Entenda como o tabagismo afeta a pele, os cabelos e o sistema vascular

Médicos e especialistas esclarecem dúvidas sobre o tabagismo e os terríveis efeitos da nicotina na pele, nos cabelos e no sistema vascular.

Douglas Ferreira | 3 de Setembro de 2021 às 14:54

dima_sidelnikov/iStock -

Há algum tempo os médicos já sabem dos danos que o hábito de fumar causa à nossa saúde; pelo menos 50 enfermidades estão relacionadas ao tabagismo, e os problemas vão desde os mais variados tipos de câncer, passando por doenças sérias no aparelho respiratório, problemas cardiovasculares, disfunções no sistema digestivo, impotência sexual e infertilidade.

Além das doenças graves, o cigarro também prejudica a aparência. Ele contribui para o envelhecimento precoce da pele, perda de colágeno e deixa os fios dos cabelos opacos e sem vida, entre outros problemas. Por isso, dermatologistas e especialistas em saúde e bem-estar fazem um alerta: o melhor é tentar parar de fumar e abandonar o vício.

Como recuperar a pele

O médico dermatologista e especialista em tratamentos com tecnologia a laser, Dr. Fernando Macedo, da Human Clinic, em São Paulo, explica que o cigarro possui uma série de substâncias que provocam a produção de radicais livres que vão envelhecer a pele e o bom funcionamento dela.

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“A pele de um fumante vai ficando irregular, principalmente, pela perda de colágeno e fibras elásticas. Aparecem rugas e linhas de expressão em todo o rosto, em especial ao redor dos olhos e da boca. A coloração opaca e acinzentada é tradicional da pele de quem fuma, e os poros vão ficando mais dilatados e, eventualmente, com cravos muito evidentes”.

Segundo o especialista, para recuperar e cuidar da pele do rosto de quem fumou por muito tempo, a primeira coisa é iniciar um tratamento clínico com substâncias de rejuvenescimento como o ácido retinoico e a vitamina C. “Mas os procedimentos que têm um melhor resultado são feitos por meio de lasers que promovem o aumento do colágeno e das fibras elásticas da pele de dentro para fora, melhorando consideravelmente os sinais de envelhecimento provocado pelo fumo”, explica o médico.

Entre essas tecnologias estão o laser Fotona, o laser Liftera, a luz intensa pulsada e os lasers do tipo Q-Switched, que, além do estímulo de colágeno, servem para melhorar a coloração da pele. “E, claro, podemos complementar essas tecnologias com a aplicação da toxina botulínica para minimizar as rugas de expressão e, eventualmente, o preenchimento em áreas onde houve um afinamento da pele”, pontua o dermatologista, ressaltando, também, o uso de estimuladores, substâncias injetadas embaixo da pele, para promover uma transformação do tecido de dentro para fora.

Dr. Fernando Macedo explica que não é preciso parar de fumar para se submeter a esses procedimentos, mas se a pessoa conseguiu largar o vício, é claro que é muito melhor e os resultados positivos aparecem mais rápido. “Já na primeira sessão o resultado é evidente. Principalmente na questão das manchas. Já na parte da recuperação do colágeno, linhas finas, poros, textura, depois de duas ou três sessões já se vê um resultado muito bom”, pontua ele.

Tanto homens, quanto mulheres apresentam problemas na pele devido ao tabagismo, não há uma diferença nessa parte. “Isso depende basicamente da genética de cada um e de quanto tempo a pessoa fumou ao longo da vida, qual a quantidade dessas substâncias tóxicas do cigarro no organismo, que causam os radicais livres. Tem de se levar em conta quantos cigarros a pessoa fumava por dia e por quanto tempo durou esse vício. O que acontece é que as mulheres se preocupam mais com a aparência, então, tendem a ficarem mais atentas a essa questão quando o dermatologista explica que elas estão envelhecendo mais por causa do cigarro”, analisa o médico dermatologista.

Como o tabagismo afeta os seus cabelos

E se a pele sofre muito com o tabagismo, os cabelos também são outra parte do corpo que se tornam profundamente frágeis. De acordo com a médica tricologista, Dra. Luciana Passoni, também da Human Clinic, o fumo pode provocar a queda acentuada dos cabelos.

“Ao longo dos anos, as substâncias tóxicas do cigarro, como a nicotina, enfraquecem as mechas e levam a uma degeneração dos folículos capilares que abastecem as extremidades do corpo, como no caso do couro cabeludo. O fluxo sanguíneo é prejudicado pelo acúmulo de nicotina que se aloja nas paredes das veias, reduzindo a circulação. O fumo impede que nutrientes importantes cheguem até a raiz”, explica a médica tricologista.

