Por que sonhamos e o que os sonhos significam?

Há muito tempo as pessoas tentam interpretar seus sonhos acreditando que eles podem revelar o futuro. Mas você sabe por que sonhamos?

Douglas Ferreira | 17 de Abril de 2020 às 19:00

Luvi40/iStock -

Há muito tempo as pessoas tentam interpretar seus sonhos. Antigamente, procurava-se tirar conclusões sobre a realidade a partir dos sonhos para, por exemplo, prever o futuro. Hoje tiram-se mais conclusões sobre o que se passa na mente do sonhador. Mas o que realmente está por trás do mundo
dos sonhos?

Como se desenvolvem os sonhos e as lembranças?

Com o auxílio da ciência moderna, é possível analisar o interior do cérebro de pessoas vivas e observar que processos ocorrem durante o sono. Contudo, apesar do avanço da medicina e do desenvolvimento contínuo dos instrumentos de observação das nossas funções corporais, o conhecimento acerca da essência dos sonhos e das lembranças continua cheio de lacunas.

Até onde se sabe hoje, a construção de lembranças requer a ativação de genes nas células nervosas do cérebro, a formação de novas proteínas e a alteração de conexões nervosas. Sobre a formação dos sonhos, sabe-se menos do que isso. Em determinado período, acreditava-se que eles estivessem intimamente ligados às chamadas fases REM do sono. A sigla REM refere-se à expressão em inglês “rapid eye movement”, uma fase do sono identificada pelos movimentos rápidos dos olhos.

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As fases REM foram descobertas em meados do século 20 e, desde então, desempenham um importante papel na explicação do sonho. Durante as fases REM ocorrem não só os movimentos rápidos dos olhos, como também outras atividades motoras e reações genitais. As fases REM acontecem aproximadamente a cada 90 minutos e duram em torno de 20 minutos. Sabe-se, de experimentos realizados em laboratórios que estudam o sono, que as pessoas que são acordadas durante as fases REM relatam seus sonhos com uma frequência bem maior e com mais riqueza de detalhes do que aquelas acordadas nas fases não-REM.

Entretanto hoje já se sabe que também sonhamos em outras fases do sono, embora a qualidade desses sonhos seja diferente. Eles são mais parecidos com linhas de raciocínio conscientes. Já os sonhos das fases REM lembram mais as sequências de histórias de filme. Contudo a relação entre sonho e fases REM parece ser menos direta do que se acreditava de início. Porque nos raros casos em que não se sonha mais devido a um dano cerebral, continuaram sendo observadas fases REM.

O que os sonhos querem nos dizer?

Acredita-se que os sonhos sejam o resultado de informações originalmente desconexas de diversas regiões do cérebro. Mas os cientistas concluíram que, em geral, as pessoas não sonham com coisas aleatórias, mas com algo relacionado a elas e às suas vidas. Algumas pessoas, por exemplo, sonham várias vezes que não passam no vestibular, quando estão nessa fase da vida. Ou surgem, nos sonhos, pessoas ou objetos com que a pessoa que sonha se ocupou durante o dia. Por isso, hoje os pesquisadores voltaram a acreditar na teoria de que os sonhos seriam mais do que apenas excitamentos neuronais aleatórios.

De quais sonhos nos lembramos?

Em geral, pela manhã temos apenas a sensação de que sonhamos intensamente. Como em uma noite costumamos ter vários sonhos, isso não é de espantar. Mas, quando nos lembramos de um sonho, ele costuma ser da última fase do sono antes de acordar. Entretanto o seu conteúdo já se apaga no momento em que queremos relatá-lo. Somente os pesadelos e os sonhos particularmente marcantes permanecem gravados na memória por mais tempo.

Que valor Sigmund Freud atribuía aos sonhos?

Para Sigmund Freud (1856-1939), o sonho era o caminho direto para o “conhecimento do inconsciente na vida da alma”. Freud concluiu, por experiência própria, que os sonhos têm um sentido: eles são a realização de um desejo reprimido. Mas, no sonho, o desejo reprimido não se mostra desvelado. O material do sonho é apresentado em condensações e deslocamentos. Assim, Freud também explica o famoso fenômeno de se ter certeza, em um sonho, de conhecer uma pessoa que nele aparece, ainda que não se saiba dizer o seu nome.

Diversas pessoas do próprio passado e presente podem se condensar numa única pessoa mista. Um deslocamento ocorre quando imagens do passado remoto invadem imagens do dia anterior. Segundo Freud, os deslocamentos e as condensações também explicam o fato de muitas vezes nos lembrarmos apenas de pequenas partes dos sonhos depois de acordarmos.