Entenda como lidar com medos, fobias e obsessões

Muitos de nós temos hábitos compulsivos, mas apenas ocasionalmente eles saem de controle. Converse com seu médico caso seus hábitos angustiem você.

Elen Ribera | 8 de Agosto de 2019 às 16:00

Unsplash/Verne Ho -

O estresse e as exigências da vida diária nos tornam ansiosos. Mas quando a ansiedade se torna extrema, medos e preocupações parecem não ter uma causa racional ou quando nos tornamos tão obcecados que não conseguimos controlar nossas ações, chegou a hora de agirmos.

Use o computador contra fobias

Cerca de uma em cada cinco pessoas tem medo de voar. Esse medo é tão grande que limita seus planos para as férias e pode, mesmo, colocar suas carreiras em risco. Atualmente, as pessoas estão conseguindo ajuda
com simuladores. Os indivíduos se sentam diante de um computador, em um assento como o de aeronaves. Usam um dispositivo que se ajusta à cabeça e aos olhos e transmite imagens realistas. A experiência é tão ‘real’ que um dos participantes dos testes do Centro de Transtornos de Ansiedade dos EUA em Hartford, Connecticut, respondeu quando lhe foi pedido que olhasse para fora da janela: “Não, estamos alto demais.” Para ser eficaz, o voo deve durar por volta de uma hora, e precisa ser repetido. Tecnologia similar está sendo usada para ajudar motoristas a encarar seus medos, como os resultantes de acidentes de trânsito.

Tome um comprimido antes

Se a expectativa de voar o leva ao pânico porque você está certo de que o avião vai cair ou porque tem medo de altura, peça ao seu médico que lhe prescreva um benzodiazepínico. Drogas ansiolíticas podem acalmar os nervos por tempo suficiente para que você enfrente o voo. Mas se você tomar um tranquilizante, nunca o misture com álcool; ele pode potencializar efeitos colaterais como náusea, sonolência, tontura e visão borrada. Você pode ser aconselhado a tomar uma dose antes de voar e outra menor durante o voo.

Recaptação de serotonina

A vida de quem sofre de agorafobia pode ser tão limitada que ele pode se tornar prisioneiro na própria casa, incapaz de sair. Até mesmo quando a doença é menos severa, o medo de estar em um shopping, em filas, elevadores e em lugares dos quais se sintam incapazes de escapar pode restringir muito a vida dessas pessoas. De todos os medicamentos para tratar agorafobia, os mais eficazes são os antidepressivos chamados inibidores seletivos da recaptação de serotonina, ou ISRS, que incluem a droga fluoxetina. Pergunte ao seu médico sobre medicamentos se você sofre de agorafobia.

Aumente os níveis de serotonina

Se sua agorafobia não for grave ou se você não quiser tomar ISRS (veja acima), você pode elevar os níveis de serotonina naturalmente. Exponha-se à luz solar, exercite-se regularmente e consuma uma dieta rica em triptofano, o aminoácido do qual a serotonina é feita. Coma iogurte, frutos oleaginosos (nozes, castanhas) e sementes e beba leite.

Dramatize a própria recuperação

Aproximar-se de outros sofredores para dramatizar seus medos tem se mostrado útil para quem sofre de fobias sociais – ou seja, situações nas quais você está certo de que será examinado, julgado ou constrangido em público. Pode ser medo de falar com estranhos, de falar em público ou de ir a festas. Ao se engajar em uma dramatização dirigida por um terapeuta, você será capaz de praticar e de se preparar para situações que o assustam, permitindo se superar sua paralisia e se tornar mais confiante. Há grupos de apoio para as fobias mais comuns. Procure na Internet uma que seja apropriada para você. 

Altere suas reações

Psicólogos no Brasil desenvolveram um jeito novo de tratar a aracnofobia – medo de aranhas. Muitas pessoas que sofrem de aracnofobia rejeitam tratamentos que envolvam aranhas de verdade. A abordagem brasileira dá a cada paciente um CD com imagens de objetos com características similares às de uma aranha. Desde a abóbada de uma catedral gótica a uma câmera em um tripé. Testes descobriram que 42% das pessoas que olharam as imagens duas vezes ao dia por quatro semanas foram capazes de tocar em uma aranha. Após seis meses, mais de 90% dos indivíduos foram capazes de se aproximar de uma aranha sem medo.

Diminua a sensibilidade

Imaginar-se em uma situação que o aterroriza pode na verdade ajudá-lo a confrontar medos que o fazem suar, o deixam tonto ou o fazem desmaiar e ter palpitações e batimentos cardíacos irregulares. Nesse tipo de terapia – que é útil para problemas como vertigem, claustrofobia, medo de água, do escuro ou de eventos naturais como tempestades e terremotos –, os pacientes são encorajados a imaginar as situações nas quais seus medos surgem. Conforme fazem isso, as situações começam a perder sua capacidade de provocar ansiedade, processo conhecido como dessensibilização sistemática.

Visualize-se enfrentando o medo

A programação neurolinguística (PNL) registra sucesso na rapidez em aliviar medos e fobias. O tratamento, conduzido por um profissional treinado, acontece em diversas etapas. Primeiro você deve se imaginar assistindo a um filme em preto e branco de você mesmo, enfrentando a situação ou a coisa que o assusta. Por exemplo, estar num campo com passarinhos voando em volta da sua cabeça, ou segurar uma jiboia em seus braços.

Imaginar-se em um filme preto e branco baseado em seu medo pode ajudá-lo a lutar contra sua fobia.

