O gasto calórico do treino depende de muitas variáveis

Você sabia que as mudanças corporais dependem do balanço energético? E esse depende de diversas variáveis, como peso e condição física.

André Messias | 10 de Junho de 2021 às 10:09

dolgachov/iStock -

Marcio é meu aluno particular há 3 anos. Durante esse tempo, Marcio deixou de tomar dois remédios: para hipertensão e diabetes. Sua qualidade de vida melhorou muito, assim como seus exames. Como seus objetivos foram alcançados, Marcio estava muito satisfeito e me disse que agora gostaria de priorizar seu corpo (obviamente, em 3 anos de treinamento e com muitas adaptações fisiológicas, o corpo de Marcio havia melhorado bastante, tendo menos gordura e mais massa muscular do que em 2018 quando iniciamos as aulas. Contudo a estética não estava entre suas prioridades).

Como mudanças corporais dependem muito do balanço energético, fomos conversar sobre o gasto calórico.

Marcio treina musculação 3 vezes na semana e corre outros 3 dias. Calculamos sua taxa metabólica basal (a quantidade de kcal que o organismo de Marcio gasta em 24 horas para permanecer vivo e que depende de algumas variáveis como peso, altura, composição corporal, cotidiano e alimentação) e fomos analisar os registros dos gastos calóricos de cada sessão de treinamento. Marcio não entendia como, por exemplo, mesmo levando 20 minutos a mais do que eu para correr 10km, algumas vezes o gasto calórico de seu treino era semelhante ao meu.

Quais são essas variáveis?

Imagem: javi_indy/iStock

Foi necessário lhe explicar que o gasto calórico do treino depende de muitas variáveis: peso do indivíduo, altura, condicionamento, esforço cardiovascular, composição corporal, condições climáticas, tempo de duração dos exercícios, intensidade do treino, tipo de terreno utilizado (correr na areia, por exemplo, gera um gasto calórico maior do que no asfalto etc)

Após lhe explicar essas questões, sugeri a Marcio que corresse 10km num dia num determinado ritmo, dias depois que o ritmo para essa mesma distância fosse outro, já em outro dia que ele corresse na areia, num outro dia faria um treino intervalado e que também faríamos algumas comparações na musculação adotando estratégias para que ele entendesse que o gasto calórico se altera quando mexemos em alguns componentes do programa. Tínhamos os registros de muitos treinos, porém como Marcio estava querendo entender em detalhes, fizemos essas experiências.

Marcio ficou surpreso com as diferenças no gasto calórico em cada sessão de treinamento. Num dia, por exemplo, para correr 10km, seu gasto calórico foi de 1017kcal e num outro dia, fora de 1328kcal (houve alteração significativa na duração e na intensidade entre um treino e outro) e o treino de musculação também apresentou grande variação no gasto calórico quando alteramos algumas variáveis (como tempo de descanso e ordem de alguns exercícios). O gasto calórico do treino intervalado também chamou bastante a atenção de Marcio.

Novos desafios

Como agora a prioridade de Marcio é emagrecer (vale lembrar que emagrecimento não é perder peso, mas sim reduzir a gordura corporal) precisamos gerar um déficit calórico: o organismo de Marcio precisa gastar mais calorias do que consumir. Não podemos gerar um déficit calórico muito alto para não corrermos o risco de haver perda de massa muscular (comum em dietas da moda como low carb e jejum intermitente).

Nesse sentido, foi ainda mais necessário que Marcio estivesse atento a sua alimentação para que pudéssemos fazer as análises sobre o seu balanço energético. 

Como Marcio estava com uma nova prioridade, foi necessário elaborar um novo programa de treinamento. Sabendo em detalhes como era sua alimentação e o quanto de kcal seu organismo gastava em variados tipos de treinamento, passamos a fazer as aulas rumo aos seus novos desafios.

É preciso estabelecer novos desafios para que possamos sair da zona de conforto. Na maioria das vezes podemos e devemos fazer mais por nós mesmos. E é essencial considerar que não é somente o que você come mas também o quanto você treina.