Claudia Raia afirma: “Nós, mulheres, não temos que nos ver como rivais”

A atriz, cantora, dançarina e produtora teatral paulista Claudia Raia conversa com nossa coluna sobre Ti-ti-ti, feminismo e muito mais!

Márcio Gomes | 31 de Março de 2021 às 16:00

Reprodução/Acervo -

De volta à TV com a impagável Jaqueline, de “Ti Ti Ti”, Claudia Raia não esconde a felicidade em poder rever as cenas cômicas da personagem, que classifica como uma Porcina pop, extravagante e exuberante.

“Ao mesmo tempo que eu e Jaqueline temos muito em comum, também, somos diferentes. Acho que a exuberância, o interesse pela moda e o humor na vida são características que compartilhamos. Porém, quando olho a personagem mais de perto, percebo que somos completamente diferentes. Jaqueline é tão imersa em si mesma que não tem espaço para mais ninguém, nem para a própria filha. Na verdade, ela tem uma obsessão em ser amada, em se casar com alguém por quem seja completamente apaixonada e viver o seu conto de fadas. Porém, nessa busca ela acaba negligenciando todo o seu entorno. Eu sou o oposto. Estou sempre de olho em todo mundo e preocupada com o bem-estar de todos. Tenho esse perfil mãezona, de cuidar, de acolher, e isso não é só com os meus filhos, mas com todas as pessoas que estão por perto. Sou maternal”, explica.

Mãezona de verdade, Claudia diz que depois de ser mãe de Enzo e Sophia, fruto do casamento com Edson Celulari, passou a entender melhor sua mãe, dona Odette Raia. 

“Sem dúvida! Quando a gente é filha apenas, é mais difícil ter essa perspectiva. Queremos fazer e acontecer, até que vem uma pessoa e fica falando que, talvez, essa não seja a melhor escolha… A gente não quer ouvir isso quando somos adolescentes, jovens e adultos. Nós queremos nos jogar na vida sem cabo de segurança (risos). Depois que fui mãe entendi tão perfeitamente que, às vezes, eu via as coisas como algo para me prender, mas eram para me proteger de qualquer coisa”, fala.

Com uma relação construída no diálogo com Enzo e Sophia, a atriz deixa claro que, em casa, tudo é falado e de forma franca. 

“Para mim, o espaço seguro deles têm que ser em casa, onde eu possa conversar, orientar e trocar… Se eles não aprenderem comigo, se não tiverem liberdade comigo para falar as coisas, onde vão buscar essas informações? Porque a verdade é que eles não vão, simplesmente, não ter curiosidade. Então, incentivo muito o diálogo sobre absolutamente tudo!”, diz. 

Sem tabus 

Com violência contra a mulher ainda presente nos dias de hoje, Claudia garante que esse assunto é falado e casa e que a educação feminina, a solidariedade e a união são uma das formas de se acabar com esse tipo de agressão.

“A única forma de se acabar com isso é ter uma educação feminista para todos. Meninos e meninas, desde cedo, devem aprender que homens e mulheres são iguais, podem fazer o que quiserem, são livres para escolherem os seus caminhos. A educação feminista, inclusive, é um caminho para que a gente acabe com essa masculinidade tóxica! Meninos e homens podem (e devem!) demonstrar os seus sentimentos, chorar quando quiserem e ajudar nas atividades domésticas. Além disso, acredito, sim, que a sororidade, que é essa solidariedade entre as mulheres, essa irmandade, também é importante. Nós, mulheres, não temos que nos ver como rivais, como a sociedade muitas vezes incentiva. Somos aliadas!”, dispara. 


Sem muitos planos para 2021, o projeto para este ano é ser vacinada. 

“Com certeza! E ainda não dá para dizer muito sobre planos futuros porque tudo muda o tempo todo. A ideia era voltar ao teatro, mas não sabemos quando será possível… Estamos aguardando”, finaliza.