Testes de DNA de ancestralidade funcionam?

Testes de ancestralidade ajudam você a conhecer um pouco da sua história genética, tanto para parentesco como para doenças específicas.

Thaynara Firmiano | 15 de Julho de 2021 às 17:05

Tetiana Lazunova/iStock -

A busca para entender de onde viemos leva muitas pessoas a realizarem os testes de ancestralidade. Esses testes estão cada vez mais famosos pelo mundo. Segundo uma pesquisa divulgada pela MIT Technology Review, cerca de 26 milhões de pessoas já haviam realizado testes de ancestralidade até o início de 2019. 

Para entendermos melhor, conversamos com Tarcísio Correa, farmacêutico, mestre em biotecnologia e doutorando em biotecnologia, para tirar todas as dúvidas sobre os testes de ancestralidade.

Como funcionam os testes de ancestralidade?

“O teste de ancestralidade coleta uma amostra biológica sua e, a partir daquela amostra, analisa o seu quadro genético. Essa análise vai dizer quais as origens geográficas da sua ancestralidade”, explica Tarcísio.

O método de análise utilizado pelas empresas não é conhecido. Mas o que se entende é que a comparação do material genético é feita utilizando uma base de dados. Esses dados podem ser públicos ou privados, montados pelas próprias empresas. Com essa comparação, os dados da sua ancestralidade são, então, informados. 

Alguns testes apresentam o percentual de cada continente presente no seu código genético de uma forma mais geral, por exemplo: 55% África, 30% América Central, 15% Europa. Enquanto outros vão mais a fundo e dizem especificamente quais países estão mais presentes nos seus dados genéticos. 

Resultado de uma simulação disponível no site da empresa Genera. (Imagem: Captura de tela/Genera)

Outro ponto interessante são as possibilidades além da descoberta da sua ancestralidade, pois vários testes oferecem, além das informações geográficas dos seus dados genéticos, uma análise de saúde e bem-estar. Oferecendo até mesmo um compilado de dados sobre riscos genéticos que você possui. 

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“As empresas também oferecem esse tipo de informação. Essas marcações que são comparadas podem servir tanto para associar uma origem geográfica, quanto para identificar padrões de doenças específicas no seu material genético. Determinados marcadores podem expressar uma possibilidade aumentada para desenvolver alguma doença”, conta Tarcísio.

É possível, ainda, que cada empresa apresente um percentual diferente nos testes. Isso se deve ao fato de que cada empresa trabalha com um banco de dados próprio, além dos bancos públicos. Sendo assim, a análise comparativa é feita de forma diferente. No entanto, a tendência é que as diferenças sejam bem poucas.

Qual a diferença entre os testes de ancestralidade e de paternidade?

Tarcísio explica que a principal diferença entre os testes de ancestralidade e o de paternidade é a forma como a análise é feita.

“O teste de ancestralidade vai comparar vários marcadores que existem na base de dados das empresas. Já o de paternidade, ou até mesmo de maternidade, vai comparar marcadores específicos. Os dois vão se basear nessa comparação entre marcadores. Só que, por exemplo, no teste de paternidade, ele vai comparar a amostra de dois indivíduos específicos, que potencialmente podem ser os pais dessa criança.”

Irmãos de mesmos pai e mãe podem ter resultados diferentes?

Sim, é possível! Apesar de as pessoas serem filhos da mesma mãe e do mesmo pai, o material genético é diferente. Tarcísio explica um pouco melhor como funciona e os motivos para os resultados saírem diferentes. 

“Não vai ser uma diferença tão grande, mas é possível. O óvulo carrega metade da informação genética da mãe e o espermatozoide metade da informação genética do pai. Mas, na formação dos gametas, a informação genética de cada um é separada de forma aleatória. Então, quando há a distribuição dos cromossomos, para os gametas, ela ocorre dessa forma. O mais provável que aconteça é que irmãos recebam cromossomos diferentes e, consequentemente, partes diferentes da informação genética. E aí pode haver alguém com alguma informação genética proveniente de uma localização geográfica”, explica Tarcísio. 

É possível encontrar parentes por meio dos testes de ancestralidade?

Alguns testes oferecem o serviço de procurar parentes. Assim, esse serviço alerta os clientes sobre possíveis correspondências de DNA. Não necessariamente serão seus familiares, mas aponta algum grau de parentesco. 

Como fazer um teste de ancestralidade?

O teste também pode ser realizado pelo próprio paciente, em casa. (Imagem: AndreyPopov/iStock)

Várias empresas realizam testes de ancestralidade. Em uma breve pesquisa no Google você já encontra algumas. As empresas enviam o equipamento necessário, as instruções de uso e o próprio solicitante faz a coleta. Embora algumas empresas também ofereçam que a coleta seja realizada em laboratórios.

A coleta do material é feita por meio de um esfregaço da parte interna da bochecha. A empresa envia um swab – aquele cotonete grande – para que a pessoa passe na parte de dentro da bochecha e, então, realize a coleta. Orientam que armazene o material de forma correta, conforme informado nas instruções, e o envie para o laboratório. 

O tempo de análise vai depender de uma empresa para a outra, mas pode levar entre 15 e 30 dias para se obter os resultados.