Entenda a diferença entre fome e apetite e melhore sua alimentação

Se você vive pensando em comida, precisa se perguntar a diferença entre fome e apetite. Descubra como o seu organismo funciona quanto à alimentação.

Thaís Garcez | 15 de Abril de 2020 às 19:00

jacoblund/iStock -

A comida é essencial à nossa sobrevivência, à boa saúde e ao funcionamento efetivo do corpo. No entanto, com frequência recorremos à comida por outros motivos que não a fome. A fome é uma força extremamente poderosa. Ela é uma mensagem fisiológica direta enviada por seu corpo para alertá-lo do fato de que você está ficando sem combustível. Isso ocorre quando o estômago está vazio e os níveis de glicose no sangue começam a diminuir. Quanto mais tempo passamos sem comer, mais fortes os sinais da fome se tornam. Mas existe uma diferença entre fome e apetite!

O apetite, por outro lado, é um desejo e uma expectativa em torno da comida que podem não refletir uma necessidade física de alimentos. Antes mesmo de a comida entrar na boca, a visão e o olfato fazem o estômago e os intestinos se prepararem para a comida. O apetite pode ignorar o fato de que a fome foi satisfeita, por isso desempenha papel importante na quantidade de energia ingerida pelo corpo.

Fatores ambientais

A comida é um dos elementos que unem as pessoas. Os principais feriados e comemorações, por exemplo, sempre envolvem comida. Reunir-se para uma refeição com amigos ou familiares pode ser uma forma agradável de relaxar e curtir a companhia uns dos outros. Relações de negócios também são fortalecidas partilhando-se comida.

Você pode não estar com fome no sentido de seu corpo precisar de combustível. Na verdade, talvez tenha acabado de fazer uma farta refeição. Mas, quando uma situação social ou um estímulo ambiental – a visão ou o cheiro ou a lembrança de ocasiões passadas – o incitam a comer, você se serve, muitas vezes sem pensar.

Alimentação emocional

Muitos de nós também comem por motivos emocionais. Podemos comer por estarmos infelizes ou deprimidos, por estarmos entediados ou por estarmos estressados. Afinal, a comida pode ser confortadora.

O prazer que obtemos dos alimentos tem base bioquímica. Quando comemos algo delicioso, isso ativa a liberação de endorfina: os antidepressivos naturais do corpo e as mesmas substâncias que causam uma sensação de bem-estar e são produzidas durante a prática de exercícios. Estudos revelam que níveis mais altos de endorfinas são liberados em pessoas obesas e acima do peso após elas comerem. Isto pode explicar por que algumas pessoas com sobrepeso parecem ser “viciadas” em comida.

Ignore os desencadeadores

Se você come quando não está realmente com fome, é quase certo que consumirá mais calorias do que precisa. Há modos mais saudáveis que empanturrar-se para lidar com o estresse, o tédio ou a solidão. Simplesmente distrair-se fazendo outra coisa que você aprecie – ouvir música, telefonar para um amigo, ler um livro, assistir a um filme ou fazer palavras cruzadas. Como saber se estímulos ambientais ou emocionais estão controlando quando e quanto você come?

A diferença entre fome e apetite

Tente esta experiência simples. Se você costuma fazer um lanche no meio da manhã ou da tarde, evite-o. Atrase a próxima refeição em pelo menos uma hora além do usual. Em seguida, preste atenção em como você se sente.

Depois de você ter passado quatro ou cinco horas sem comer nada, seu corpo começará a enviar sinais físicos de fome. Alguns desses sinais provêm de uma parte do cérebro chamada hipotálamo. Quando os níveis de glicose caem, o hipotálamo sente uma iminente crise de energia e começa a emitir ordens do tipo “me alimente” por meio do sistema nervoso central. Seu estômago se contrai, produzindo um ronco. Você pode perceber que está ficando um pouco mais irritado.

Fome física

A fome física é diferente do tipo emocional ou ambiental, e não é o mesmo que desejo por comer um alimento específico. Você pode ansiar por chocolate quando está se sentindo solitário, ou por um hambúrguer quando está viajando de carro. Desejos por comida são quase sempre reações a estímulos emocionais ou ambientais.

A fome física não é tão específica. Quando seu corpo precisa de energia na forma de alimento, você não se concentra num sabor específico. Você quer qualquer comida que o sacie. O desejo passa. A fome não.

Quando o bastante não bastará

Enquanto as pontadas de fome nos alertam para a necessidade de nos reabastecermos, o mecanismo oposto – o sinal para pararmos de comer quando energia suficiente foi consumida – não opera de uma forma tão eficaz. Comer em excesso não produz sinais imediatos. Numerosos estudos mostraram que, se tivermos acesso a um suprimento abundante de comida com sabor agradável e alto teor de gordura, tendemos a comer em excesso.

Isto com frequência é chamado de “consumo passivo excessivo”, o que significa que continuamos a comer a mesma quantidade de comida, porém a ingestão de energia é muito mais alta, porque a gordura é mais calórica que carboidratos ou proteínas. Alimentos gordurosos têm pouquíssimas fibras para fazê-lo sentir-se saciado e parar de comer e não produzem sinais sensoriais que correspondem ao verdadeiro conteúdo nutricional deles.