Especialista explica como prevenir o tártaro

O cirurgião dentista Murilo Garcia explica como a higiene bucal pode prevenir o tártaro e doenças bucais graves, como a periodontite.

Thayane Maria | 26 de Julho de 2021 às 13:00

De acordo com o especialista, não é possível eliminar o tártaro através do uso de pastas de dente ou de enxaguante bucal. -

O tártaro é um dos problemas mais recorrentes quando falamos de saúde bucal. Mas, apesar de bastante comum e aparentemente simples de tratar, o acúmulo do tártaro nos dentes pode causar doenças graves, como gengivite e periodontite.

De acordo com Murilo Garcia de Albuquerque, especialista em Periodontia pela PUC-Rio e cirurgião dentista formado pela UERJ, uma vez que o tártaro se forma nos dentes, a única forma de remoção é com um profissional no consultório dentário.

Afinal, o que é tártaro?

O tártaro precisa ser removido por um dentista, com o uso de instrumentos específicos. Imagem: iStock

O cálculo dentário, mais conhecido como tártaro, é o produto do acúmulo de biofilme, um material pegajoso e incolor, no qual as bactérias se acumulam. O cálculo dentário também pode passar por um processo de mineralização natural através da saliva, tornando-se mais duro e consequentemente mais difícil de ser removido.

No entanto, o tártaro possui aderência dos tecidos duros dentários e isso ajuda na retenção de biofilme e das bactérias. Outras substâncias que passam pelo meio bucal, como a comida, remédios, sucos e refrigerantes, podem causar alterações de cor no tártaro presente nos dentes.


Causas do tártaro

O cálculo dentário é causado pelo acúmulo de placa bacteriana, chamado de biofilme, que se transforma em uma espécie de “crosta” endurecida pelo tempo e pela ausência de remoção mecânica por um dentista. O material que forma o tártaro são os resíduos de comida que ficam nos dentes.

De acordo com o cirurgião dentista, é normal a formação de biofilme, uma vez que esses resíduos só podem ser completamente retirados através de instrumentos próprios com um profissional. Mas, se a higiene bucal não for realizada da maneira correta, pode ocorrer um aumento gradual do tártaro nos dentes, o que pode se tornar algo mais grave.

Para Murilo, não existe uma comprovação científica que fatores genéticos influenciem na formação do tártaro, mas há tendências que podem ser observadas: “Não há nenhuma comprovação de tendência genética. Porém há um fator de incidência por questões salivares do indivíduo”, explicou o especialista.

Além disso, todos podem ter tártaro. Entretanto, em algumas fases da vida há um maior potencial de ocorrer o acúmulo de biofilme nos dentes: “A princípio sim, todos podem ter cálculo dentário. Mas ele é mais presente na dentição adulta”, completou o dentista.

Ainda de acordo com o cirurgião, a evolução do tártaro pode causar gengivite e também a sua fase mais grave, mais conhecida como periodontite, ou doença periodontal. Ela é formada através das bactérias hospedeiras que se alojam por muito tempo entre o dente e a gengiva, por meio do tártaro. A periodontite é uma infecção bacteriana grave, que compromete os tecidos, ligamentos e ossos dos dentes e pode causar, entre outras coisas, a perda precoce dos dentes.

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Como prevenir o tártaro

O tártaro pode ser evitado através da higiene bucal diária, com escovação e uso de fio dental. Imagem: iStock

Segundo Murilo, cirurgião dentista formado pela UERJ e especialista em Periodontia pela PUC-RJ, a melhor forma de prevenção do tártaro é muito simples, mas nem todas as pessoas conseguem seguir. De acordo com ele, é essencial para prevenir o tártaro que a escova de dentes seja trocada de 3 em 3 meses, além do uso diário de fio dental.

Manter a regularidade das visitas ao dentista também é muito importante para a prevenção não apenas do tártaro, mas também de outras doenças bucais, como a cárie.

Tratamento

Apesar da promessa de algumas marcas, não é possível eliminar o tártaro através do uso de pastas de dente ou de enxaguante bucal. De acordo com o especialista Murilo Garcia, há somente um produto que tem eficácia cientificamente comprovada, o gluconato de clorexidina 0,12%. No entanto, ela funciona apenas no estágio inicial da formação do tártaro, quando ele ainda está na fase do biofilme e ainda é uma matéria pegajosa.

Quando o tártaro já está na sua fase de endurecimento, ou seja, quando torna-se uma “crosta” de tom amarelado no dente, a clorexidina não é mais eficaz. Além disso, com o uso contínuo, o antisséptico pode desencadear muitos efeitos colaterais, sendo seu uso a longo prazo contra indicado por especialistas.

Portanto, o tratamento do tártaro só pode ser feito com um dentista: “A partir da formação do cálculo a remoção só pode ser realizada por um profissional, através de instrumentos manuais conhecidos como curetas, ou também com o uso de pontas ultrassônicas”, explicou Murilo.

Cuidar da saúde é essencial para a prevenção de muitas doenças, por isso, a higiene bucal deve ser feita diariamente com atenção. A escovação e o uso de fio dental devem ser hábitos enraizados em nossa rotina.