O que fazer quando o diabetes ataca o seu filho?

Tratar o diabetes em uma criança pode ser mais desafiador do que lidar com a doença em você mesmo. Dependendo da idade e do temperamento da criança, tanto

Douglas Ferreira | 14 de Abril de 2020 às 21:00

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Tratar o diabetes em uma criança pode ser mais desafiador do que lidar com a doença em você mesmo. Dependendo da idade e do temperamento da criança, tanto a capacidade como a vontade dela de entender o que está acontecendo, de tomar os cuidados necessários e de seguir as suas orientações variam. Mas você pode fazer seu filho assumir a responsabilidade de cuidar de si mesmo — seja o diabetes do tipo 1 (o mais comum em crianças) ou do tipo 2 —, se tiver os seguintes princípios em mente:

Crianças pequenas e em idade pré-escolar

Aprenda a reconhecer como a hipoglicemia e a hiperglicemia afetam o comportamento de seu filho, pois ele não sabe dizer como se sente. Espere certa rebeldia com relação às injeções de insulina e aos testes para verificar os níveis de açúcar no sangue quando ele já estiver aprendendo a usar o banheiro, pois a criança começa a ficar mais independente, embora ainda lhe obedeça. Não se preocupe muito se a glicemia variar entre 150 e 200 mg/dl (acima do recomendado para adultos), pois as crianças precisam de mais açúcar no sangue para ter um desenvolvimento normal. Esqueça o hábito de tentar controlar quando a criança come. Em vez disso, aceite padrões irregulares de refeições e compense usando insulina de ação curta quando a criança se alimentar.

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Crianças em idade escolar

À medida que seu filho se desenvolve física e mentalmente, torna-se mais capaz de entender por que o tratamento é necessário e passa a querer colaborar. Ensiná-lo a cuidar desde já de sua doença protegerá sua saúde no futuro, mas não o assuste com os detalhes desagradáveis das complicações. Controlar a glicemia nesse momento passa a ser mais importante, sobretudo à noite, quando o risco de hipoglicemia é maior. Certifique-se de que ele comeu algo antes de deitar e não o deixe pular refeições. Estimule-o a participar de atividades escolares e sociais para fazer amizades, aumentar a auto-estima e sentir-se menos diferente das outras crianças.

Por volta dos 8 anos, é provável que seu filho comece a assumir parte da responsabilidade pelas injeções e pelos testes de glicemia – pode ser com a ajuda dos professores ou colegas de turma, que se beneficiarão da oportunidade de aprender com seu filho algo sobre o diabetes.

Pré-adolescentes e adolescentes

O controle – sobre várias coisas – agora passa a ficar nas mãos de seu filho. Estudos revelam que a monitoração rigorosa da glicemia desde os 13 anos pode evitar complicações na idade adulta, por isso é bom estimulá-lo a cuidar de si – mas não espere que ter consciência das consequências futuras vá motivá-lo. Ainda não é hora de ele assumir completamente as rédeas, pois a preocupação com o que as outras crianças podem pensar talvez o faça pular etapas em seus cuidados. Converse sobre o assunto e espere uma discussão, mas acredite que usar você como desculpa (“Meus pais me forçam a fazer isso”) pode ajudá-lo a fazer as coisas certas. Dê mais responsabilidades ao seu filho à medida que ele se tornar capaz de assumi-las. Quando puder escolher uma faculdade, a responsabilidade pode passar para ele.