Reeducação alimentar ou dieta: qual caminho seguir?

A reeducação alimentar é a melhor forma de unir a perda de peso a uma vida mais saudável, mas a dieta também tem seu papel.

Douglas Ferreira | 10 de Julho de 2021 às 11:00

AaronAmat/iStock -

É muito comum ouvir que fulano está fazendo uma dieta ótima ou que ciclano está passando por um processo de reeducação alimentar. Mas você sabe o que realmente significa reeducação alimentar e dieta? E o que diferencia as duas coisas? 

As pessoas buscam as dietas de emergência quando desejam resultados rápidos. Mas a pressa em alcançar o peso desejado quase sempre vem acompanhada de muita ansiedade. A tranquilidade e o tempo para se adaptar a um novo estilo de alimentação fazem a diferença no caso da reeducação alimentar.

Dietas: um paliativo que funciona

No momento em que você decide fazer uma dieta de emergência, precisa ter certeza de que sua saúde está em ótimas condições. O ideal é fazer uma avaliação médica antes de começar uma dieta. Até porque a privação de qualquer categoria de alimento, acompanhada da redução das porções consumidas, que são situações naturais na maioria das dietas, poderão acarretar a carência de alguns nutrientes em sua alimentação.

Aliás, quem procura as dietas de emergência precisa ter a consciência de que, necessariamente, deverá introduzir a reeducação alimentar em algum momento da vida, principalmente para manter o resultado obtido durante o período da dieta de urgência.

Dieta não funciona de forma igual para todo mundo

Uma dieta equilibrada pode proporcionar sim uma perda de peso que pode variar de cinco a seis quilos, no período de um mês, se for feita de forma disciplinada. Contudo, precisamos também levar em consideração que, hoje, as pessoas vivem de maneira mais agitada e dinâmica. Todos estão trabalhando mais e passando mais tempo fora de casa, têm eventos sociais, e tudo isso dificulta a execução de uma dieta regular.

A perda de peso de uma dieta emergencial é temporária. Em uma reeducação alimentar as perdas de peso são mais demoradas, porém mais longevas. (Imagem: spukkato/iStock)

Outro ponto importante de se ter em mente é que, assim como todos somos diferentes, o nosso metabolismo também é individualizado. Não dá para comparar a perda calórica de um carteiro, por exemplo, que se desloca a pé o dia inteiro e que inicia uma dieta, com a de uma pessoa que passa o dia em casa e conta com o auxílio de uma pessoa para o desempenho das tarefas domésticas.

Ao comparar rotinas diferentes, percebemos que dieta e perda de peso são processos individualizados. Por isso, a dieta deve ser sempre indicada por um profissional, respeitando o histórico clínico do paciente. Comer bem implica contexto, combinação ideal de alimentos, e horário. O profissional sabe que o emagrecimento vai acontecer com a harmonização dos alimentos, a disciplina e o tempo durante o qual a dieta será seguida.

O que é reeducação alimentar?

A reeducação alimentar precisa ter regras bem definidas, levando em consideração a rotina de cada um, porque, se voltar a comer o que comia anteriormente, a pessoa retornará ao ponto de partida. Saber combinar os alimentos é o que faz a diferença na dieta equilibrada e na reeducação alimentar, e o que diferencia esse método das dietas emergenciais ou dietas da moda.

Uma pessoa que precisa perder 20 quilos, por exemplo, não deve fazer uma dieta de emergência. Como já foi dito, essas dietas da moda têm um objetivo de curto prazo. Definitivamente, não é uma opção saudável para pessoas com obesidade.

Outra coisa que precisamos saber é que a reeducação alimentar não consiste em, de uma hora para a outra, deixar de comer tudo aquilo de que gostamos e passar a comer apenas frutas, verduras, legumes e carnes magras. Ao contrário. Você modifica os seus hábitos alimentares pouco a pouco, mas não deixa de comer os alimentos preferidos. A chave está na disciplina de consumi-los sem exageros e de forma equilibrada, com a compreensão do que é certo e do que é errado.

