Estratégia numa prova de corrida: cada um tem a sua

Robson corre há muitos anos, tem ótimo condicionamento aeróbio e nos encontramos com frequência na academia. Já corremos algumas vezes juntos. Certo dia o encontrei numa prova de corrida de rua e ele estava meio abatido. Fui perguntar o que havia acontecido e ele me disse que sentiu muito cansaço na metade da prova e precisou caminhar (algo que nunca havia feito). Fomos tomar um suco para que eu pudesse saber mais detalhes e tentar descobrir o que poderia ter acontecido.

Robson me explicou qual era o tempo que pretendia fazer nos 10 quilômetros naquele dia. Disse que na hora da largada se empolgou e tentou acompanhar outras pessoas. O erro dele estava aí: logo no início ele saiu do planejamento e fez os dois primeiros quilômetros num ritmo bem mais forte do que era o planejado. A conta chegou e no sétimo quilômetro ele precisou caminhar.

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Robson estava chateado, porém fiz questão de lhe explicar que ele não deveria se punir e que caminhar numa corrida e/ou fazer um tempo um pouco acima do planejado acontece. Ele não havia se lesionado, não estava com dor ou desconforto e certamente iria treinar normalmente no dia seguinte. Não havia razão para ele ficar abatido. É claro que terminar a corrida num tempo um pouco acima do que gostaria é um pouco chato, mas não era necessário abatimento. “Olhe sempre o copo meio cheio e jamais meio vazio”, foi o conselho que dei a Robson.

Dar um passo de cada vez e ouvir o corpo é fundamental

Permanecemos conversando durante um bom tempo e expliquei em detalhes que ele deve sempre seguir seu planejamento e que deve largar com cautela, sem pressa e deixar que seu corpo vá lhe dando respostas ao longo da prova: se o corpo pedir para correr um pouco mais forte, acelere e se caminhar ou reduzir a velocidade for preciso, faça isso. Entretanto, se ele correr dentro de suas limitações e procurar seguir seu condicionamento físico e programar um ritmo é pouco provável que seja necessário caminhar. Robson entendeu o recado e disse que dali para frente não prestaria atenção nas pessoas ao seu redor. Seu foco estaria apenas nele.

Já fiz centenas de provas de corrida de rua e vejo isso acontecer com frequência: há pessoas que nitidamente largam num ritmo bem acima de suas capacidades e antes do término da prova ficam esgotadas. É preciso organização, estratégia e planejamento. A largada é um momento importante, mas não é determinante num corrida. É preciso ir com calma, dando um passo de cada vez e ajustar o ritmo à medida que o corpo for dando os sinais.