido.

Infelizmente, o jejum intermitente virou uma grande moda e muitas pessoas o tem feito no intuito de emagrecer, mas é um tiro que sai pela culatra. Ficar muitas horas em jejum resulta numa perda de massa muscular. E devemos lembrar que os músculos são fundamentais para a saúde e para o corpo e quanto mais músculos temos, mais calorias queimamos em repouso.

Além da falta de energia, a falta de alimentação gera uma enorme queda no desempenho e a pessoa corre o risco de hipoglicemia que pode causar desmaios, tonturas e até mesmo a morte.  Já testemunhei algumas cenas de pessoas que tiveram hipoglicemia em academia e não é nada agradável.

A alimentação é essencial para a saúde e para quem treina precisa estar de acordo com suas necessidades. Conheço muitas pessoas que tiveram grande queda nos treinos quando tentaram seguir essa moda. Ninguém (muito menos quem treina bem) precisa fazer jejum intermitente para emagrecer. Basta se alimentar de forma saudável e equilibrada. Radicalismo é uma palavra que não combina com saúde.