Pesquisa revela que 71% dos brasileiros acreditam que a confiança é mais importante do sexo quando o assunto é manter o casamento.
Douglas Ferreira | 18 de Janeiro de 2021 às 11:00
De acordo com o IBGE, a duração média do casamento no Brasil vem diminuindo ao longo dos anos. A pesquisa realizada pela agência constatou que quase metade dos casamentos que foram desfeitos em 2019 duraram menos de 10 anos. No índice geral, a duração média do casamento caiu de 17,5 anos para 13,8 anos nos últimos dez anos.
“Apesar de ter havido uma pequena queda no número de divórcios, você olhando a série histórica desde 1984 a 2019, você observa uma tendência de aumento no número de divórcios e nas taxas”, ressalta a gerente da pesquisa Klívia Brayner.
Esses dados certamente não são dados que gostamos de noticiar, mas eles nos levaram a uma pergunta: qual o segredo para manter um casamento duradouro e feliz?
Mais que a amizade ou a risada, a capacidade de perdoar ou a afinidade, o que os casados elegem como elemento fundamental para um casamento feliz é a confiança. Os pesquisadores classificaram essa virtude sendo cinco vezes mais importante do que fazer um bom sexo – e a maioria disse que o nível de confiança havia aumentado com o passar dos anos.
“Sempre sabemos de pessoas que têm inveja de nosso casamento”, contou- nos uma mulher que se considera muito bem casada. “Elas não entendem que grande parte do sucesso se deve à confiança e ao respeito. É como se fôssemos uma só pessoa.”
Nos casamentos estressados de hoje, em que exigimos cada vez mais do outro e ao passo que temos cada vez menos tempo para doar, a confiança deixou de ser uma certeza.
“A confiança pode ser até mais importante que o amor”, diz o Dr. Terry Hargrave, professor de aconselhamento da Universidade de West Texas A&M e autor de The Essential Humility of Marriage (A humildade essencial do casamento). “Escrevemos canções e fazemos poesia sobre o amor, mas muitas vezes ignoramos esse importante pilar do casamento. É bom que tenha sido identificado e considerado importante.”
Confiança tem tudo a ver com justiça e equilíbrio – são parceiros fazendo sua parte no relacionamento. É algo de que cada um está sempre consciente, no mesmo patamar. E, como o dinheiro que guardamos no banco, a confiança é um recurso importante para o relacionamento, que pode ser bem aplicado ou desperdiçado.
“Aplicada da forma correta, ela [a confiança] adquire uma qualidade mágica: se você confia em seu parceiro, consegue se doar livremente e com alegria. Mas, quando não há confiança, os parceiros se fecham, se controlam ou se ameaçam”, diz o Dr. Hargrave. “A falta de confiança pode destruir o amor. Mas a falta de amor não destrói a confiança – nos antigos casamentos arranjados, os que gozavam de um alto nível de confiança acabavam gerando o amor, mesmo quando no início marido e mulher quase não se conheciam.”
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O Dr. Hargrave aponta para uma crise nos laços de confiança subjacente à alta taxa de divórcio atual. Às vezes a quebra de confiança é enorme: infidelidade, alcoolismo, abuso de drogas. Mas normalmente falhamos um com o outro nas miudezas do dia a dia que, aos poucos, mas inevitavelmente, acabam desgastando a confiança.
“Um relacionamento conjugal se constrói sobre uma base de confiança”, diz ele. “Seu sucesso depende de como respondemos às perguntas fundamentais: Podemos nos dar igualmente um ao outro? Somos capazes de dar conta do trabalho de um casamento – cuidar dos filhos, ter segurança financeira? Sou capaz de tratar meu parceiro com respeito? Em famílias nas quais o casal trabalha fora, as ações que desenvolvem a confiança são diferentes daquelas das famílias tradicionais. Quando a mulher trabalha fora, o marido precisa assumir mais responsabilidades domésticas. Se isso não acontece, o casal passa a ter problemas de confiança – e a mulher, frustrada e sobrecarregada, pode acabar decidindo que será mais feliz divorciada.”
A pesquisa – um olhar sincero sobre o casamento, de dentro para fora – foi conduzida pela internet com 2.442 adultos de várias faixas etárias e níveis econômicos. As respostas foram anônimas; no entanto, alguns entrevistados elaboraram suas respostas com comentários escritos.
Das pessoas entrevistas para a nossa pesquisa, 41,5% eram mulheres e 58,5% eram homens. 73% foram casados uma única vez, 21,5% foram casados duas vezes 21,5% e 5,5% foram casados três vezes ou mais.
Os entrevistados receberam uma lista de características a fim de que escolhessem as mais importantes para o seu casamento. As cinco preferidas foram:
Os entrevistados também tiveram de atribuir notas de 1 a 10 pelo nível de satisfação com alguns elementos importantes do casamento. Veja as porcentagens de notas 9 ou 10 que cada elemento recebeu.