O caso Larisa: a história da menina ucraniana que surpreendeu os oncologistas

Ser diagnosticado com câncer primário não é nada fácil. Imagina receber este diagnóstico duas vezes com apenas 15 anos de idade!

Redação | 6 de Novembro de 2018 às 22:00

Receber o diagnóstico de câncer e combater a doença não é nada fácil. Imagina receber esta notícia duas vezes quando se tem apenas 15 anos… Conheça a surpreendente história da menina ucraniana que chocou até mesmo os especialistas!

PACIENTE: Larisa (nome trocado para proteger a privacidade), 15 anos, aluna do ensino médio na Ucrânia

SINTOMAS: Tosse, dor abdominal

MÉDICA: Dra. Cynthia Herzog, vice-chefe de divisão do Centro de Oncologia da Universidade do Texas

O caso Larisa

Quando Larisa começou a sentir dor no abdome, uma dor que ia e vinha, seus pais, preocupados, a levaram ao médico da família, que
a encaminhou a um ginecologista.

Depois que um ultrassom revelou uma massa na pelve de Larisa, um oncologista fez uma biópsia. Após uma semana, chegou o resultado
positivo para um tumor de células germinativas, tipo de câncer que ocorre nas células reprodutoras dos ovários ou testículos – e é um dos mais comuns em adolescentes. A doença já tinha se espalhado pelos nódulos linfáticos em torno da medula espinhal de menina.

A trajetória de Larisa

Em vez de buscar tratamento para a filha perto de casa, os pais de Larisa atravessaram o oceano até o Centro de Oncologia MD Anderson, em Houston, Texas, onde a menina se tornou um dos muitos pacientes internacionais.

Quando a Dra. Cynthia Herzog, que trata de pacientes pediátricos, examinou Larisa, a adolescente também se queixava de tosse sempre que se deitava para dormir. O patologista comprovou o diagnóstico inicial. Herzog pôs Larisa no regime-padrão de quimioterapia para tumor de células germinativas. Quando isso provocou inflamação do intestino da adolescente, além de diarreia e vômitos, ela passou a tomar um medicamento alternativo e bem-sucedido.

Três meses depois, o cirurgião removeu a massa do ovário de Larisa e vários nódulos linfáticos afetados e confirmou que os tumores estavam mortos. Sempre era possível surgirem novos, mas o prognóstico era bom.

“Mesmo com doença metastática, a sobrevivência a longo prazo é de 50%”, diz a Dra. Herzog.

Passadas dez semanas, no primeiro exame pós-cirurgia, Larisa mencionou que a tosse voltara. O resultado dos exames mostrou que a doença atingira os nódulos linfáticos próximos ao coração.

Surpresa com a reviravolta da doença depois que o tratamento se mostrara tão eficaz, a Dra. Herzog quis fazer uma biópsia da massa do tórax, mas os pais de Larisa não deixaram. A tosse da filha dificultaria que ela se deitasse para o procedimento, e a garota teria de ser anestesiada. Larisa já sofrera muito, e eles preferiram continuar a quimioterapia. Mas, após um ciclo, os exames revelaram que a massa do peito continuava inalterada.

“É estranho que a doença retorne e não responda ao tratamento”, diz a Dra. Herzog. “Então insistimos que a biópsia era necessária para ver com o que estávamos lidando antes de continuar.”

Alguns dias depois, a Dra. Herzog teve uma das maiores surpresas de seus 33 anos de carreira. Os patologistas do hospital lhe informaram que Larisa tinha outro câncer primário – um linfoma. O choque da médica é compreensível. Uma garota da idade de Larisa tem uma probabilidade aproximada de 1 em 100 mil de apresentar um desses dois cânceres, o que faz a probabilidade de ter os dois ser de 1 em 10 bilhões.

“Foi a única vez que vi algo assim”, diz a Dra. Herzog.

O tratamento do linfoma é mais demorado do que o dos tumores de células germinativas – o regime-padrão dura um ano e meio. Larisa e sua família moraram em Houston quase todo esse tempo.

O último ciclo de quimioterapia de Larisa terminou há quatro anos. Agora, ela volta a Houston uma vez por ano para exames de acompanhamento, e por enquanto está livre do câncer. Com 21 anos, ela planeja seguir carreira na área de saúde.

por Micah Toub

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