Simon Meredith: da perda de visão à superação

Conheça a história de Simon Meredith e como ele não deixou que a perda de visão o impedisse de se tornar um advogado bem sucedido.

Redação | 18 de Março de 2019 às 17:00

diego_cervo/iStock -

Se tivesse de escolher, qual dos cinco sentidos você mais temeria perder? Em pesquisas, 90% das pessoas dizem ser “a visão”. Com Simon Meredith não era diferente. No entanto, aos 12 anos de idade ele se deparou com um duro diagnóstico que o fez aprender importante lições durante a vida que, agora, compartilha com o mundo!

A história de Simon Meredith

“Eu tinha visão perfeita até os 12 anos”, lembra ele. “Então, em um feriado de maio, senti uma dor repentina em um dos olhos. Minha visão naquele olho desapareceu em três dias.”

Exames foram feitos, e os médicos diagnosticaram uma anomalia visual incomum – neurite óptica (inflamação do nervo óptico) –, mas, como o outro olho funcionava bem, ele retornou à escola e à vida normal. Seis meses depois, enquanto jogava rúgbi, percebeu que uma placa de sinalização além do campo estava borrada. A visão no outro olho se deteriorou nos seis meses seguintes. Aos 13 anos, ter sido decidido que ele precisaria de uma educação especial. Ele foi para um internato para crianças cegas.

Naquele estágio, ele ainda conseguia enxergar o suficiente para locomover-se, chutar uma bola e ler com lente de aumento – mas não o bastante para reconhecer rostos. Então, aos 14 anos, ele perdeu a maior parte da visão no segundo olho e teve de aprender braille. Simon agora diz: “não consigo ver nada”. Mas não é totalmente escuro. “Vejo muitos pontos brilhantes vermelhos, verdes e roxos, e eles mudam um pouco. Às vezes detecto um pouco de luz e movimento perifericamente – às vezes, consigo dizer onde é a janela, mas é basicamente isso.”

Uma acentuada curva de aprendizado

Na escola, Simon recebeu treinamento de mobilidade para aprender a detectar obstáculos à frente e usar dicas não visuais como sons e texturas do solo para locomover-se; como resultado, ele pode viajar de forma independente. “Existem formas de se orientar ao caminhar”, diz ele. “Você passa a conhecer uma área familiar – você pode dizer pelo cheiro quando passa por uma peixaria ou uma loja de vinhos ou mesmo um jornaleiro. ” Ele nunca teve um cão-guia e usa uma bengala para locomover-se e usar transporte público como o metrô. “Você pode escutar o que está acontecendo”, afirma. “A equipe é bem treinada; eles sabem como orientar o deficiente visual. Existe muita ajuda disponível se você sabe como acessá-la.”

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Mesmo assim, Simon tem de planejar com antecedência, descobrir onde é a estação mais próxima e como chegar lá de onde ele parte a pé. “Às vezes, ir a um lugar novo é complicado demais”, admite. “Alguns dias, colocar o pé do lado de fora da porta e andar ao longo da rua exige muito esforço. Mas, se eu não abraçasse esses desafios, ficaria em casa a vida toda.”

O que a tecnologia pode oferecer

Simon agora acessa o software Wayfinder Access, que permite que pessoas cegas e com deficiências visuais usem a tecnologia de GPS retransmitida para um telefone celular, com fone de ouvido e um menu de voz. Você insere o código do seu destino e ele vai levá-lo até lá (estabelece também sua localização exata).

Trabalhando em uma área complexa do direito tributário, Simon usa muita tecnologia moderna. Ele possui o leitor de tela JAWS e software de fala em seu laptop, que permitem operações em áudio, e um tomador de notas Lite em Braille para diário, livro de endereço e documentos em braille, juntamente com o software de fala Talx, que permite o uso de todas as funções básicas de um telefone celular padrão. “Eu sou viciado em telefone”, diz ele. “Tenho tanta paranoia de perder um que tenho três, só para garantir.”

“Eu levo uma vida normal em muitos aspectos”, diz Simon, “mas gasto muito com auxílios tecnológicos e emprego uma pessoa para me ajudar com a papelada e a administração. Nem todos conseguem fazer isso.

“Perder a visão é bastante assustador, mas a única forma de combater o medo do desconhecido é descobrir o que está disponível – obter o máximo de informação que puder.”

Essa é a razão pela qual há dez anos, com dois amigos que também são advogados formados e cegos, Simon formou a Blind in Business (Cego nos Negócios), uma instituição de caridade registrada que tem por objetivo ajudar pessoas cegas e parcialmente cegas a identificar e alcançar suas ambições. Ela orienta os jovens em sua formação e em boas carreiras com emprego e serviços de treinamento, oferece ajuda a pessoas maduras que buscam emprego e a empregadores que pensam em contratar trabalhadores com deficiências visuais. “A equipe está familiarizada com todos os equipamentos e oportunidades disponíveis, ajudando deficientes parciais e totais a levar uma vida rica e gratificante”, diz Simon.