Hidroxicloroquina afeta o DNA e pode causar câncer, diz estudo

Muito tem se falado sobre a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Mas os cientistas têm feito descobertas sobre seu uso indevido.

Matheus Murucci | 6 de Agosto de 2021 às 17:00

BartekSzewczyk/istock -

A hidroxicloroquina é uma medicação que está sendo muito comentada desde o início da pandemia do novo coronavírus. Isso pelo fato de membros do governo indicarem o uso do remédio para prevenção da Covid-19. No entanto, não existe nenhuma comprovação da eficácia da substância para esse fim. A grande adesão da população ao remédio fez com que ele, inclusive, se esgotasse em diversas farmácias do país.

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Desde então, estudos vêm sendo realizados para averiguar com mais precisão os efeitos colaterais do uso da substância, popularmente chamada de cloroquina.

A revista de artigos médicos DNA Repair publicará um texto no qual afirma que o uso desta medicação, mesmo sob aval clínico, pode causar mudanças no DNA, assim como o aparecimento de câncer.

No resumo exposto pela publicação, eles alegam que a hidroxicloroquina tem um conteúdo tóxico que pode provocar mudanças no genoma de mamíferos. Isto é, esse tipo de mutação genética é prejudicial ao organismo e pode dar espaço para o surgimento, além do câncer, de outras doenças crônicas. É a primeira vez que publicam algo do tipo sobre o medicamento e é uma notícia de relevância científica.

Testes realizados

As doses de cloroquina foram administradas em células embrionárias de camundongos, utilizando dosagens semelhantes às que são receitadas em consultórios médicos. E esses estudos não param por aí, já que agora é preciso testar esses resultados em genomas humanos, visto que as espécies respondem de formas distintas aos tratamentos químicos. Essa nova avaliação é fundamental para comprovações eficazes em relação ao DNA humano.

O uso da cloroquina também vem sendo associado à cardiotoxicidade, complicações oftalmológicas e problemas gastrointestinais. Mas os cientistas responsáveis pela pesquisa dizem que, mesmo com as novas descobertas, a cloroquina pode continuar sendo usada em tratamentos nos quais ela se faz necessária.

A hidroxicloroquina e o novo coronavírus

Muita gente nunca tinha ouvido falar da hidroxicloroquina antes de a pandemia romper aqui no Brasil. O remédio é específico para alguns tratamentos, por exemplo, contra a malária, o lúpus, a amebíase hepática e a artrite reumatoide.

Desde o segundo semestre de 2020, autoridades médicas de diversos lugares do mundo vêm alertando para o uso indevido da cloroquina contra a Covid-19, para a qual não existe nenhum tipo de tratamento precoce.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já afirmou que, além de a substância não diminuir a letalidade, ainda pode provocar efeitos colaterais, tais como náusea e dor de cabeça. Do mesmo modo, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) também nega os benefícios do remédio em casos do novo coronavírus.