Atividades de lazer podem reduzir o risco de demência

Estudo aponta que a prática cotidiana de atividades de lazer pode ajudar a prevenir a demência em até 23%.

Redação | 11 de Agosto de 2022 às 18:30

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Apesar de as causas da demência ainda não terem sido completamente esclarecidas, há múltiplas pesquisas que tentam entender o quadro clínico e encontrar formas de preveni-lo. Um novo estudo estima a possibilidade de prevenção da demência através de hábitos que estimulam o desestresse.

Publicada na revista científica da Associação Americana de Neurologia, Neurology, a pesquisa descobriu que atividades de lazer estão associadas a um risco reduzido de demência. Tais atividades incluem artesanato, praticar esportes ou voluntariado, ler um livro e fazer aulas de dança. Os resultados são animadores, pois indicam que os benefícios podem chegar a um risco de perda cognitiva até 23% menor.

Anteriormente, havia evidências conflitantes sobre o papel dessas práticas na prevenção da demência. Apesar dos vários outros benefícios à saúde, como menor risco de câncer, redução da fibrilação atrial e percepção da pessoa sobre seu próprio bem-estar, não havia uma comprovação absoluta.

Benefícios comprovados sobre a prevensão da demência

Cientistas chineses conduziram uma meta-análise de 38 estudos de diversos países. Mais de dois milhões de pessoas com mais de 45 anos foram acompanhadas por pelo menos três anos. Assim, os pesquisadores avaliaram o desenvolvimento de quadros de demência. Para isso, dividiram atividades de lazer em cognitivas, físicas e sociais.

Ao longo das análises, cada participante fez relatos sobre hábitos de lazer. Através de questionários e entrevistas, foram registrados 74.700 diagnósticos de demência.

Em seguida, os cientistas consideraram fatores como idade, gênero e escolaridade para identificar os impactos benéficos na possível redução de incidência da doença. Ao fim, chegaram à conclusão de que, em geral, uma rotina com práticas de lazer alcançava um risco 17% menor de obter o diagnóstico.

Com relação às atividades cognitivas, os impactos positivos foram ainda maiores. Quem informou realizar práticas como ler um livro; escrever por prazer; assistir à televisão; ouvir o rádio; jogar jogos; tocar instrumentos musicais; utilizar um computador e fazer artesanato, apresentou uma probabilidade 23% menor.

Já as atividades físicas alcançaram o mesmo número inicial de 17% de propensão à demência. Entre essas atividades estão caminhada, corrida, natação, ciclismo, musculação, yoga, dança e outros esportes.

Por último, os hábitos sociais, baseados na comunicação com outras pessoas, demonstraram benefícios menores, embora ainda notáveis. Houve uma incidência 7% menor de diagnósticos. Essas atividades consistiam em visitar parentes e amigos, assistir a uma aula, participar de um clube social, fazer trabalho voluntário e frequentar cultos religiosos.

Atividades que estimulam corpo e mente são benéficas na redução do risco

“A meta-análise sugere que ser ativo traz benefícios, e há muitas atividades fáceis de incorporar à vida cotidiana que podem ser benéficas para o cérebro”, afirmou Lin Lu, pesquisador da Universidade de Pequim e autor do estudo, em comunicado. “Nossa pesquisa descobriu que as atividades de lazer podem reduzir o risco de demência. Estudos futuros devem incluir amostras maiores e tempo de acompanhamento mais longo para revelar mais ligações entre atividades de lazer e demência”, acrescentou ele.

Entretanto, os cientistas ressaltam que tratam-se de estudos observacionais. Apesar da ligação descoberta entre as atividades e a diminuição do risco, ainda falta uma avaliação dos mecanismos que levam as atividades aos impactos benéficos. Portanto, as restrições do trabalho podem deixar escapar inconsistências.