Ela ressalta, ainda, que a temperatura do cigarro também contribui para o envelhecimento precoce dos fios, deixando o cabelo com aspecto opaco, ressecado e favorecendo o surgimento de pontas duplas. “Por mais que o fumante ativo cuide dos fios, eles nunca terão o mesmo brilho e a mesma força de um cabelo de um não fumante.  O cigarro pode causar, ainda, caspa e acelerar a perda de melanina, fazendo com que os cabelos brancos apareçam mais cedo.  Além disso, a nicotina pode gerar um aspecto amarelado nos fios mais claros, loiros ou brancos”, pontua a especialista.

Apesar de todos os incontáveis problemas provocados pelo cigarro, e diferentemente do que muitas vezes acontece com o organismo, os danos aos cabelos são reversíveis. Largar o vício do fumo e apostar em uma dieta balanceada é o passo inicial para ter um cabelo saudável e cheio de vida. Isso porque o crescimento dos fios acontece de forma bastante rápida, chegando a ser de cerca de um centímetro por mês.

Como o tabagismo afeta o sistema vascular

“O fumo causa infinitas complicações nas artérias, como aterosclerose e aneurismas. Além de problemas nas veias, em especial varizes e tromboses”, alerta o médico vascular Dr. Gustavo Marcatto, de São José do Rio Preto (SP).

O tabagismo é um dos mais importantes fatores de risco para o surgimento de varizes nas pernas e pode agravar o quadro levando até à trombose. “O hábito de fumar e as substâncias tóxicas do cigarro alteram consideravelmente as paredes das veias e artérias e isso atrapalha a dinâmica do sistema circulatório, comprometendo todo o funcionamento do organismo”, explica o profissional.

Segundo Dr. Marcatto, algumas lesões provocadas pelo tabagismo acabam tornando-se permanentes. Por isso o fundamental é abandonar o quanto antes o cigarro para prevenir a evolução dos problemas e suas complicações.

“A maioria das lesões estruturais provocadas pelo fumo, como varizes e aneurismas, é irreversível. O fundamental, mesmo, é procurar ajuda para conseguir parar de fumar e, assim, manter a saúde do corpo em geral. Porque quando veias e artérias são afetadas, algumas medidas apenas minimizam as complicações que, mais uma vez, alerto, podem ser gravíssimas”, ressalta o médico.

Decisão e ajuda no processo

Abandonar o vício em cigarro pode ser difícil. Mas a partir do momento em que o fumante tem a consciência da importância desse processo, ele pode (e deve) procurar ajuda. Atualmente, há profissionais qualificados que podem auxiliar nessa caminhada.

A farmacêutica Aline Sampaio, aconselha que o primeiro passo para parar de fumar é controlar a ansiedade. “O correto e mais indicado é que, durante o processo de abandono do vício, a pessoa procure um médico especializado. Existem no mercado medicamentos que podem auxiliar esse processo e suplementos fitoterápicos para auxiliar na ansiedade. São produtos que ajudam no controle efetivo da ansiedade, estresse, mudança de humor e insônia, sintomas muito comuns nessa fase”, explica a farmacêutica.

Segundo a especialista, a fumaça estimula a produção de radicais livres e estresse oxidativo, que geram um processo chamado glicação. Trata-se de uma reação a excesso de açúcares no corpo. “Este processo inflamatório é responsável pelo amarelecimento da pele e dos dentes, aparecimento de manchas, rugas e marcas de expressão. A glicação gera a quebra da molécula de colágeno e elastina, diminuindo, assim, a produção delas no organismo”, explica.

Para combater e evitar a glicação, Aline informa que existe uma substância chamada Glicoxyl, que é capaz de amenizar os malefícios causados pelo cigarro. “É um derivado da carcinina oral, uma substância antiglicante e desglicante. Esse ativo tecnológico previne e reverte a glicação, neutralizando a caramelização das proteínas responsáveis pela saúde e luminosidade da pele”.

Para fumantes ou pessoas que largaram o vício recentemente, Aline orienta que é indicado o consumo de cápsulas de Glicoxyl, principalmente para quem tem pele desvitalizada, desidratada, madura e envelhecida, problemas causados por agentes externos e ingestão de substâncias químicas (corantes, conservantes) que geram muitos radicais livres e o consequente desgaste da pele. Mas sem esquecer de, sempre, consultar um médico para utilizar suplementos e medicações com orientação especializada.