Homeschooling: entenda os desafios da educação domiciliar na quarentena

Com a chegada da quarentena a rotina de aprendizagem passou a ser dentro de casa. Saiba mais sobre a educação domiciliar e como se adaptar.

Thaís Garcez | 19 de Agosto de 2020 às 12:00

Halfpoint/iStock -

Se antes estudar em casa significava fazer o dever ou se preparar para uma prova, agora tudo mudou. Com a quarentena, a educação domiciliar trouxe a escola para dentro de casa e tem exigido muito mais dedicação.

Pais se tornaram professores e precisaram dividir a rotina da casa e do trabalho com as aulas online. A mudança não foi fácil. Alguns levaram muito tempo para se adaptar e outros precisaram de ajuda extra.

O desafio foi imenso, afinal ninguém está preparado para uma situação como essa. Mas com alguns recursos tecnológicos, uma dose extra de paciência e a ajuda das escolas o primeiro semestre foi superado. Entretanto, o ano escolar continua. Como melhorar essa realidade?

O que é homeschooling?

Desde 1990, algumas famílias no Brasil aderiram à prática do homeschooling; termo internacional que se refere à educação domiciliar praticada por famílias educadoras. Atualmente, já são mais de 5 mil adeptos dessa metodologia.

Contudo, a prática não é regulamentada. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, por não haver legislação específica regulamentando a prática, o ensino domiciliar não é permitido no país. E quem deseja aderir ao homeschooling precisa entrar na justiça para obter autorização (sem garantias!).

Fonte: Fabio Principe/iStock

O homeschooling é um termo que tem sido usado para especificar a prática do ensino em casa, mas ele vai muito além disso. Pois nessa prática as aulas também acontecem fora de casa, além de poderem ser ministradas somente pelos pais, por uma professora particular ou por um grupo de responsáveis.

A adequação da metodologia aos atuais modelos de educação impostos pela quarentena se assemelha apenas ao fato de crianças e adolescentes não terem mais (pelo menos por enquanto) a experiência da sala de aula.

Como se adaptar à educação domiciliar?

Organizar uma rotina de estudos foi apenas uma das preocupações que a quarentena trouxe para o dia a dia de muitas famílias. Além dos problemas sociais que a pandemia gerou, mudanças ocorreram também dentro de casa.

“Coordenar as aulas das crianças nesse período de pandemia não foi fácil, foi preciso nos reinventar, sair totalmente da zona de conforto. O maior desafio foi manter uma rotina, pois o fato de estar em casa, longe do ambiente escolar, trouxe a sensação de férias. Fazer com que eles entendessem que a convivência escolar continuava de uma forma atípica, levou um tempo.”

Quem passou a trabalhar no modo home office precisou se adaptar também aos horários das aulas online dos filhos, além de dar suporte às tarefas relacionadas às matérias. Sem dúvida um desafio que exigiu muita disciplina, organização e paciência.

O acompanhamento do rendimento escolar também é fundamental. Quem tem filhos em idades diferentes precisam dispensar um esforço maior. Entretanto, adolescentes, por exemplo, podem ser mais independentes na criação de horários de estudo, mas as crianças precisam de mais rigor.

No início, ver meus filhos tendo aulas pelo computador, com a internet oscilando, através de plataformas de ensino que não conhecia foi desesperador. Fiquei muito preocupada com tudo o que estava acontecendo, mas aos pouco me acostumei e entendi que esse era um desafio para o crescimento deles.
Cleia Rezende, pedagoga e mãe da Sophia (10 anos) e do Davi Lucas (11 anos)

Por isso é tão importante a administração do tempo, para que todos saiam ganhando nessa nova rotina. Apesar de cansativo, ao final todo o esforço em busca de um momento de aprendizado de qualidade valerá a pena.

Aulas online na quarentena

Graças à tecnologia ter acesso ao conteúdo disciplinar das escolas ficou mais fácil. Plataformas de educação à distância possibilitaram a diminuição da distância entre a escola e o aluno.

“A adaptação às aulas online ao vivo foi um grande desafio, desde a parte técnica até a parte prática. Dar suporte aos responsáveis das crianças, que muitas vezes não tinham familiaridade com as plataformas, para mim foi o mais difícil!
Também foi um grande desafio adaptar as atividades para que os alunos não precisassem de impressora ou de outros materiais e tornar as aulas lúdicas mesmo à distância.

Porém, nem todo mundo tem acesso à uma internet de qualidade ou intimidade com plataformas de ensino. Portanto, professores precisaram entrar em cena para que a adaptação fosse facilitada e as aulas não fossem prejudicadas.

O trabalho conjunto de pais e professores tem sido fundamental para que esse novo processo de aprendizado aconteça sem danos. Mas outros problemas também surgiram, como as distrações que o computador e o ambiente podem gerar.

Por serem crianças muito pequenas, também percebi que tiveram dificuldade em um primeiro momento para entender quando ligar e desligar o microfone, usar o chat e esperar o compartilhamento de tela ser ativado. Porém, em sua maioria, eles demonstraram muito interesse pelas aulas, mesmo um pouco cansados das aulas online da escola regular, e me surpreenderam pela capacidade de rápida adaptação.”
Carolina Pinho, professora de Inglês para crianças na primeira infância

Ter aulas via internet pode minar a atenção dos estudantes, que geralmente dividem a tela do computador em diversas abas com outros conteúdos abertos. É preciso que pais e responsáveis estejam atentos à esse comportamento para que o aprendizado não seja prejudicado.

Os desafios são enormes e variados. Mas é válido observar que ao final da quarentena eles podem trazer mudanças positivas em diversos pontos, como o estreitamento do relacionamento entre pais e escola e a formação de novos hábitos de estudo.

Por Thaís Garcez