TDA e TDAH: saiba mais sobre esses transtornos de déficit de atenção

O déficit de atenção (TDA ou TDAH) é uma condição que geralmente surge na infância e segue para a fase adulta. Confira mais informações!

Julia Monsores | 26 de Abril de 2021 às 14:00

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O déficit de atenção é uma condição que geralmente surge na infância e segue para a fase adulta, podendo gerar dificuldades no trabalho e nos relacionamentos. É caracterizado sobretudo pela dificuldade de concentração em atividades, e pode ser classificado como TDA ou TDAH, dependendo ou não da presença da hiperatividade.

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Segundo dados do Ministério da Saúde, com base em estudos científicos realizados ao redor do mundo, entre 3 e 6% da população mundial sofre com o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). No entanto, dados mais recentes mostram que menos de 20% das pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) recebem tratamento aqui no Brasil.

Além disso, o TDAH afeta cerca de 8 a 11% das crianças em idade escolar. No entanto, muitos especialistas acreditam que o TDAH é superdiagnosticado, em grande parte porque os critérios são aplicados de forma imprecisa. Para explicar melhor as características e tratamentos dessa condição, conversamos com o psicanalista Gregor Osipoff e a neuropsicóloga Dra. Nívea Loza. Confira!

O que é o déficit de atenção?

Imagem: fizkes/iStock

“O déficit de atenção é um distúrbio que aparece na infância, e é conhecido pela constância de estarem sempre “viajando”, e em muitos casos com excesso de agitação sem motivo aparente, dispersos da realidade e dos acontecimentos. Assim, há uma desconexão com a perda de foco, que vai se tornando constante. Tem como principais características, entre outras, os distúrbios de atenção, dificuldade de concentração, memória e de percepção social”, explica o psicanalista Gregor Osipoff.

A causa ainda é desconhecida, mas há vários fatores de risco suspeitos, incluindo hereditariedade e alterações na região frontal do cérebro. 

De acordo com o Ministério da Saúde, embora os sinais e sintomas da hiperatividade tendam a diminuir com a idade, adolescentes e adultos podem exteriorizar dificuldades residuais, caso não haja tratamento. Como por exemplo:

E qual é a diferença do TDA para o TDAH?

Ambas as condições são classificadas como transtornos neurobiológicos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, no TDAH há a presença da hiperatividade.

“As duas condições têm como base o excesso de energia, impulsividade e falta de concentração, onde se dispersam facilmente. O TDAH vem com a hiperatividade no comportamento: a inquietação, hiperatividade, impulsividade, dificuldade em controlar as atitudes (tudo em taxas muito elevadas), ficando com muita agitação física e mental”, explica o psicanalista Gregor Osipoff.

Déficit de atenção na infância

(Imagem: Rawpixel/iStock)

Na infância, muitos pais ficam em dúvida se o que observam em seus filhos é apenas a agitação natural dessa fase da vida ou a presença, de fato, da hiperatividade, característica do TDAH.

“Todos os cuidadores e educadores das crianças devem ficar atentos às características de cada uma. Algumas são mais agitadas e outras não, mas isso não significa que ela tenha algum transtorno. Em muitas vezes, é feita a observação do corpo escolar a indicação para que a família procure um especialista. Não devemos nivelar pelo fator “natural”, pois cada um vem de uma formação cultural e social, que muitas vezes determina o comportamento da criança. Quando visto a falta de concentração, e ela não conseguir focar em uma brincadeira e ou não se concentrar nas tarefas mais corriqueiras, pode ser um sinal de hiperatividade. Então, procurar um especialista que possa diagnosticar e estabelecer um tratamento se faz necessário”, explica o psicanalista Gregor Osipoff.

Assim, o diagnóstico de déficit de atenção deve ser feito de forma precisa, obtido em consulta com o neurologista ou psiquiatra, para que assim seja possível começar o tratamento.

Quando uma criança tem déficit de atenção, a escola para ela pode ser um lugar de martírio. E isso porque muitas vezes os professores não sabem de sua condição, e por isso não oferecem o suporte necessário ao seu desenvolvimento. Nesses casos, a Dra. Nívea Loza explica a importância de orientar a escola da criança.

“Crianças também podem se beneficiar da psicoterapia como reabilitação. E assim, junto com um acompanhamento da escola dessa criança. Assim, o psicólogo vai até essa escola e a orienta com técnicas e condições para que essa criança tenha um melhor aproveitamento. Como por exemplo sentar na primeira carteira; ou que o professor, já sabendo da condição daquele aluno, possa desenvolver alguma técnica para chamar sua atenção se percebe que ele se distraiu, ter tempo maior para fazer a prova, às vezes fora da sala, com alguém que acompanhe”, conclui.

O perigo do autodiagnóstico

Na internet, há uma busca considerável por testes para déficit de atenção. Em sua grande maioria são testes inconclusivos, e sem respaldo médico, que podem gerar percepções de diagnósticos equivocados.

“Muitos pacientes vêm ao meu consultório e relatam que leram na internet tal assunto, e que isso se encaixa em seu diagnóstico e ou de seu filho. Isso não é possível para estes transtornos , e nem deve ser feito. Para ter o diagnóstico de déficit de atenção é necessário realizar um teste clínico”, explica o psicanalista Gregor Osipoff.

Tratamento para déficit de atenção

Imagem: iStock

Na maioria dos casos, o tratamento para déficit de atenção é feito por meio da combinação de terapia comportamental com fármacos. “O tratamento deve ser feito de acordo com cada caso, por profissionais das áreas de psicologia, neuro, pedagogos e psiquiatras e de forma multidisciplinar, com a presença da família e escola”, explica o psicanalista Gregor Osipoff.

Segundo a Dra. Nívea Loza, a psicoterapia também pode ser de grande auxílio, e isso porque ela serve como uma reabilitação para que a pessoa melhore dentro das dificuldades encontradas em seu dia a dia.

“Na psicoterapia feita como reabilitação existem algumas técnicas e métodos que a pessoa pode ir aprendendo para que ela possa ter uma melhor performance naquilo que ela está fazendo. Por exemplo, a pessoa que tem TDAH tem muita dificuldade de estudar, pois ela se desconcentra facilmente. Então ela foca e perde em questão de minutos, enquanto que uma pessoa que não tem essa condição consegue focar por um determinado tempo maior. Então têm técnicas que fazem com que essa pessoa consiga se programar para estudar, realizando pausas”, explica.


Fontes: Gregor Osipoff é psicanalista pós-graduado em Neurociências e mestrando em Psicanálise na Universidad Argentina John F. Kennedy (Argentina); Dra Nívea Loza é neuropsicóloga, com especialização em Psicologia Positiva.