Mas é bom saber que as dietas alimentares atuais ultrapassam o objetivo do emagrecimento. Muitas pessoas que não precisam perder peso buscam ajuda profissional visando a reeducação alimentar para se manterem saudáveis. Elas sabem da importância de uma alimentação equilibrada para uma melhor qualidade de vida. 

O papel da pirâmide alimentar

A pirâmide alimentar é um guia que fornece uma seleção de alimentos que devemos consumir diariamente, identificando as quantidades ideais de cada tipo com base nos diferentes nutrientes fornecidos.

De acordo com a pirâmide alimentar, os carboidratos, principal fonte de energia, trabalham como combustível para o cérebro, a medula, os nervos e as células vermelhas do sangue, ou seja, mantêm o corpo funcionando bem. Carboidratos são encontrados nos pães, nas massas, nos tubérculos e nos cereais, e estão na base da pirâmide alimentar.

(Imagem: Seleções Brasil)

No desenho da pirâmide, subindo e reduzindo as porções diárias, estão os reguladores do organismo: frutas e verduras, alimentos ricos em fibras e vitaminas.

As proteínas, encontradas em carnes, ovos, leite e derivados, grãos e leguminosas, que também fornecem minerais, são importantes tanto para a construção como para a manutenção de nossos órgãos e tecidos.

E as gorduras e os açúcares, que são energéticos extras e devem ser ingeridos de maneira comedida, estão no topo do gráfico, em quantidade bastante reduzida, em comparação com os outros alimentos.

A pirâmide alimentar adotada no Brasil foi criada em 1999, pela pesquisadora Sonia Tucunduva Philippi, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Em 2013, a pirâmide foi atualizada, mantendo-se as quantidades recomendáveis para as porções dos alimentos por refeições diárias e a distribuição dos grupos de nutrientes. Mas novos alimentos foram introduzidos, como arroz integral, castanha-do-pará, frutas regionais, folhas verde-escuras, salmão e sardinha, para melhor adequação à dieta e aos hábitos brasileiros. E o chocolate está agora no topo do desenho, junto às fontes de energia que devem ser ingeridas em pequenas quantidades.

E, depois da base, ou melhor, antes de tudo, está a recomendação da prática de atividade física, para reforçar o combate ao sedentarismo.

Reeducação alimentar x dieta de emergência: uma escolha simples!

As dietas de emergência e restritivas oferecem um resultado de curto prazo e devem ser usadas com parcimônia e somente após a pessoa passar pela avaliação de um profissional capacitado. Pois caso sejam feitas de qualquer forma ou por longos períodos, elas representam um risco à saúde e à estabilidade do organismo. Afinal, como já explicamos, a ausência ou o excesso de um determinado nutriente pode trazer riscos para o sistema nervoso central e para o corpo de uma maneira geral.

As dietas de emergência são unicamente para uma emergência, nada além disso. O mais importante é um resultado satisfatório de longo prazo. E essa meta é obtida com a reeducação alimentar e as mudanças nos hábitos básicos da sua vida, que muitas vezes não são associados ao ganho de peso.

A matemática é simples: entre a quantidade de alimentos ingeridos e a quantidade de calorias consumidas, você não deve ingerir mais do que consegue gastar. Isso, para não ganhar peso. Para perdê-lo, é necessário ingerir menos do que se gasta. E é aí que entra a prática de exercício físico.

Perder aqueles quilinhos a mais ou mudar o estilo de vida para ter uma vida mais saudável não é nada fácil. Mas é importante ter em mente que todas as pessoas, em qualquer idade podem mudar. O que verdadeiramente importa é a disciplina dedicada à sua decisão de iniciar um novo regime de alimentação. Isso se aplica tanto para uma dieta de emergência quanto para o processo de reeducação alimentar.