Emprego do hífen: quando usar e quando não usar

Você ainda tem dúvida sobre o emprego do hífen? Confira nossa lista com as regras de uso do hífen e os casos em que ele não é empregado.

Douglas Ferreira | 25 de Março de 2020 às 14:00

BrianAJackson/iStock -

As alterações promovidas pela reforma ortográfica no que se refere às mudanças ocorridas no emprego do hífen foram motivo de grande polêmica. No entanto, o uso do hífen é um elemento que gera dúvidas constantes nos usuários da língua portuguesa. E o texto do acordo não deu a devida precisão às regras de que tanto necessitamos.

Como nós já sabemos, o hífen é empregado para formar palavras compostas (couve-flor), ligar verbos e pronomes átonos (vendê-lo) e separar sílabas das palavras, em geral, na translineação (ca-sa). O domínio do emprego do hífen é muito importante para os candidatos a concursos e para todos os que pretendem aprimorar conhecimentos sobre a nossa ortografia oficial. As regras são numerosas, então, além de conhecê-las, em caso de dúvida, a melhor saída é sempre consultar um bom dicionário.

Abaixo vamos enumerar as regras de uso do hífen, além de analisar os casos em que ele não é empregado.

Quando usar o hífen?

1

Em palavras compostas cujo primeiro elemento é constituído por forma substantiva, verbal, numeral, adjetiva.

Exemplo: ano-luz, arco-íris, norte-americano, afro-brasileiro, guarda-roupa, conta-gotas, segunda-feira etc.

Algumas formas empregadas com valor de adjetivo permaneceram grafadas sem hífen: afrodescendente, eurodeputado, lusofonia, anglofalante etc.

2

Em palavras compostas em que se emprega o apóstrofo: cobra-d’água, mãe-d’água, mestre-d’armas.

3

Em palavras compostas cujo primeiro elemento é “mal” e o segundo elemento inicia por vogal ou h: mal-afortunado, mal-entendido, mal-humorado. Permanecem sem hífen, portanto, palavras como malcriado, malgrado, malnascido, malvisto.

4

Em palavras compostas ou locuções consagradas pelo uso: cor-de-rosa, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.

5

Em palavras cujo prefixo antecede termo iniciado por h: anti-herói, deca-hidratado, sobre-humano, sub-humano etc.

Dessa regra, excluem-se prefixos des- e in-, cujo emprego “elimina” o h do segundo elemento: desumano, inumano.

Leia também: Entenda de uma vez por todas quando usar as formas por que, porquê, por quê e porque.

6

Em palavras cujo prefixo termina com vogal igual à que inicia o segundo elemento: anti-ibérico, auto-observação, micro-onda, sobre-estimar. Mais adiante, veremos que os prefixos co-, pre-, pro- e re- não entram nessa regra.

7

Em palavras cujo prefixo termina com consoante igual à que inicia o segundo elemento ou este se inicie por h: hiper-requintado, inter-racial, super-resistente, sub-base, hiper-hidrose, super-homem.

8

Em palavras com os prefixos ad-, ab-, ob-, sob-, sub- e o segundo elemento iniciando por r: ab-rogar, ad-renal, ob-rogar, sob-roda, sub-reitor.

9

Em palavras com os prefixos circum- e pan- e o segundo elemento iniciando por vogal, “h”, “m” ou “n”: circum-escolar, circum-navegação, pan-africano, pan-negritude.

10

Em palavras formadas com os prefixos além-, aquém-, bem-, recém-, sem-, desde que não haja elemento de ligação: além-mar, aquém-mar, bem-vindo, bem-estar, recém-casado, sem-vergonha.

11

Em palavras formadas com os prefixos ex-, soto-, vice-, pós-, pré-, pró-: ex-diretor, ex-namorado, soto-capitão, vice-presidente, pós-doutorado, pré-adolescente, pré-eleitoral, pró-europeu.

12

Em palavras que denominam animais, plantas e área afins: couve-flor, bem-te-vi, dente-de-cão, ervilha-de-cheiro, joão-de-barro, vassoura-de-bruxa, pimenta-do-reino.

13

Em palavras formadas com sufixos de origem tupi: capim-açu, anajá-mirim, amoré-guaçu.

14

Em encadeamentos vocabulares, ou seja, palavras que eventualmente se combinam: eixo Rio-São Paulo, ponte Rio-Niterói.

Acabe também com as suas dúvidas sobre o uso da crase!

Quando não usar hífen?

1

Em palavras cujo prefixo termina em vogal diferente da que inicia o segundo elemento: antiaéreo, autoestrada, extraescolar, hidroelétrico.

2

Em palavras cujo prefixo termina em consoante diferente da que inicia o segundo elemento: superpopulação, hipermercado, superlargura, hiperdesenvolvimento.

3

Em palavras cujo prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante: anteprojeto, autopeça, coprodução, geopolítica; microcomputador, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno. Quando a consoante que iniciar o segundo elemento for r ou s, tais letras devem ser duplicadas: antessala, microssistema, cosseno, minissaia, autorregular, contrarregra, antirreligioso. Essa regra não se aplica aos prefixos soto-, vice-, pré-, pró-.

4

Em palavras com os prefixos co-, pre-, pro-, re-: coabitar, coautor, coordenar, coocupante, cogestão, proativo, proembrião, preencher, preeminência, reedição, refazer, remarcar, reeleição. Não confundir com a regra para os prefixos pré e pró- acentuados.

5

Em palavras cujo prefixo termina em consoante e o segundo elemento inicia com vogal: hiperacidez, hiperativo, interescolar, superamigo, superaquecimento, supereconômico. Com os prefixos ex-, sem-, além-, aquém-, recém e pós-, usa-se o hífen.

6

Em certas palavras que perderam a noção de composição: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé. Os compostos para-brisa, para-choque, para-lama e manda-tudo, mantiveram o hífen por tradição lexicográfica.

7

Em palavras compostas com mais de dois elementos: pão de ló, pé de moleque, mão de obra. Tal regra não se aplica aos termos que designarem animais ou plantas, como vimos anteriormente nem a outros que configuram exceções, como água-de-colônia.

Confira também: Os 18 erros de português mais comuns

Atenção!

O texto do Acordo Ortográfico não trata das palavras compostas com elementos repetidos ou com alguma alternância sonora como zum-zum-zum, lenga-lenga, tique-taque, pingue-pongue. Entende-se que elas mantiveram hífen pela tradição ortográfica.