Alimentos ultraprocessados podem aumentar risco de demência, diz estudo da USP

Segundo especialistas, a ingestão de grande quantidade de alimentos ultraprocessados está associado ao declínio cognitivo.

Gabriela Botafogo | 12 de Dezembro de 2022 às 19:00

- gopixa/ iStock

Bolachas, salgadinhos, macarrão instantâneo, salsicha e refrigerantes são alguns dos alimentos ultraprocessados que acompanham a maioria das pessoas no dia a dia. No Brasil, esses produtos são um dos mais consumidos. Segundo o Datafolha, devido a praticidade, o preço acessível e o fácil acesso, o consumo desses alimentos saltou de 9% para 16% no ano de 2020.

No entanto, esse alimentos não fazem nada bem para a nossa saúde. De acordo com estudo da USP, além de doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão e diabetes, o consumo dos ultraprocessados em excesso também aumenta o risco de demência. Segundo o estudo, em pessoas adultas de meia-idade ou idosos, basta que o consumo seja maior do que 20% da ingestão calórica diária para ocorrer o declínio da capacidade cognitiva.

Como foram conduzidas as pesquisas

A fim de comprovar resultados e realizar análises sobre a relação entre alimentos ultraprocessados e a capacidade cognitiva, os Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) acompanharam 10.775 servidores públicos entre 2008 e 2019, com idade entre 35 e 74 anos.

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Os voluntários do estudo foram submetidos a testes cognitivos no início e ao final do estudo, que incluíram recordação imediata e tardia de palavras, reconhecimento de palavras e fluência verbal.

Cada voluntário compartilhou informações sobre suas dietas. Tudo que eles disserram que consumiram no ano anterior foi convertido em gramas por dia e os alimentos foram divididos em três grupos:

Em seguida, os participantes foram dividos em grupos, baseados na quantidade de alimentos ultraprocessados em proporção à sua dieta total.

Resultados das pesquisas

De acordo com a pesquisadora Natália Gomes Gonçalves, o declínio cognitivo acontece naturalmente ao longo da vida. Porém, o que se constatou no estudo foi que houve perda acelerada de cognição entre todos os participantes da pesquisa, mesmo entre os mais jovens, por volta dos 35 anos.

No entnato, após analisar os dados, os pesquisadores apontaram que as pessoas que comeram mais alimentos ultraporcessados tiveram uma taxa 28% mais acelerada de declínio cognitivo global e uma taxa 25% mais rápida de declínio da função executiva em comparação às pessoas que comeram em menor quantidade. Além disso, a memória também caiu em 6%.

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O especialista em medicina preventiva e nutrição David Katz, que não participou do estudo, explica que embora esta não seja uma pesquisa de associação, ou seja, não é realizada para provar causa e consequência, os resultados do estudo conduzido pelos pesquisadores da FMUSP mostram que a aceleração na deterioração cognitiva pode ser atribuída a alimentos ultraprocessados.

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