Para que possa ver o filme objetivamente, você é estimulado a se imaginar flutuando para fora de seu corpo, para um lugar onde você seja capaz de controlar a ação, como se estivesse na sala de projeção de um cinema. Uma vez que você tenha ‘assistido ao filme’, e os pássaros, cobras ou outros objetos assustadores tenham ido embora, você então é convidado a se visualizar entrando na mesma cena em cores e a reencená-la desde o início. A etapa final é se imaginar encontrando um bando de pássaros ou pegando uma cobra; se o tratamento tiver sucesso, você descobrirá que seu medo foi dissipado.

Não passe seus medos adiante

Especialistas dizem que filhos de pais com transtornos de ansiedade têm ao menos sete vezes mais chance de sofrer com esses problemas. Mas isso não é inevitável. Em um estudo americano, crianças que não sofriam de transtornos de ansiedade e seus pais que possuíam o problema foram convidados a fazer um curso de terapia cognitiva comportamental (TCC). Durante oito semanas, os adultos aprenderam como reconhecer o que estavam fazendo que poderia deixar seus filhos ansiosos, como ser superprotetores ou manifestar preocupações em voz alta. Os filhos aprenderam a lidar tão bem com o problema que, após um ano, nenhum deles tinha desenvolvido transtorno de ansiedade. Em um grupo similar que não recebeu tratamento com TCC, 30% dos filhos foram diagnosticados com problemas de ansiedade graves o suficiente para requerer terapia. 

Permita-se um momento

Se você sofre de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), uma forma de superar as preocupações é restringi-las a momentos de preocupação de 10 minutos cronometrados. Idealmente, isso deve ser a primeira coisa que você deve fazer de manhã e no início da noite. Para que não haja interferência no sono. Essas sessões, que devem acontecer em um
lugar específico, são ideais para registrar ansiedades. Se impulsos vierem à sua mente durante o dia, faça um pacto consigo mesmo de adiá-los até o momento de preocupação.

Saiba seu valor

A chave para se curar de um transtorno obsessivo-compulsivo talvez esteja em se conhecer e enfrentar seus medos. Essa é a base da psicologia humanística, que afirma que todos possuem um valor intrínseco e que para que sejam indivíduos mentalmente saudáveis é necessário assumir responsabilidade por suas ações. A terapia se concentra no presente e não no passado. Pode funcionar para você, quer você esteja preso a uma série de pensamentos ansiosos, obcecado por medos e superstições ou amarrado a rituais como lavar as mãos ou checar tudo no mínimo duas vezes.

Veja o lado engraçado

Reconhecer o absurdo de suas obsessões pode ajudá-lo a se tornar mais desapegado do seu TOC. A série americana de TV Monk, ganhadora de vários prêmios da categoria tinha como personagem principal o detetive Adrian Monk. Ele sofria de TOC e limpava as mãos toda vez que apertava as mãos de alguém. Isso possibilitou que quem sofria do transtorno risse do problema, que afeta um em 50 adultos na Inglaterra e nos EUA.

Fazer uma caminhada pode ajudá-lo a tirar a atenção da sua obsessão

Jogue cartas

O método usa um baralho de 100 cartas para ajudar pessoas com TOC. Em cada carta está escrito um traço de personalidade, como extrovertido e sociável, autoestima alta ou organizado e detalhista. Os participantes devem dispor as cartas em nove pilhas, em uma escala de nada a ver comigo a tudo a ver comigo, em categorias como motivado, bem-educado, preguiçoso e fácil de conhecer. Então, as cartas são embaralhadas, e se pede que as organizem de novo. Mas dessa vez de modo que reflita seu eu ideal. Ver a diferença entre os dois vai ajudá-lo a mudar o foco dos seus pensamentos. Isso o ajuda para que você se torne mais seguro de si e positivo.

Dê quatro passos

Este plano simples pode ajudá-lo a combater seu TOC.

★ Reclassifique

Se você é um acumulador, transforme sua compulsão. Em vez de pensar “eu preciso guardar esses jornais velhos, eles podem ser úteis um dia”, diga “eu não preciso deles. É a minha obsessão que me diz que não posso jogá-los fora”.

★ Reatribua

Admita que você tem TOC e que isso pode ser por causa de mensagens falsas do cérebro. Mas se distancie disso dizendo a si mesmo: “Não sou eu, é o TOC.”

★ Refocalize

Dê o seu melhor para se distrair da sua obsessão. Em vez de organizar ou de lavar as mãos, pratique ioga ou meditação. Ou ainda saia de casa e dê uma caminhada.

★ Revalorize

Diga a si mesmo que a obsessão não é significativa. Talvez você não consiga fazer o pensamento desaparecer, mas desvalorizá-la pode ajudar a ignorá-la.

Procure um remédio

Se o TOC estiver destruindo sua vida ou deixando-o deprimido, pergunte ao médico sobre a clomipramina. É um dos melhores medicamentos para TOC. Mas pode levar de seis a oito semanas para que todos os seus benefícios sejam sentidos. Muitas pessoas que sofrem de TOC e tomam clomipramina concordam que os efeitos colaterais, como boca seca, fadiga e ganho de peso, são compensados com o alívio de não ter mais as obsessões.

Obtenha apoio

Não lide com o TOC sozinho. Seu médico pode oferecer ajuda e conselhos valiosos, mas conversar com aqueles que compartilham do seu problema
pode ser reconfortante. A instituição SITOC oferece informação sobre grupos de apoio locais.

Lide com as ansiedades, uma de cada vez

Enfrentar coisas que deixam você ansioso pode diminuir seus efeitos. Faça uma lista das coisas que você mais teme. Enfrente-as uma por uma, começando pela menos preocupante. Então, se você fica menos ansioso de sair de casa sem verificar se o fogão está desligado, comece com isso. Em vez de verificar várias vezes, pratique até que você possa checar apenas uma vez antes de sair. Então passe para sua próxima preocupação da lista. Conforme você avança, monitore seus níveis de ansiedade – é encorajador vê-los diminuir.